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quarta-feira, 6 de março de 2013

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Cortes dolorosos e necessários
qua, 06/03/13
por Emerson Gonçalves |
categoria Flamengo, Outros esportes

Recentemente escrevi um post sobre a situação vivida pelo Palmeiras cujo título cabe com perfeição à situação do Flamengo: “Tempos difíceis, medidas duras”. Infelizmente, não há como sair de uma situação complicada como a que atravessam esses dois clubes sem recorrer a medidas desagradáveis, a cortes que machucam, doem na alma de todo torcedor, como fez a direção rubronegra ao encerrar as atividades das equipes principais da natação, ginástica olímpica e judô.

A matéria do portal GloboEsporte.com sobre os cortes (aqui) com declarações de Alexandre Póvoa, vice-presidente do Flamengo para esportes olímpicos, retrata com perfeição a situação do setor e dos atletas, sem salário há três meses. E não para por aqui: a quitação dos salários menores demorará ainda de dois a três meses e a dos salários mais elevados poderá demorar um ano e meio.

A área atingida deixou um déficit de 14,5 milhões de reais nas contas de 2012, que com todos os cortes realizados ainda deverá ficar por volta de 5 milhões no ano corrente. Para o torcedor ter uma ideia mais clara, em 2011 o clube conseguiu uma receita total de 184,2 milhões de reais, dos quais 158,0 milhões foram gerados pelo futebol. Em termos administrativos ou de negócios não haveria o que pensar, sem a menor dúvida.

Um clube como o Flamengo é mais que futebol, tem toda uma história ligada a esportes olímpicos, presentes até em seu nome, mas nem por isso pode deixar de encarar a realidade e precisa pensar, primeiro, em sua sobrevivência e nas próprias condições em que mantém seus esportes olímpicos. Como disse Póvoa à jornalista Lydia Gismondi, em verdadeiro desabafo: “O que é ser sério? É manter a estrutura anterior e ficar três meses sem pagar esses atletas? Isso é apoiar o esporte olímpico? Manter uma equipe de natação com uma piscina vazando e gerando uma conta de R$ 500 mil é ser sério? Deixar os atletas do judô treinando em um espaço quente e com goteira é apoiar o esporte? Apoiar é ser sério, se reestruturar, pagar em dia, voltar a pagar os impostos para ter direito a leis de incentivo e questionar a estrutura dos esportes olímpicos do Brasil.”.

Antes dos cortes a nova direção do clube correu atrás das mais diferentes autoridades e órgãos públicos, com ligações diretas com os esportes olímpicos ou não. Deu em nada, como era de se esperar. Nem mesmo o convênio assinado com pompa & circunstância com a Prefeitura de Niterói foi cumprido e o clube não viu um único centavo dos 80.000 reais que deveria receber para manter sua equipe de ginástica olímpica. Fica difícil e completamente sem sentido acusar a gestão de Bandeira de Mello de estar retaliando a administração de Patricia Amorim, como fez Diego Hypolito. O mais correto é justamente o contrário: criticar a ex-presidente por gastar além do possível sem o menor lastro para as despesas.

É ilusório contar com dinheiro público, além de questionável, a menos que haja uma mudança na política de distribuição de verbas oficiais, envolvendo o COB.

Resta, então, o marketing, mais do que nunca em moda no Brasil para tudo nas teorias e promessas, mas muito pouco efetivo na prática. Funcionou para o basquete rubronegro, no que é mais uma exceção do que regra. Se já é difícil convencer as empresas a investirem até mesmo no futebol, muito mais complicado é investir em esportes com menor visibilidade e sem o mesmo entusiasmo por parte dos torcedores. O termo mágico “2016” não é tão mágico a ponto de gerar recursos que não revertam em benefícios claros e imediatos, um defeito na relação das empresas com o esporte no Brasil, mas que tem base no próprio histórico dos esportes, nas federações e nos clubes.

Fechando o quadro e em linha com o que falei sobre a necessidade do clube pensar em sua sobrevivência, a página rubronegra no portal GE tem a chamada para uma matéria cujo título dá a dimensão correta do que atravessa o Clube de Regatas do Flamengo hoje: “Consórcio Plaza diz que penhoras sobre o Flamengo continuarão”.

Com mais essas medidas tristes, difíceis, dolorosas, mas necessárias, a gestão de Bandeira de Mello deixa claro que pretende reestruturar o clube de fato.

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