BLOG DO VICENTE CIDADE

Este blog tem como objetivo falar sobre assuntos do cotidiano, como política, economia, comportamento, curiosidades, coisas do nosso dia-a-dia, sem grandes preocupações com a informação em si, mas na verdade apenas de expressar uma opinião sobre fatos que possam despertar meu interesse.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Olimpíada russa custa mais que o dobro da Copa 2014 e Rio 2016 juntas

Da BBC
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As melhores fotos dos Jogos de Inverno nesta quinta-feira37 fotos

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06.02.14 - Sol ilumina os anéis olímpicos na manhã desta quinta-feira em Sochi AP Photo/Charlie Riedel

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Uma Olimpíada com uma tocha enviada ao Polo Norte e ao espaço, uma estrada pavimentada com "ouro e caviar" – nas palavras de um crítico – com contratos exorbitantes executados por amigos do presidente e um estádio para 40 mil pessoas que será usado apenas duas vezes.
Essas são algumas das peculiaridades dos Jogos de Inverno de Sochi, que começam nesta sexta-feira na Rússia, e estão sendo chamados de a "Olimpíada mais cara da história". O orçamento não-oficial dos Jogos, de US$ 50 bilhões, seria suficiente para custear todas as obras somadas da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos do Rio 2016.
O governo russo afirma que o orçamento oficial é de US$ 7 bilhões – levando em conta apenas obras diretamente ligadas aos Jogos. Mas o governo reconhece que foram gastos os US$ 50 bilhões – quando somados todos os investimentos em infraestrutura na rica região de Sochi, no sul da Rússia.
Em seu planejamento oficial, entre recursos públicos e privados, o Brasil está gastando uma fração desse valor para todas as obras – tanto as de infraestrutura como os estádios.
Segundo o mais recente balanço, divulgado em novembro pelo Ministério do Esporte, a Copa do Mundo de 2014 tem um orçamento de R$ 25,6 bilhões (ou cerca de US$ 10,6 bilhões, com o câmbio atual). Para a Olimpíada de 2016, foi previsto um orçamento de US$ 14,4 bilhões, segundo o documento de candidatura, com valores de 2009.
Especialistas acreditam que os custos dos eventos no Brasil ainda podem subir bastante - mas dificilmente chegariam perto do gasto na Rússia. A cidade de Londres gastou US$ 13,9 bilhões na Olimpíada de 2012.
Estrada de 'ouro e caviar'
Desde 2010, Sochi vem recebendo investimentos para transformar o balneário de veraneio russo – onde a média histórica das mínimas nunca fica abaixo de quatro graus – na meca dos esportes de inverno.
Em um raio de poucos metros, próximo à orla do Mar Negro, foram construídas duas arenas de hóquei, uma de curling e dois estádios com rinques de patinação. As competições de esqui acontecerão nas montanhas que cercam o balneário.
Um dos maiores estádios dos jogos – o Fisht – tem capacidade para 40 mil pessoas e sequer vai abrigar eventos esportivos. Ele será usado em apenas duas ocasiões: para as cerimônias de abertura e encerramento.
Mas os estádios nem são os itens mais caros do orçamento. As obras para construção de uma estrada e uma ferrovia de 28 quilômetros entre o aeroporto local e a região de Krasnaya Polyana, onde também haverá competições, custaram US$ 8,7 bilhões.
Esse valor é mais que o orçamento total da Olimpíada de Inverno anterior, em Vancouver, segundo a Fundação Anti-Corrupção, uma ONG de Moscou que faz ativismo contra os gastos dos Jogos. Segundo o site sochi.fbk.info, mantido pela entidade, o governo russo entrou com 54% do total de recursos.
O diretor executivo da Fundação, Vladimir Ashurkov, disse à BBC Brasil que os custos dos estádios em Sochi são de 1,5 a 2,5 vezes maiores do que o normal - ao comparar as obras das Olimpíadas de Inverno com outros estádios.
"Nós acreditamos que os grandes motivos por trás do aumento dos gastos são a corrupção", diz Ashurkov.
O político de oposição Boris Nemtsov, que virou uma espécie de porta-voz contra os gastos nos Jogos, disse a uma televisão russa que a estrada poderia ter sido pavimentada com "cinco milhões de toneladas de ouro ou caviar, que o preço da obra teria sido o mesmo".
Os ativistas e a oposição também acusam o governo russo de favorecer os aliados do presidente Vladimir Putin. As empresas de um amigo de adolescência de Putin, Arkady Rotenberg, receberam US$ 7,4 bilhões em contratos – mais da metade de todo o orçamento dos Jogos do Rio.
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Roupas diferentes na patinação artística no gelo6 fotos

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De suspensório e calça amarela, o italiano Ondrej Hotarek competiu nas duplas junto a Stefania Berton Xinhua/Gong Bing
'Enviado de Deus'
Rotenberg nega ter se beneficiado de sua relação com Putin – a quem chamou de "um enviado de Deus ao nosso país", em recente entrevista a um jornal britânico.
Uma auditoria feita pelo próprio governo em 2012 apurou que mais de meio bilhão de dólares em gastos seriam "fora do razoável". Putin foi à televisão para dizer que o aumento nos gastos aconteceu apenas por conta de erros de estimativa dos investidores, e não por má-fé.
"Se alguém tem essa informação (de que houve corrupção), por favor nos mostre. Mas até agora, nós não vimos nada além de especulações", disse o presidente.
Os organizadores dos Jogos também se defendem das acusações de gastos excessivos e favorecimento. O diretor do Comitê Organizador, Dmitry Chernyshenko, disse à BBC que o orçamento de US$ 50 bilhões inclui obras que seriam feitas mesmo no caso de Sochi não ter sido escolhida a sede dos Jogos.
Sobre os contratos com Rotenberg, Chernyshenko afirma que "não está na melhor posição para avaliar a eficiência da licitação, mas elas foram feitas de forma aberta e transparente".
Ele diz que, a exemplo do que ocorreu com os Jogos de Pequim de 2008 – que, com orçamento de US$ 43 bilhões, foram os mais caros daquela época – a Rússia quer usar a Olimpíada para apresentar uma nova imagem do país ao mundo.
O governo russo justifica os altos gastos dizendo que quer projetar internacionalmente uma imagem positiva do país - de vigor econômico e prosperidade.
"Nós queremos contar ao mundo a história da nova e moderna Rússia", disse ele.
Turismo
O governo russo diz também querer manter um legado vivo de turismo e esportes na cidade. Em outubro, Sochi abrigará o primeiro GP da Rússia de Fórmula 1 da história.
O estádio Fisht está nos planos das autoridades para a Copa do Mundo de 2018, que também será disputada na Rússia. Para este torneio, o orçamento inicial previsto na candidatura já duplicou, e está atualmente em US$ 19 bilhões - quase o dobro do gasto previsto para o Brasil em 2014.
O diretor-executivo da Fundação Anti-Corrupção acredita que o mesmo caso - de gastos excessivos e corrupção - se repetirá na Copa.
"Com metade do dinheiro gasto em Sochi, US$ 25 bilhões, já seria possível fazer um evento fabuloso, que é o que os russos querem ver. A outra metade poderia ter sido gasta em projetos de desenvolvimento social", disse ele à BBC Brasil.
"Treze milhões de pessoas não têm água quente em casa. Dez milhões não têm acesso a saneamento."

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Apesar do mau humor dos mercados com a economia, o Brasil continua no centro da estratégia das multinacionais

Na mira do investidor estrangeiro

Apesar do mau humor dos mercados com a economia, o Brasil continua no centro da estratégia das multinacionais

Por Ana Paula RIBEIRO e Luciele VELLUTO
Embora sem a relevância e o charme de outrora, quando reunia num mesmo ambiente Bill Clinton e Paulo Coelho, Sharon Stone e George Soros, Bill Gates e Lula, o Fórum Econômico Mundial conseguiu atrair 2.500 pessoas de vários países para a gelada estação de esqui de Davos, na Suíça, na semana passada, para discutir as mazelas do capitalismo global. A presença de 39 chefes de Estado serviu de isca para atrair banqueiros, investidores, economistas e empresários de vários países, dos quais três chamaram especial atenção: Dilma Rousseff e os primeiros-ministros David Cameron, do Reino Unido, e Shinzo Abe, do Japão. 
 
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Eles querem segurança: agente protege os participantes do Fórum Econômico Mundial, na Suíça
 
Rodeada por muita neve e uma grande expectativa sobre sua mensagem sobre os rumos do Brasil, Dilma desembarcou em Davos na sexta-feira 24 com a missão de melhorar o humor dos donos e gestores do capital, que andam desconfiados de sua política econômica e podem atrapalhar seus planos de reeleição, em outubro. “O Brasil precisa e quer a parceria com o investimento privado nacional e externo”, disse ela. “O Brasil convida todos a essa parceria.” Fez muito bem. É preciso defender a boa posição do País na arena global, conquistada a duras penas nos últimos 20 anos. A defesa de Dilma durou 37 minutos e foi repleta de números econômicos e sociais. 
 
Ela garantiu que a estabilidade da moeda e a responsabilidade fiscal estão entre as suas prioridades, assim como a melhora da infraestrutura e a redução da burocracia. Ela lembrou a evolução da classe média brasileira, os pesados investimentos em mobilidade urbana, feitos em parcerias com o setor privado, além dos programas em educação e habitação. “Um novo ciclo de crescimento mundial está em gestação. À medida que a crise vai se dissipando, um novo olhar mais atento sobre os emergentes ganha fôlego. Com a estratégia de longo prazo, com investimento em infraestrutura e educação, esperamos sair melhor”, afirmou. 
 
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Dilma Rousseff, falando a investidores em Davos: "O Brasil precisa
e quer a parceria com o investimento privado nacional e externo"
 
“O Brasil é hoje uma das mais amplas fronteiras de oportunidades de negócios.” É verdade e a plateia de Davos sabe disso. Dois dias antes da chegada de Dilma aos Alpes, uma pesquisa da consultoria PwC mostrou que o Brasil continua no topo das prioridades das multinacionais. Os presidentes de 1.300 empresas, diante de uma pergunta sobre quais são os três países estrangeiros mais importantes para o crescimento de suas companhias nos próximos 12 meses, mencionaram o Brasil em 12% das respostas. A China ficou com 33%, os EUA com 30% e a Alemanha, com 17%. Embora o índice do Brasil tenha caído três pontos percentuais sobre a pesquisa do ano anterior, o País ficou à frente do Reino Unido (10%), do Japão (7%), da Rússia (7%), da Índia (7%) e do México (5%). 
 
Se aqui o crescimento econômico tem frustrado as expectativas, a inflação resiste em caminhar para o centro da meta de 4,5% ao ano e a saúde das contas públicas tem sido questionada, o que explica a preferência do Brasil pelos CEOs globais? Motivos não faltam. Uma justificativa pode ser uma questão de referência. Crescer 2% ao ano é pouco para um país emergente, mas é um bom desempenho, se comparado com economias maduras, que se esforçam para sair da letargia desde a crise global de 2008. Além disso, há uma gama de fatores conjunturais muito atraentes. O principal é o amplo mercado consumidor. 
 
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Vasco Campos, diretor da Sovena: "A parte positiva na economia é que há
um consumidor mais informado e exigente no Brasil"
 
Com mais de 200 milhões de habitantes, o Brasil oferece uma escala de negócios nem sempre presente em países com indicadores econômicos mais saudáveis. Um segundo fator são os recursos naturais abundantes, que garantem não só a geração de empregos diretos na exploração de jazidas ou terras para agricultura, mas também em toda a cadeia em volta desses negócios. Não por acaso o País é um dos maiores fabricantes de máquinas agrícolas do mundo. “Ao se observar esses dois pontos, o Brasil tem um poder de atração muito grande aos olhos dos estrangeiros”, diz Cláudio Frischtak, presidente da consultoria Inter.B. 
 
Como a população brasileira se beneficiou nos últimos anos do aumento da renda e do crescimento do crédito, a expectativa é de que, apesar do ritmo menor, a expansão continuará. “Ninguém quer ficar de fora do País”, afirmou, em Davos, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco. Em encontro reservado com investidores, o vice-presidente do Itaú Unibanco, Ricardo Villela Marino, disse que a classe média representará 75% da população do País até 2016. Hoje, essa parcela é de cerca de 60%. Por mais que a projeção pareça excessivamente otimista, o fato é que a nova classe média continua se fortalecendo e atraindo investimentos. 
 
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José Varela, presidente da 3M no Brasil: "A redução da corrupção aumenta a
competitividade e traz mais transparência"
 
“A menos que ocorra uma deterioração muito dramática na área macroeconômica, o Brasil ainda vai atrair muito investimento estrangeiro direto”, afirma Frischtak. No ano passado, o volume de IED chegou a US$ 64 bilhões. Em 2012, foram US$ 65 bilhões no mesmo período. Além dos fatores econômicos, a democracia consolidada também ajuda. “Os estrangeiros querem um lugar razoavelmente estável do ponto de vista político e com oportunidade de crescimento”, diz Paulo Vicente Alves, professor de estratégia da Fundação Dom Cabral. “A África tem grandes oportunidades de crescimento, mas a questão política é muito complicada.” 
 
Obviamente, muito precisa ser feito para o Brasil melhorar a atratividade do capital externo. O País não é visto como uma base exportadora por uma série de problemas, como alta carga tributária, excessiva burocracia e infraestrutura de transportes ineficiente. “Isso vai melhorar à medida que o governo reduza as proteções, como os impostos de importação”, diz Alves. Na busca por oportunidades, o investidor estrangeiro se depara com uma situação curiosa. De um lado, economistas e analistas pessimistas com os rumos da economia do Brasil. 
 
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Luca Lisandroni, CEO da Luxottica: "A economia é estável, atraente
e, para o nosso setor, está em franco crescimento"
 
Do outro, uma presidenta que está recuperando sua popularidade (56% na última pesquisa CNI/Ibope), em boa parte por conta dos ganhos enxergados pela população, como o aumento da renda (veja infográfico acima). Para muitos executivos de companhias globais, o copo do País está meio cheio, e não meio vazio. A julgar pelas entrevistas de alguns importantes CEOs locais à DINHEIRO, a maior parte superou os obstáculos e está satisfeita com os resultados alcançados. No segmento de bens de consumo, por exemplo, o otimismo é grande. Para Luca Lisandroni, CEO da fabricante italiana de óculos Luxottica, o investimento que a companhia tem feito no Brasil – € 150 milhões desde 2011 – reflete essa expectativa. 
 
“Fizemos a modernização do nosso parque fabril no País”, diz. “Isso só foi possível porque a economia é estável, atraente e, para o nosso setor, está em franco crescimento”. No curto prazo, eventos como a Copa do Mundo o animam ainda mais. E o que falta para acelerar o crescimento? Burocracia, infraestrutura deficiente e protecionismo são fatores que interferem no desenvolvimento. “Fazer negócios no Brasil é mais complicado do que em qualquer outro país.” A burocracia excessiva também é apontada por José Varela, presidente da americana 3M, como um problema a ser resolvido. Mas ele comemora os esforços para a redução da corrupção. 
 
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Bernoit D'Iribarne, presidente da Saint-Gobain: "A construção deve
ser beneficiada com as obras geradas pelas eleições"
 
“Ajuda a aumentar a competitividade e traz mais transparência para as operações”, diz. Para o executivo, as concessões ao setor privado têm ajudado a trazer melhorias para os serviços, alavancando o desenvolvimento. Falta ainda reduzir a inflação (que insiste em ficar em torno de 6% ao ano) e os impostos e aumentar os acordos de livre comércio, sugere. Em 2013, apesar do fraco desempenho do PIB (estimado em torno de 2%), a companhia teve um ano positivo, com crescimento de dois dígitos sobre o faturamento de R$ 2,8 bilhões do ano anterior. Em 2014, ele espera uma alta de 2,5% a 3% do PIB, o que deve melhorar o ambiente dos negócios para a empresa. 
 
O aperto monetário do Banco Central, que elevou a taxa básica de juros para 10,5% em janeiro, é um ponto negativo no cenário da 3M. “Estamos preocupados com a inflação e a flutuação do câmbio”, afirma. “Isto tem provocado o aumento da Selic e, consequentemente, elevado o “custo Brasil”, diz Varella. Também é a elevação dos preços, que reduz o poder de compra das famílias, uma das principais preocupações de Vasco Campos, diretor da portuguesa Sovena, segunda maior fabricante de azeites do mundo e dona da marca Andorinha. Para o executivo, o modelo de crescimento dos últimos anos, pautado pelo consumo, está limitado. “A parte positiva é que o Brasil tem hoje um consumidor mais informado e exigente”, afirma. 
 
Se há problemas, há também oportunidades. Para continuar a atrair investimentos, o País precisa reforçar o investimento em infraestrutura, aconselha. É o que tem feito o governo, como lembrou Dilma em Davos. É por acreditar que essas melhorias serão feitas que o presidente da francesa Saint-Gobain, Bernoit d’Iribarne, está otimista. “Nossos negócios são ligados ao mercado de construção, que deve ser beneficiado com as obras geradas por causa das eleições”, diz. Ele aprova o programa de concessões e o esforço em melhorar a infraestrutura do País. Uma coisa é certa: mesmo num ambiente desafiador, o Brasil não vai sair tão cedo da mira dos investidores.
 
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Colaborou: Carolina Oms

O papa Francisco pregou no deserto em Davos?

Nº EDIÇÃO: 849 | 24.JAN.14 

O cardeal Turkson, emissário do papa em Davos: oito minutos de desconforto para os mais ortodoxos presentes ao Fórum deste ano (Por Márcio Juliboni)

por Márcio Juliboni

Nos últimos anos, o discurso de abertura do Fórum Econômico Mundial, realizado na cidade suíça de Davos, transformou-se em um palco para alguns dos homens e mulheres mais poderosos do planeta trocarem acusações sobre quem é, afinal, responsável pela crise que corrói a economia global desde 2008. Em 2011, por exemplo, o presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, aproveitou o convite para negar que seu país fosse corrupto e fechado a investimentos estrangeiros. Além disso, responsabilizou os países desenvolvidos – os Estados Unidos à frente – pelos problemas globais e exigiu mais espaço para os emergentes.

Um ano depois, a chanceler alemã, Angela Merkel, ocupou o mesmo espaço para puxar a orelha dos demais países europeus, que, segundo ela, não estariam se esforçando o bastante para merecer o socorro da Alemanha. Por isso, ao convidar o papa Francisco para abrir os trabalhos deste ano, o organizador do Fórum, Klauss Schwab, promoveu uma tentativa e tanto de mudar o tom da tradicional reunião e focá-la em temas mais humanos e menos técnicos. Como se sabe, o papa não compareceu ao encontro, preferindo enviar um representante: o cardeal ganês Peter Turkson, presidente do Pontifício Conselho de Justiça e Paz do Vaticano.

Ao apresentá-lo aos 2.500 presentes na abertura do Fórum, Schwab recorreu a expressões que poderiam ser ditas por jovens idealistas. O veterano dos debates globais pediu que as pessoas levassem para as mesas-redondas não apenas seus cérebros, mas também suas “almas, corações e compaixão”. A mensagem do papa Francisco manteve-se na mesma linha. Os oito minutos que Turkson levou para lê-la causaram calafrios nos economistas, financistas e empreendedores mais ortodoxos. O pontífice de formação franciscana criticou duramente a exclusão social e cobrou empenho dos líderes mundiais na promoção de maior igualdade.

“É intolerável que milhares de pessoas continuem morrendo todos os dias de fome”, afirmou, sem rodeios, em um dos momentos mais contundentes. O que chama a atenção, contudo, não são as fortes palavras do papa Francisco, mas o silencioso desconforto com que foram recebidas pela plateia. Um correspondente do jornal britânico The Guardian, presente à abertura, chegou a afirmar que muitos respiraram aliviados quando Turkson concluiu sua participação e a cerimônia seguiu com a entrega de um prêmio ao ator americano Matt Dammon por seus esforços para levar água a populações carentes, por meio de sua ONG.

Tampouco, líderes importantes da política e dos negócios gastaram sequer dois minutos de seu coffee break para comentar o discurso do papa Francisco, que repercutiu apenas pela imprensa. Apesar da neve, o líder da Igreja Católica pregou no deserto? Semeou em terreno pedregoso? De concreto, o que se viu foi uma espécie de esquizofrenia em Davos. Por um lado, os organizadores esforçaram-se por incluir a justiça social na pauta. Os textos divulgados como preparativos do evento destacaram a necessidade de mudanças profundas na ordem econômica mundial.

Citaram a desigualdade como um risco para a estabilidade global e sugeriram a adoção de políticas públicas inclusivas. Clamavam por um novo modelo de desenvolvimento. De outro, a maior parte dos presentes voltou seus olhos para os problemas – e as respostas – de sempre. Uma pesquisa da consultoria PwC com 1.344 líderes empresariais, realizada para o encontro, mostrou que sua maior preocupação hoje é a capacidade de os países controlarem as contas públicas e criarem um ambiente de negócios seguro. Trata-se de algo distante do apelo mais enfático do papa: o de que a riqueza deve servir à Humanidade, e não controlá-la.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

CAI AMANHÃ O ÚLTIMO PILAR DA "GUERRA PSICOLÓGICA"




A notícia será dada ao País pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega: sim, o Brasil cumpriu sua meta fiscal em 2013; o número de dezembro, que ainda está sendo fechado, permitirá que o superávit acumulado supere a meta de R$ 73 bilhões; notícia é importante num ano em que setores da sociedade tentaram instilar pessimismo infundado sobre apagão, inflação do tomate, disparada do câmbio e, finalmente, descontrole das contas públicas

2 DE JANEIRO DE 2014 ÀS 10:46

247 - Está marcada para esta sexta-feira, na sede do Ministério da Fazenda, em Brasília, a derrubada da última trincheira da "guerra psicológica" movida por setores da oposição contra a política econômica. Às 12h30, o ministro Guido Mantega anunciará ao País que o governo federal cumpriu sua meta de superávit primário traçada para 2013, que era de R$ 73 bilhões – valor suficiente para impedir o crescimento da relação entre a dívida interna e o Produto Interno Bruto.

O anúncio é importante porque o "descontrole fiscal" era o último pilar do terrorismo liderado por setores da imprensa contra o País.

Em janeiro, Globo e Folha de S. Paulo prometeram apagão. Não aconteceu.

Em abril, Veja e Época, com o auxílio luxuoso de Ana Maria Braga e seu colar de tomates, previram a disparada da inflação. Ela fechará o ano abaixo de 6%.

Depois, as críticas se concentraram contra a falta de independência do Banco Central. No entanto, Alexandre Tombini elevou os juros e conteve as expectativas negativas.

Em agosto, foi a vez de prever a disparada do dólar, que fecharia o ano acima de R$ 3. Outra aposta furada.

Sobrou, então, o ataque à "contabilidade criativa" e ao "descontrole das contas públicas". Entretanto, com o superávit de R$ 28,8 bilhões divulgado em novembro, o saldo acumulado no ano bateu em R$ 62,4 bilhões.

O número total do ano ainda está sendo fechado pelos técnicos da Fazenda, mas ficará bem acima dos R$ 73 bilhões prometidos ao mercado. O que dará certa folga fiscal ao governo no início de 2014. Assim, o ministro Mantega deverá se comprometer, também, nesta sexta, com uma meta agressiva para este ano.

Todas as previsões dos que apostaram na "guerra psicológica" fracassaram. Mas isso não significa que não haverá outras em 2014.