BLOG DO VICENTE CIDADE

Este blog tem como objetivo falar sobre assuntos do cotidiano, como política, economia, comportamento, curiosidades, coisas do nosso dia-a-dia, sem grandes preocupações com a informação em si, mas na verdade apenas de expressar uma opinião sobre fatos que possam despertar meu interesse.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Avaliações políticas sobre o PT que eu achei muito boa: 1

 

Pochmann: “sociedade que deu origem ao PT não existe mais. Estamos com uma retórica envelhecida”

Marcio Pochmann participou do seminário “Os Desafios de uma Gestão de Esquerda em meio à crise Democrática”, em Porto Alegre. (Foto: Luiza Castro/Sul21)

Marco Weissheimer

Estamos vivendo uma mudança de época profunda na história brasileira que pode ser comparada aquelas que ocorreram na década de 1880, quando ocorreu a abolição da escravatura, e na década de 1930, quando o país começou o seu processo de industrialização. As mudanças se dão em diversos níveis que vão desde o perfil demográfico do país, passando pela estrutura de classes, pelo funcionamento do trabalho e da economia e chegando à dinâmica das cidades. É preciso ter esse horizonte mais amplo como referência para se pensar os desafios políticos colocados por essa realidade que já implodiu o pacto político instaurado pela Nova República. O diagnóstico é do economista Marcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo, do Partido dos Trabalhadores (PT), que esteve em Porto Alegre nesta segunda-feira (12) para falar sobre “os desafios de uma gestão de esquerda em meio à crise democrática”, tema proposto pelo PT de Porto Alegre para pensar a atuação do partido nas eleições municipais do ano que vem.

Segundo o presidente do PT de Porto Alegre, Rodrigo Campos Dilelio, o seminário realizado no auditório do Sindicato dos Bancários deu início a um processo de debate programático do partido sobre a cidade, tendo em vista as eleições de 2020. “O PT está fortemente engajado na construção de uma frente de esquerda em Porto Alegre”, anunciou o dirigente municipal do partido. Debate programático, frente de esquerda, política de alianças…tudo isso passa, enfatizou Marcio Pochmann em sua fala, pela compreensão da nova configuração da sociedade brasileira. “Habermas disse que toda vez que perdemos a referência do horizonte, a gente se debruça sobre amenidades. Temos hoje uma narrativa inapropriada que nos leva à acomodação e a saídas individuais”, disse o economista.

Debate com Pochmann lotou  auditório do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre. (Foto: Luiza Castro/Sul21)

Essa narrativa, defendeu Pochmann, diz que estamos vivendo um período de transformações em relação às quais não temos muito o que fazer além de nos adaptar a elas. Ele apontou como exemplos dessa narrativa os discursos da globalização financeira e da revolução tecnológica, dois fenômenos globais sobre os quais não teríamos muita capacidade de influência. A inovação tecnológica, nesta narrativa, seria uma das principais responsáveis pelo desemprego e exigiria que os trabalhadores se preparassem melhor para enfrentar a nova realidade do mercado de trabalho.

Esses discursos estão repletos de equívocos, sustentou Pochmann, que citou o fato de países que lideram o processo de inovação tecnológica, como Alemanha, Estados Unidos e China, não enfrentarem problema de desemprego. Ele também citou o exemplo do setor bancário brasileiro que investiu fortemente em automação nos últimos anos. “Temos hoje cerca de 400 mil bancários no pais, mas também aproximadamente 1,2 milhão de correspondentes bancários no setor financeiro e mais de 110 mil trabalhadores autônomos que prestam serviços de consultoria neste setor. Esse discurso que relaciona inovação tecnológica e desemprego é terrorismo” .

Estamos vivendo a transição de uma sociedade industrial para uma sociedade de serviços, acrescentou o presidente da Fundação Perseu Abramo. No entanto, ressaltou, diferentemente do que ocorreu nas décadas de 1880 e 1930, essas mudanças vêm sendo protagonizadas e capitalizadas pela extrema-direita. “Estamos vivendo um período pré-insurrecional onde a população está extremamente insatisfeita e a extrema-direita tem maior facilidade de conversar com o povo do que a esquerda. Precisamos prestar muita atenção neste momento, pois estamos definindo o país que teremos nos próximos 40 ou 50 anos”, alertou Pochmann.

“A sociedade do final dos anos 70 e início dos anos 80, que deu origem ao PT, não existe mais”, disse Pochmann. (Foto: Luiza Castro/Sul21)

A perspectiva histórica invocada pelo economista, em relação ao passado e também ao futuro, é acompanhada por um diagnóstico, de certo modo, dramático para a definição do que fazer no presente político do país: “a sociedade do final dos anos 70 e início dos anos 80, que deu origem ao PT, não existe mais. Se seguirmos fazendo as coisas do jeito que fizemos até aqui não teremos melhores resultados do que os que já obtivemos”. Pochmann detalhou essa transmutação social, do ponto de vista da estrutura de classes, que impõe novos desafios programáticos e organizativos:

“Na década de 80, tínhamos uma burguesia industrial no país. Hoje, a indústria brasileira representa menos de 10% do PIB, o que equivale ao que tínhamos em 1910. Hoje, temos o predomínio de uma burguesa comercial, que quer comprar barato e vender caro. Nos anos 80, tínhamos uma classe média assalariada, que praticamente não existe mais. Hoje, temos uma classe média de PJs (pessoas jurídicas) e consultores. Houve um desmoronamento do emprego clássico da classe média. A classe trabalhadora também mudou. Cerca de quatro quintos dos trabalhadores estão concentrados no setor terciário, nas diversas áreas de serviços. Eles não estão mais concentrados em grandes fábricas, mas em shoppings center, complexos hospitalares, prestando serviços para condomínios de ricos. A classe trabalhadora está cada vez mais ligada a um trabalho imaterial e submetida a nova organização temporal e espacial. Essa nova realidade não faz parte do discurso dos sindicatos e dos nossos partidos. Estamos com uma retórica envelhecida”.

“O ciclo político da Nova República desapareceu”. (Foto: Luiza Castro/Sul21)

Outra novidade na paisagem social brasileira é a força gravitacional das igrejas evangélicas e de grupos ligados ao crime organizado. Essa capacidade de atração e aglutinação, defendeu o economista, deriva de sua capacidade de fornecer respostas de curto prazo aos problemas cotidianos das pessoas, à falta de perspectiva de futuro especialmente para a juventude pobre das periferias. “Hoje, cerca de 80 milhões de brasileiros freqüentam semanalmente assembleias, as assembleias de Deus. Por volta de 2032, os evangélicos já serão maioria no Brasil, A lógica que rege esse fenômeno está mais ligada à subjetividade das pessoas do que à racionalidade. Essas igrejas são espaços de sociabilidade onde as pessoas podem falar sobre seus desejos e anseios. Lá elas encontram laços de fraternidade e solidariedade. Temos que ter a humildade de reconhecer a nossa defasagem de compreensão dessa realidade”. No entanto, ressaltou Pochmann, ao mesmo tempo em que estão com a retórica envelhecida, os partidos e sindicatos são mais necessários do que nunca em uma sociedade com cada vez menos diálogo e mais individualismo. Mas terão que se reinventar.

A expressão político-partidária dessa transformação social não é menos dramática. “O ciclo político da Nova República desapareceu e com ele também desapareceu a possibilidade de termos governos de conciliação. E sem a conciliação o que temos é a polarização”, resumiu Pochmann. Esse ciclo se encerra, acrescentou, com muitas tarefas não feitas. “Não fizemos nenhuma reforma profunda do capitalismo. Não prendemos nenhum ditador, após uma ditadura assassina e corrupta. O orçamento inicial previsto para a construção de Itaipu era de R$ 4 bilhões. No final, a obra custou R$ 21 bilhões. A Argentina prendeu cerca de mil torturadores. Nós não prendemos nenhum”.

O desafio das eleições municipais de 2020

Raul Pont: “Não foi promover a participação e buscar radicalizar a democracia que nós erramos”. (Foto: Luiza Castro/Sul21)

Na parte final de sua fala, Marcio Pochmann apresentou um cenário do impacto dessas transformações sociais no vida social das cidades e de como isso exige um repensar radical de práticas. Um desses impactos é de natureza demográfica. A população brasileira não vai crescer mais nos próximos anos em razão da queda da taxa de natalidade, assinalou. Caminhamos, nas próximas décadas, para sermos um país de 240 milhões de habitantes e mais envelhecido.

Uma das conseqüências práticas disso, no plano das políticas públicas, é a diminuição da pressão sobre as escolas. A população de faixa etária entre zero e 14 anos vem caindo desde 1980. Nas eleições de 2018, a parcela de eleitores com mais de 65 anos já foi maior que a dos jovens em torno de 18 anos.

Outro fenômeno para o qual o economista chamou a atenção é o processo de desindustrialização do país, principalmente na região Sul e Sudeste e, mais especificamente, em São Paulo, que até bem pouco tempo era chamado de “locomotiva do país”. Na vida dos municípios, isso teve como conseqüência imediata o aumento das ocupações no setor de serviços. Associado à desindustrialização, está em curso um processo de desmetropolização, com a diminuição do crescimento das regiões metropolitanas e aumento do crescimento de cidades menores, especialmente cidades médias. Isso não significa que a população das regiões metropolitanas esteja diminuindo, mas sim que estão recebendo menos migrantes e crescendo em uma velocidade demográfica menor.

Esse conjunto de fenômenos exigirá, para a definição de propostas a serem apresentadas à população nas próximas eleições, um grande esforço de aprendizado, enfatizou Pochmann. Será totalmente ineficaz acionar o piloto automático e repetir as práticas tradicionais de campanhas eleitorais realizadas na última década. Dois ex-prefeitos de Porto Alegre, Olívio Dutra e Raul Pont, fizeram intervenções comentando a conferência de Marcio Pochmann. Ambos concordaram sobre a necessidade de dar conta das implicações de todas essas transformações sociais e defenderam que as experiências positivas das administrações populares em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul devem estar também na memória desse aprendizado.

Olívio: “Vamos ter que assobiar e chupar cana ao mesmo tempo”. (Foto: Luiza Castro/Sul21)

“Não foi por promover a participação e procurar radicalizar a democracia que nós erramos”, disse Raul Pont, lembrando a experiência que tornou o Orçamento Participativo de Porto Alegre uma referência internacional.

Na mesma linha, Olívio Dutra chamou atenção para o que faltou fazer ou foi feito de modo insuficiente do ponto de vista da ampliação da democracia e da justiça social. Nós tivemos o Ministério das Cidades, mas, por razões que são conhecidas de todos aqui, não conseguimos levar adiante o projeto que tínhamos e ele acabou se tornando um balcão de negócios. Os dois ex-prefeitos apostam que o aprendizado a ser feito pode ser facilitado pela experiência dos erros e dos acertos. “Não será fácil, mas podemos fazer. Teremos que assobiar e chupar cana ao mesmo tempo”, resumiu Olívio.

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Companheira Ana, o Pará e o PT precisam de você !


Em política é muito comum o eleitorado repensar seu voto e, ao mesmo tempo, repensar também sobre seus ex governantes, comparando o governo atual com o governo passado, criando uma revisão de consciência que acaba fazendo com que esse eleitor venha, ao olhar no passado, ver uma possibilidade de acertar mais com um político “testado” do que com um político “novo”.
No atual cenário, de extrema decepção com a política, paradoxalmente esse sentimento se aprofunda, pois o novo é, em geral, muito mais duvidoso também.

Isso posto, particularizando a questão, vejo com bastante naturalidade o aparecimento do nome da companheira Ana Julia como bem posicionada na disputa eleitoral que se avizinha para o governo do estado. Contudo, identifico de imediato, que ainda não se trata de uma “redenção” do PT, mas sim de uma releitura que o eleitorado está fazendo sobre a gestão da governadora Ana Julia, e não do partido. Ou seja, a companheira Ana Júlia é o melhor nome que temos para a disputa. E, para que seu papel nessa eleição de 18 seja, de fato, relevante, não adiantará tê-la como “cabo eleitoral”.

Essa situação já tinha sido alvo de minha reflexão junto a alguns amigos em particular, eu sempre achei que a política ainda guarda papel de relevância para a companheira Ana, pois, ao meu ver, a Ana ainda é muito nova (do ponto vista da idade) e possui uma imensa bagagem política, e é um “desperdício” muito grande não apostar nisso, ou seja, será um grande erro “aposentar” essa figura pública tão forte que temos em nossas fileiras.

A pesquisa nos deu um recado, nos cabe agora trabalhar.

A governadora Ana Júlia não fez, nem de longe, um governo ruim, pelo contrário, mas foi traída pelas circunstâncias da conjuntura à época, certa inexperiência, alguns atropelos, erros de comunicação, em fim, nada que não se possa tomar de lição. Mas agora é hora de valorizar os acertos e denunciar todo retrocesso da gestão Jatene.

De certo e muito importante, que a imagem da companheira Ana tem passado incólume por esse mar de lama que se transformou a política e, cabe a menção, um dos principais fatos usado pela oposição para desgastar o governo, no caso a perda da sede da Copa 2014, hoje, poderá ser melhor compreendido pela sociedade.

Nossos adversários, ou estão ligados ao governo moribundo do Temer, ou ao governo cassado do Jatene.


Portanto, depois de muito tempo voltei a me sentir motivado a escrever alguma coisa sobre política e é nesse sentido que faço esse chamado ao PT, ou melhor, manifesto, para que possamos perceber a oportunidade que está se abrindo diante de nós. Depois de tanta negatividade que nos tem assolado, temos em fim um fato a comemorar. Deixemos pois, o rio seguir seu curso. É isso !! 

quinta-feira, 18 de junho de 2015

A fonte de água sulforosa em Itaituba: Dois fatos.

Água da Sonda volta a jorrar em Itaituba

Água tem poder medicinal e população faz da água da Sonda uma excelente opção de lazer

Água da Sonda

No mês de julho Itaituba foi presenteada novamente com a água da Sonda que voltou a jorrar, embora não com a mesma intensidade de antes, mas mantendo parte de suas características de água termal quente e sulfurosa. A notícia trouxe entusiasmo para a população que durante muitos anos fez da água da Sonda uma excelente opção de lazer.

No período em que a água foi dada como sumida, esse fato gerou polêmicas, criticas e muitas cobrança aos poderes públicos. Uma empresa na época havia sido contratada para adaptar a água da Praça do Centenário para a o chafariz da orla, mas não conseguiu realizar a contento o serviço…

Agora, com o retorno natural da água que está tendo reforço de uma bomba para chegar a superfície em maior quantidade, muitos estão esperançosos que a mesma permaneça, já que sempre foi uma referência no âmbito turístico para Itaituba.



Água volta a jorrar

FONTE MONTEIRO LOBATO OU ÁGUA DA SONDA: 

A Água da Sonda como é popularmente conhecida recebeu o nome oficial de “Fonte Monteiro Lobato” em homenagem ao famoso escritor paulista de Taubaté, autor de livros infantis, se tratando de um belo recurso natural de Itaituba e região.

Ela se originou de uma antiga perfuração petrolífera que ao interceptar fraturas na busca de petróleo descobriu a circulação de água minerais termais e sulfurosa. Essa perfuração foi feita pelo Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil-SGMB (Já extinto) com coordenação técnica do pesquisador Pedro de Moura.

A perfuração do Poço (já uma preocupação dos engenheiros da Petrobrás com nossa preservação histórico-cultural) foi iniciada no dia 27 de dezembro de 1929, sendo a mesma concluída em 10 de dezembro de 1930, ficando a profundidade da fonte em 360 metros, sendo em seguida classificado pelos engenheiros da época como Sondagem nº 88.

Essa água que passou a servir de opção de lazer para Itaituba também era procurada pelos moradores como sendo de alto poder medicinal, por apresentar elevado teor dos constituintes dissolvidos, bem nítidos no local pela sua condutividade elétrica da água (2.840 US/cm), gás sulfídrico indicado pelo seu cheiro inigualável bem característico, sendo considerada uma água termal, mineral e sulfurosa, com propriedades medicinais recomendadas para tratamentos terapêuticos em face de sua temperatura e sais dissolvidos, com destaque para o H2.S.

Esses gases dissolvidos normalmente CO2 E O H2S desprendem-se na superfície por causa da diferença de pressão. Mas de acordo com os especialistas é de bom alvitre enfatizar que em caso de aproveitamento de maior intensidade para balneoterapia (banho com fins medicinais), o bombeamento da água dará maior vazão.

De acordo com resultados das análises de água, a fonte de água termo-mineral e sulfurosa de Itaituba apresenta água do tipo sódio-cloretada. A vazão desse poço jorrante na superfície do terreno é de 9,0 m3/h e sua temperatura determinada na emergência 38,1ºC, sendo classificada como água hipertermal, segundo o Código de águas do Departamento nacional de pesquisas e Mineração (DNPM).

A elevada concentração de sódio e de cloreto dessa água deixa evidente a circulação através de fraturas que atingem a formação Nova Olinda. A baixa da elevada concentração dos principais constituintes dissolvidos apresentado pelo elevado teor do resíduo seco (1.476 mg/1) e Lítio (0,596) MG/1) que confere a esta água mais propriedades inerentes as águas minerais.

Ressalta-se, entretanto, que a produção de Cloreto de sódio dessa fonte atinge o valor diário de 238, 985 KG ou 7, 169 toneladas por mês. Outros elementos raros não analisados podem também estar presentes e terem relevância econômica. Essa água termo-mineral sulfurosa constituiu um importante patrimônio turístico e medicinal para Itaituba.

Fonte: RG 15/O Impacto, Arquivo de pesquisas do Historiador Itaitubense e Nazareno Santos


Novidade para muitos, Brasil possui um vulcão e ele é o mais antigo do mundo

Descoberto em 2002 e com um diâmetro de 22 km, o vulcão Amazonas, que possui 1,9 bilhão de anos, já foi ativo num passado remoto e oferece risco quase zero de entrar em erupção, mas a natureza é uma caixinha de surpresas!
  
  
O 'pequeno' cume ao centro da foto é um dos cones vulcânicos que estão localizados dentro da enorme cratera do Vulcão
O 'pequeno' cume ao centro da foto é um dos cones vulcânicos que estão localizados dentro da enorme cratera do Vulcão "Amazonas" - Foto: Amarildo Varela
As crianças brasileiras sempre aprenderam nas escolas que o Brasil é um país único, sem terremotos, tornados ou vulcões, além de uma exuberante natureza. Ao contrário da lenda urbana que afirma sobre a inexistência de vulcões no país, as terras tupiniquins possuem dois exemplares bem camuflados, mas que não passaram despercebidos pelos geólogos.
Localizados nas regiões sudeste e norte do Brasil, eles possuem 'status' diferentes na visão dos estudiosos. O primeiro a ser descoberto foi o vulcão "Amazonas" e o segundo ainda está em fase de avaliação pelos geólogos. Apelidado de "Nova Iguaçu", o suposto novo cone vulcânico ainda não foi confirmado oficialmente como o segundo exemplar brasileiro, mas já é tratado como tal por muitos especialistas.
Além de ser considerado o primeiro e único brasileiro, o vulcão Amazonas é o mais antigo do mundo. Datado de 1,9 bilhão de anos atrás, seu cone chegou a ter 400 metros de altura no auge das erupções e hoje possui uma cratera de aproximadamente 22 km de diâmetro. Localizada entre os rios Jamanxin e Tapajós, numa região que é conhecida como Uatumã, a área é formada por rochas vulcânicas que mostram a potência das antigas erupções. A cidade mais próxima é Itaituba, no Pará.
Afinal, há motivos para preocupação dos brasileiros? Segundo os geólogos, ele está inativo há muito tempo e não há qualquer indício que possa voltar a atividade qualquer dia, porém a natureza é sempre uma caixinha de surpresas.
Ao contrário de seu 'primo' que de fato já foi confirmado pela ciência, o vulcão de "Nova Iguaçu" ainda não é oficialmente o segundo em solo brasileiro, mas está sendo estudado para comprovar a hipótese. Localizado na região da cidade de mesmo nome, o vulcão ainda é uma possibilidade que foi levantada devida a composição do solo do local ser rica em rocha vulcânica, além de piroclástica. Porém, ao contrário do vulcão da Amazônia, o carioca (se existir mesmo!) está extinto e não tem possibilidade de voltar a entrar em erupção.
Se hoje o território brasileiro possui 'apenas' um vulcão, no passado poderia ser chamado de "terra de lava". Todo o gigantesco trecho entre os estados do Amazonas e Santa Catarina era ocupado por dezenas de pequenos e grandes cones que viviam em constante erupção. Este cenário diferente no Brasil ainda é comum no exterior. Atualmente, existem pelo menos 550 vulcões ativos no mundo, sendo que o maior de todos é o Mauna Loa, no Havaí. Ele mede cerca de 5,2 mil km².
Localização do Vulcão "Amazonas"

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Localização do Vulcão "Nova Iguaçu"
  
  

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Olimpíada russa custa mais que o dobro da Copa 2014 e Rio 2016 juntas

Da BBC
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06.02.14 - Sol ilumina os anéis olímpicos na manhã desta quinta-feira em Sochi AP Photo/Charlie Riedel

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Uma Olimpíada com uma tocha enviada ao Polo Norte e ao espaço, uma estrada pavimentada com "ouro e caviar" – nas palavras de um crítico – com contratos exorbitantes executados por amigos do presidente e um estádio para 40 mil pessoas que será usado apenas duas vezes.
Essas são algumas das peculiaridades dos Jogos de Inverno de Sochi, que começam nesta sexta-feira na Rússia, e estão sendo chamados de a "Olimpíada mais cara da história". O orçamento não-oficial dos Jogos, de US$ 50 bilhões, seria suficiente para custear todas as obras somadas da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos do Rio 2016.
O governo russo afirma que o orçamento oficial é de US$ 7 bilhões – levando em conta apenas obras diretamente ligadas aos Jogos. Mas o governo reconhece que foram gastos os US$ 50 bilhões – quando somados todos os investimentos em infraestrutura na rica região de Sochi, no sul da Rússia.
Em seu planejamento oficial, entre recursos públicos e privados, o Brasil está gastando uma fração desse valor para todas as obras – tanto as de infraestrutura como os estádios.
Segundo o mais recente balanço, divulgado em novembro pelo Ministério do Esporte, a Copa do Mundo de 2014 tem um orçamento de R$ 25,6 bilhões (ou cerca de US$ 10,6 bilhões, com o câmbio atual). Para a Olimpíada de 2016, foi previsto um orçamento de US$ 14,4 bilhões, segundo o documento de candidatura, com valores de 2009.
Especialistas acreditam que os custos dos eventos no Brasil ainda podem subir bastante - mas dificilmente chegariam perto do gasto na Rússia. A cidade de Londres gastou US$ 13,9 bilhões na Olimpíada de 2012.
Estrada de 'ouro e caviar'
Desde 2010, Sochi vem recebendo investimentos para transformar o balneário de veraneio russo – onde a média histórica das mínimas nunca fica abaixo de quatro graus – na meca dos esportes de inverno.
Em um raio de poucos metros, próximo à orla do Mar Negro, foram construídas duas arenas de hóquei, uma de curling e dois estádios com rinques de patinação. As competições de esqui acontecerão nas montanhas que cercam o balneário.
Um dos maiores estádios dos jogos – o Fisht – tem capacidade para 40 mil pessoas e sequer vai abrigar eventos esportivos. Ele será usado em apenas duas ocasiões: para as cerimônias de abertura e encerramento.
Mas os estádios nem são os itens mais caros do orçamento. As obras para construção de uma estrada e uma ferrovia de 28 quilômetros entre o aeroporto local e a região de Krasnaya Polyana, onde também haverá competições, custaram US$ 8,7 bilhões.
Esse valor é mais que o orçamento total da Olimpíada de Inverno anterior, em Vancouver, segundo a Fundação Anti-Corrupção, uma ONG de Moscou que faz ativismo contra os gastos dos Jogos. Segundo o site sochi.fbk.info, mantido pela entidade, o governo russo entrou com 54% do total de recursos.
O diretor executivo da Fundação, Vladimir Ashurkov, disse à BBC Brasil que os custos dos estádios em Sochi são de 1,5 a 2,5 vezes maiores do que o normal - ao comparar as obras das Olimpíadas de Inverno com outros estádios.
"Nós acreditamos que os grandes motivos por trás do aumento dos gastos são a corrupção", diz Ashurkov.
O político de oposição Boris Nemtsov, que virou uma espécie de porta-voz contra os gastos nos Jogos, disse a uma televisão russa que a estrada poderia ter sido pavimentada com "cinco milhões de toneladas de ouro ou caviar, que o preço da obra teria sido o mesmo".
Os ativistas e a oposição também acusam o governo russo de favorecer os aliados do presidente Vladimir Putin. As empresas de um amigo de adolescência de Putin, Arkady Rotenberg, receberam US$ 7,4 bilhões em contratos – mais da metade de todo o orçamento dos Jogos do Rio.
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Roupas diferentes na patinação artística no gelo6 fotos

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De suspensório e calça amarela, o italiano Ondrej Hotarek competiu nas duplas junto a Stefania Berton Xinhua/Gong Bing
'Enviado de Deus'
Rotenberg nega ter se beneficiado de sua relação com Putin – a quem chamou de "um enviado de Deus ao nosso país", em recente entrevista a um jornal britânico.
Uma auditoria feita pelo próprio governo em 2012 apurou que mais de meio bilhão de dólares em gastos seriam "fora do razoável". Putin foi à televisão para dizer que o aumento nos gastos aconteceu apenas por conta de erros de estimativa dos investidores, e não por má-fé.
"Se alguém tem essa informação (de que houve corrupção), por favor nos mostre. Mas até agora, nós não vimos nada além de especulações", disse o presidente.
Os organizadores dos Jogos também se defendem das acusações de gastos excessivos e favorecimento. O diretor do Comitê Organizador, Dmitry Chernyshenko, disse à BBC que o orçamento de US$ 50 bilhões inclui obras que seriam feitas mesmo no caso de Sochi não ter sido escolhida a sede dos Jogos.
Sobre os contratos com Rotenberg, Chernyshenko afirma que "não está na melhor posição para avaliar a eficiência da licitação, mas elas foram feitas de forma aberta e transparente".
Ele diz que, a exemplo do que ocorreu com os Jogos de Pequim de 2008 – que, com orçamento de US$ 43 bilhões, foram os mais caros daquela época – a Rússia quer usar a Olimpíada para apresentar uma nova imagem do país ao mundo.
O governo russo justifica os altos gastos dizendo que quer projetar internacionalmente uma imagem positiva do país - de vigor econômico e prosperidade.
"Nós queremos contar ao mundo a história da nova e moderna Rússia", disse ele.
Turismo
O governo russo diz também querer manter um legado vivo de turismo e esportes na cidade. Em outubro, Sochi abrigará o primeiro GP da Rússia de Fórmula 1 da história.
O estádio Fisht está nos planos das autoridades para a Copa do Mundo de 2018, que também será disputada na Rússia. Para este torneio, o orçamento inicial previsto na candidatura já duplicou, e está atualmente em US$ 19 bilhões - quase o dobro do gasto previsto para o Brasil em 2014.
O diretor-executivo da Fundação Anti-Corrupção acredita que o mesmo caso - de gastos excessivos e corrupção - se repetirá na Copa.
"Com metade do dinheiro gasto em Sochi, US$ 25 bilhões, já seria possível fazer um evento fabuloso, que é o que os russos querem ver. A outra metade poderia ter sido gasta em projetos de desenvolvimento social", disse ele à BBC Brasil.
"Treze milhões de pessoas não têm água quente em casa. Dez milhões não têm acesso a saneamento."