De antemão quero deixar claro que sou favorável ao exercício da democracia direta, acho que a consulta popular é sempre a melhor forma de se dirimir dúvidas sobre questões importantes, principalmente quando essas questões extrapolam em muito as competências dos governos, que são temporários e alternos num regime democrático.
Contudo será preciso ter muita cautela em relação ao plebiscito que será realizado no Pará, pois, diferentemente de eleições, o seu resultado é definitivo, quem perde, perde e ponto. Assim, a falta dessa cultura de participação popular poderá levar o estado a ter que conviver com duras conseqüências por muito tempo.
Neste sentido, acredito que qualquer que seja o resultado do plebiscito sobre a divisão territorial do Pará uma coisa é certa: O estado do Pará sairá perdendo. Isso porque o plebiscito tenderá a acirrar os ânimos e eu até não duvido que chegue ao ponto de se fomentar o ódio, o racismo e a xenofobia.
Espero que o debate possa se estabelecer em alto nível, mas é evidente que ele descambará para acusações de oportunismo político, interesses econômicos, centralização de poder, distanciamento e por aí vai.
A questão que fica é a seguinte: o que ocorrerá após o plebiscito?
Se a divisão do estado for vitoriosa certamente teremos uma situação onde haverá uma grande “guerra fiscal” entre os estados recém criados e o estado remanescente na tentativa de dividir o parque industrial instalado e também os prestadores de serviços especializados. Isso tudo após o acirramento do plebiscito.
Por outro lado, se o resultado for negativo à divisão, como ficará o sentimento de abandono e de pertencimento dos moradores dessas regiões e mais, como convencê-los de que a prática histórica de centralização de investimentos na capital será enfim abandonada?
O sorte está lançada !!
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