O Estado do Pará foi o espaço amazônico que mais sofreu com a integração econômica da Amazônia à economia brasileira.
Por ser a “porta” de entrada da região, concentrou os efeitos mais danosos desse processo.
O Pará foi fortemente ocupado por migrantes oriundos das regiões Sul e Sudeste do país, que foram incentivados a virem para cá por força de políticas do governo federal, políticas essas que permitiam o uso intensivo da terra, ou seja, a Amazônia foi tratada pelo governo como área de expansão de fronteira.
O desmatamento foi financiado pelo próprio governo, que viu surgir na floresta uma forte atividade econômica pautada nos setores madeireiros e pecuários. Posteriormente começou a implantação dos grandes projetos minerais e de energia, como conseqüência desse modelo de integração incentivou-se ainda a vinda em massa dos migrantes nordestinos para servirem de mão-de-obra.
Não por acaso esse mosaico criou no Pará uma heterogeneidade social que levou inevitavelmente aos conflitos de interesses que temos hoje.
Como conseqüência desse processo histórico, o estado viu florescer nessas regiões uma “elite” econômica formada basicamente por migrantes com visão exploradora, pessoas que vieram para cá “desbravar” a floresta com o apoio do Estado.
Ocorre contudo que os tempos mudam, a sociedade avança e aqueles conceitos outrora incentivados vão ficando para trás. Com o passar do tempo o estado foi construindo sua massa crítica e esta começou a se estabelecer nas carreiras de Estado. Agora aquelas práticas não são mais toleradas.
Com a crítica ao modelo de desenvolvimento que se consolidou no estado do Pará, que deixa de ser aceito pela sociedade, tendo as carreiras de Estado como impulsionadores dessa nova visão, os “exploradores” passam a ser serem vistos como “devastadores” e o estado outrora permissivo passa agora a ser coercitivo.
Na democracia não ha outra maneira de se enfraquecer o Estado se não criando um novo. Um Estado novo é inoperante, é ineficaz e por isso mesmo permissivo. Eis, em minha opinião, o principal elemento que estimula a criação de novos estados.
Neste sentido, o movimento que defende a criação dos estados do Tapajós e de Carajás é composto por uma elite que quer, acima de tudo, enfraquecer o Estado e como conseqüência se apropriar dele. Portanto, muito mais do que criar cargos políticos, o que está em jogo é a criação de um Estado fraco, frágil e com pouca massa crítica.
Tenho acompanhado os argumentos dos separatistas e eles se baseiam basicamente na tese de que os sucessivos governos tem sido um empecilho ao crescimento dessas regiões, entretanto o que se vê na prática é a defesa de um modelo superado de exploração dos recursos naturais; a defesa intransigente do latifúndio, ainda que este possa ter origem ilegal; a conivência com praticas trabalhistas condenáveis e ainda a passividade com a ilegalidade e com a violência contra trabalhadores rurais e extrativistas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário