BRENO COSTA/ANDREZA MATAIS - DE BRASÍLIA
O grupo comandado pelo empresário Carlinhos Cachoeira tinha em seu poder, desde 2011, uma versão prévia de edital com regras de uma licitação que acabou sendo lançada pelo governo de Goiás somente em 2012.
A formulação de um edital, documento que baliza a apresentação de propostas para uma concorrência, é prerrogativa do governo. Só é tornado público após finalizado.
A descoberta da Polícia Federal dá margem para ao menos duas possibilidades.
Uma é que o grupo de Cachoeira teve acesso antecipado a um processo ainda em gestação no governo goiano. Outra é que o grupo estivesse montando o edital a ser apresentado à Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas (Agetop), responsável pela licitação.
O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), é investigado pela CPI do Cachoeira e em inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) por supostamente ter permitido que Cachoeira tivesse influência em nomeações e contratos durante sua gestão.
RELAÇÕES
Anexado ao edital, foi encontrado um termo de referência da licitação, com detalhes sobre as eventuais obrigações da empresa que seria contratada.
Ambos estavam no computador de Wladimir Garcez, que, além de assessorar Cachoeira, também atuava como representante comercial da empreiteira Delta --da qual o empresário era sócio, segundo a Polícia Federal.
Garcez, que é filiado ao PSDB e aliado de Perillo, mantinha contatos frequentes com o presidente da Agetop, Jayme Rincón.
A PF já havia encontrado indícios de acesso privilegiado de Garcez a trâmites internos do órgão.
Como a Folha revelou, Toninho Perillo, irmão do governador, orientou Garcez, em fevereiro deste ano, sobre qual estratégia o grupo de Cachoeira deveria adotar em uma outra licitação também na Agetop.
Os documentos encontrados com Garcez faziam referência ao ano de 2011 e definiam regras para a contratação de uma empresa de consultoria que ficaria responsável pelo gerenciamento de um programa de obras rodoviárias em Goiás.
Em maio daquele ano, o governador Marconi Perillo lançou o programa Rodovida, que tinha entre suas previsões a contratação de empresa especificamente para gerenciar o programa.
Há cerca de duas semanas, a Agetop lançou uma licitação com esse objetivo. O edital, conforme o órgão, somente começou a ser elaborado em julho deste ano. As empresas interessadas apresentarão suas propostas no início de outubro.
SEMELHANÇAS
O edital lançado pela Agetop e a minuta encontrada com o grupo de Cachoeira não são idênticos, mas têm o mesmo sentido. As especificações dos serviços a serem prestados pela empresa contratada são semelhantes, embora não tenham a mesma redação.
A Agetop informou à reportagem que "jamais" enviou minutas de editais "a quem quer que seja" e disse que vai investigar o caso.
OUTRO LADO
A Agetop informou que abrirá um procedimento administrativo para investigar o caso. O órgão goiano afirmou em nota que "jamais enviou minutas de editais a quem quer que seja".
Apesar da decisão de apurar o caso, a agência diz que a minuta encontrada pela PF "nada tem a ver" com o teor do edital da licitação em andamento no órgão.
A Agetop afirma que é Wladimir Garcez quem deve explicações sobre o fato de uma minuta de edital ter sido encontrada em seu poder.
A agência informou que o notificará oficialmente para que Garcez se manifeste a respeito. "Se confirmada a participação do senhor Wladimir em qualquer ato ilícito dentro da Agetop, ele será acionado judicialmente."
O advogado de Garcez não foi localizado pela Folha para comentar o caso.
A nota da Agetop diz que Garcez sempre se apresentou como representante da Delta e nunca como preposto de Carlinhos Cachoeira --que também tinha influência sobre outras empresas.
Segundo a estatal goiana, Garcez nunca tratou de assuntos referentes a essa licitação com o presidente da agência, Jayme Rincón.
A Agetop argumenta, ainda, que a Delta "não faz gerenciamento de obras nem possui cadastro na agência para prestação deste tipo de serviço".
O governador Marconi Perillo tem negado relação com Cachoeira ou que tenha permitido influência do empresário em seu governo.
Editoria de Arte/Folhapress
A formulação de um edital, documento que baliza a apresentação de propostas para uma concorrência, é prerrogativa do governo. Só é tornado público após finalizado.
A descoberta da Polícia Federal dá margem para ao menos duas possibilidades.
Uma é que o grupo de Cachoeira teve acesso antecipado a um processo ainda em gestação no governo goiano. Outra é que o grupo estivesse montando o edital a ser apresentado à Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas (Agetop), responsável pela licitação.
O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), é investigado pela CPI do Cachoeira e em inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) por supostamente ter permitido que Cachoeira tivesse influência em nomeações e contratos durante sua gestão.
RELAÇÕES
Anexado ao edital, foi encontrado um termo de referência da licitação, com detalhes sobre as eventuais obrigações da empresa que seria contratada.
Ambos estavam no computador de Wladimir Garcez, que, além de assessorar Cachoeira, também atuava como representante comercial da empreiteira Delta --da qual o empresário era sócio, segundo a Polícia Federal.
Garcez, que é filiado ao PSDB e aliado de Perillo, mantinha contatos frequentes com o presidente da Agetop, Jayme Rincón.
A PF já havia encontrado indícios de acesso privilegiado de Garcez a trâmites internos do órgão.
Como a Folha revelou, Toninho Perillo, irmão do governador, orientou Garcez, em fevereiro deste ano, sobre qual estratégia o grupo de Cachoeira deveria adotar em uma outra licitação também na Agetop.
Os documentos encontrados com Garcez faziam referência ao ano de 2011 e definiam regras para a contratação de uma empresa de consultoria que ficaria responsável pelo gerenciamento de um programa de obras rodoviárias em Goiás.
Em maio daquele ano, o governador Marconi Perillo lançou o programa Rodovida, que tinha entre suas previsões a contratação de empresa especificamente para gerenciar o programa.
Há cerca de duas semanas, a Agetop lançou uma licitação com esse objetivo. O edital, conforme o órgão, somente começou a ser elaborado em julho deste ano. As empresas interessadas apresentarão suas propostas no início de outubro.
SEMELHANÇAS
O edital lançado pela Agetop e a minuta encontrada com o grupo de Cachoeira não são idênticos, mas têm o mesmo sentido. As especificações dos serviços a serem prestados pela empresa contratada são semelhantes, embora não tenham a mesma redação.
A Agetop informou à reportagem que "jamais" enviou minutas de editais "a quem quer que seja" e disse que vai investigar o caso.
OUTRO LADO
A Agetop informou que abrirá um procedimento administrativo para investigar o caso. O órgão goiano afirmou em nota que "jamais enviou minutas de editais a quem quer que seja".
Apesar da decisão de apurar o caso, a agência diz que a minuta encontrada pela PF "nada tem a ver" com o teor do edital da licitação em andamento no órgão.
A Agetop afirma que é Wladimir Garcez quem deve explicações sobre o fato de uma minuta de edital ter sido encontrada em seu poder.
A agência informou que o notificará oficialmente para que Garcez se manifeste a respeito. "Se confirmada a participação do senhor Wladimir em qualquer ato ilícito dentro da Agetop, ele será acionado judicialmente."
O advogado de Garcez não foi localizado pela Folha para comentar o caso.
A nota da Agetop diz que Garcez sempre se apresentou como representante da Delta e nunca como preposto de Carlinhos Cachoeira --que também tinha influência sobre outras empresas.
Segundo a estatal goiana, Garcez nunca tratou de assuntos referentes a essa licitação com o presidente da agência, Jayme Rincón.
A Agetop argumenta, ainda, que a Delta "não faz gerenciamento de obras nem possui cadastro na agência para prestação deste tipo de serviço".
O governador Marconi Perillo tem negado relação com Cachoeira ou que tenha permitido influência do empresário em seu governo.
Editoria de Arte/Folhapress
Nenhum comentário:
Postar um comentário