Empresário usou testas de ferro para sonegar, diz PF
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GRACILIANO ROCHA
DE SALVADOR
Investigação da Polícia Federal aponta que o empresário Paulo Sérgio Cavalcanti, que chegou a ser preso no mês passado, operou a Sasil por meio de testas de ferro entre 2001 e 2008.DE SALVADOR
A Sasil, uma das principais distribuidoras de produtos químicos e termoplásticos do país, foi alvo da Operação Alquimia (deflagrada no último dia 17 pela Receita e pela PF) por suspeita de envolvimento em sonegação de R$ 1 bilhão em tributos.
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Houve 23 prisões. Uma ilha próxima de Salvador (BA) que pertence a Cavalcanti foi confiscada na ação.
Segundo a PF, em dezembro de 2001 os irmãos Paulo Sérgio e Ismael Cavalcanti se desligaram formalmente da Sasil, que passou a ser controlada por duas empresas cujos proprietários eram offshores registradas em um paraíso fiscal no Caribe.
Divulgação | ||
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Ilha de 20 mil metros quadrados nas proximidades de Salvador foi confiscada |
Segundo a PF, o representante da Andaluz e da Fall no comando da Sasil era um funcionário ligado a Cavalcanti, que seria quem de fato dava as ordens.
Em junho de 2008, as cotas da Sasil voltaram a pertencer formalmente a Paulo Sérgio e a seu filho Paulo Sérgio França Cavalcanti através de uma indenização judicial. O controle se deu via Stahl Participações Ltda., fundada pelo presidente da Sasil e o filho um mês antes.
A PF suspeita de que a integralização de todas as cotas da Sasil na Stahl, por apenas R$ 1, foi uma manobra para blindar o patrimônio dos Cavalcanti e maquiar o seu valor verdadeiro.
Paulo Cavalcanti chamou a suspeita da PF de ["invenção". Segundo ele, tanto a venda da empresa como a volta dela a seu patrimônio ocorreram de maneira legal.
Cavalcanti diz ter atuado na Sasil entre 2001 e 2008 como prestador de serviço, como estabelecido pelo contrato da venda da empresa.
Os supostos crimes investigados pela Operação Alquimia começaram a ser investigados em 2002 e foram praticados, segundo a PF, por uma organização criminosa que criou empresas de fachada para simular operações de compra e venda com a Sasil.
Como as empresas de fachada não pagavam os impostos, de acordo com a PF, nada era recolhido e a Sasil se beneficiou de créditos tributários fraudulentos.
Segundo Cavalcanti, o R$ 1 bilhão de sonegação e o suposto esquema com 300 empresas envolvidas são "matematicamente absurdos".
Veja o vídeo da operação:
OUTRO LADO
Cavalcanti disse que a PF agiu como "roteirista de espetáculo" quando invadiu sua ilha na baía de Todos os Santos.
Ele chama de "invenção" as alegações do inquérito da Operação Alquimia, que o apontam como chefe de um esquema que usou 300 empresas Ðvárias delas de fachadaÐ para fraudar o fisco e lavar dinheiro.
"Foi um espetáculo com roteiro. Pegaram um helicóptero, desceram do helicóptero, filmaram a ilha e disseram [que era] a ilha do tesouro com o ouro lá dentro --o que é mentira. Fizeram um escarcéu danado", disse à Folha.
Cavalcanti diz que comprou a ilha legalmente em 1987 e registrou a propriedade em cartório em 1992 Ðdez anos antes do início do inquérito da PF sobre o caso. Os 2,5 kg de ouro apreendidos na operação estavam na casa da mãe do empresário.
"Não sou sonegador, minha empresa não é sonegadora. Pago meus impostos, paguei todos os meus impostos em todas as minhas relações comerciais, seja lá com quem for", afirmou.
A maior queixa do dono da Sasil é contra a prisão temporária dele e de pessoas da sua família. "Existem todas as instâncias do Judiciário para exaurir todas as possibilidades de defesa. Utilizar a prisão temporária como foi utilizado é uma brutalidade ao direito do cidadão", disse.
Uma das mágoas que o dono da Sasil não esconde foi a Alquimia ter ressuscitado o apelido de "Paulinho Metanol", dado pela imprensa baiana na década de 90 por causa de uma tragédia que matou 16 pessoas em Santo Amaro, no Recôncavo.
A Sasil vendeu embalagens plásticas de grande porte, que continham resquícios de metanol, produto altamente tóxico, a um comerciante de cachaça. Cavalcanti diz que a Justiça concluiu que a culpa não foi de sua empresa e ele nem respondeu processo.
"Quando chega agora, em vez de citarem que o empresário Paulo Cavalcanti é suspeito, dizem logo 'Paulinho Metanol'. É uma perversidade", declarou.
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