Arrecadação de leilão da ANP ultrapassa R$ 2 bilhões e bate recorde
DENISE LUNA
LUCAS VETTORAZZO
DO RIO
Com a venda de todos os blocos ofertados na parte marítima da Bacia do Espírito Santo, a 11ª rodada da ANP (Agência Nacional do Petróleo) ultrapassou o recorde anterior em arrecadação, ao atingir R$ 2,3 bilhões, valor acima do estimado pela agência reguladora.
A nona rodada de licitações da ANP, ocorrida em 2007, arrecadou R$ 2,1 bilhões. Com a conclusão do leilão da bacia do Espírito Santo, cinco de onze bacias já foram licitadas.
A Bacia Marítima do Espírito Santo ofertou 6 blocos e arrecadou R$ 494 milhões, com investimentos de R$ 1,2 bilhão.
A Statoil levou todos os blocos da bacia, em parceria com a Petrobras e outras empresas. Em dois blocos, as duas petroleiras tiveram a parceria da Queiroz Galvão. Em outros dois, as companhias se associaram à francesa Total. E em um terceiro bloco, Statoil e Petrobras dividiram a sociedade meio a meio.
OUTRAS BACIAS
A Bacia do Parnaíba ofertou 20 áreas em terra e arrecadou R$ 61,3 milhões, com investimentos previstos de R$ 443,4 milhões. A grande vencedora foi a brasileira Petra Energia, que levou nove blocos na regão. A bacia tem potencial para descobertas de gás natural. Todas as áreas foram vendidas.
A Bacia da Foz do Amazonas localizada na costa do Amapá, região norte do país, totalizou ofertas de R$ 750,1 milhões, com previsão de investimento de R$ 1,5 bilhão. A região foi a que recebeu a maior oferta na história dos leilões da ANP, com lance de R$ 345,9 milhões, feito pelo consórcio formado pela francesa Total (40%), Petrobras (30%) e a britânica BP (30%).
O lance superou oferta ocorrida na nona rodada, em 2007, feita pela OGX, de Eike Batista, para uma área na Bacia Santos, por R$ 344 milhões. A bacia ofertou 97 blocos, dos quais 14 foram adquiridos e 83 não tiveram oferta. As grandes petroleiras se interessaram pelos ativos na região norte da área concedida pela ANP. O local fica próximo da Guiana Francesa, onde recentemente ocorreram importantes descobertas.
A Bacia de Barreirinhas arrecadou R$ 304 milhões e promessa de investimentos de R$ 364 milhões. Foram ofertados 26 blocos, dos quais 12 em águas rasas e 14 em águas profundas. A novidade da bacia foi a compra de quatro blocos pela estreante Chariot. A empresa originária de Guernesei, uma ilha no Canal da Mancha independente do Reino Unido, comprou quatro lotes por R$ 4,2 milhões.
A Bacia de Potiguar, no Rio Grande do Norte, arrecadou R$ 127,6 milhões, incluindo blocos no mar e em terra. A Petrobras, que, até então, só tinha entrado no leilão com participação minoritária em outros consórcios, pagou R$ 1,4 milhão por dois blocos.
As cinco bacias ofertadas até o momento têm 15 dos 23 setores que serão leiloados. Ao todo, os setores têm 289 blocos, totalizando 155,8 mil km2.
Este é o primeiro leilão após cinco anos de espera da indústria. Iniciados em 1999 e realizados anualmente, os leilões com a oferta de áreas expressivas de petróleo e gás foram suspensos em 2007, após as descobertas de reservatórios gigantes do pré-sal, que levaram o governo brasileiro a reformular suas ofertas.
Confira, abaixo, onde as bacias estão.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
PRODUÇÃO
A diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, estimou que os blocos da margem equatorial brasileira oferecidos na rodada vão gerar um volume de produção de petróleo em torno dos 300 a 500 milhões de barris.
A ANP já havia avaliado em 30 bilhões de barris "in situ", quando nem todo o petróleo é recuperado.
Segundo Magda, a nova estimativa leva em conta as reservas encontradas na África, que há milhões de anos era grudada no continente americano.
"Estou muito feliz que empresas brasileiras compraram blocos na Foz do Amazonas. O apetite pela bacia do Parnaíba demonstrou o interesse das empresas por gás. Está sendo um sucesso e ainda temos muito pela frente", disse a executiva, em referência ao leilão de gás que será realizado em outubro.
Duas outras licitações ainda estão previstas para este ano, que vão abranger a área do pré-sal e blocos de gás de xisto.
Ricardo Moraes/Reuters | ||
A diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, na 11ª rodada de licitações da agência |
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