DE BELÉM
Absolvido no julgamento do mensalão, o ex-deputado federal Paulo Rocha (PT-PA) diz que deixou de ser senador e governador pela ligação de seu nome com o escândalo.
Em sua primeira entrevista após a absolvição, passado o que chama de "linchamento" da imprensa, Rocha diz que se "recoloca" na disputa pelo governo estadual.
Rocha era líder do PT na Câmara em 2005 quando estourou o mensalão, e renunciou ao mandato em Brasília para evitar a cassação.
Ele era acusado de lavagem de dinheiro por ter recebido R$ 820 mil do mensalão, por ordem do então tesoureiro do PT Delúbio Soares.
Segundo Rocha, R$ 620 mil foram para pagar dívidas do PT no Pará e o restante foi para o PSB, sem passar por ele.
Foi absolvido após um empate entre os ministros do STF, o que favoreceu os réus.
Prevaleceu o entendimento de que Rocha não tinha conhecimento da origem ilegal dos recursos. A seguir, trechos da entrevista à Folha.
Tarso Sarraf/Folhapress
O ex-deputado Paulo Rocha (PT-PA), absolvido no julgamento do mensalão
Folha - O senhor ficou feliz com sua absolvição?
Paulo Rocha - Não fico feliz porque fomos julgados politicamente --a nossa geração. É isso o que foi: era julgar o governo Lula. O PT errou? Errou, ao fazer o caixa dois. E, a partir desse erro, pegaram para transformar no que disseram ser o maior esquema de corrupção do Brasil. Foi coberto como espetáculo pela grande mídia. Isso aí é uma resposta da elite brasileira ao que o Lula disse "nunca antes na história desse país".
Mas foi um alívio para o sr.?
É claro que é um alívio, é uma carga pesada sobre você. Principalmente uma figura política como eu. Minha absolvição me beneficia para me recolocar de novo na disputa política do Estado. Mas já trouxe prejuízos. Deixei de ser governador [era um dos nomes do partido em 2006, mas não chegou a concorrer], deixei de ser senador [perdeu a disputa em 2010].
Que cargo vai disputar agora?
Sou uma das principais figuras do PT do Pará, estou dentro do projeto do PT. O PT vai montar um projeto político de disputa de 2014 e eu sou figura importante do partido, estou no projeto.
Governo do Pará ou Senado?
Vou estabelecer uma estratégia política, nós queremos ganhar o governo do Estado de novo. Naturalmente que sou um dos nomes importantes do PT. Mas tem um processo, alianças políticas. Estamos conversando.
A exposição ao mensalão prejudicou sua eleição em 2010?
Sim, a própria inelegibilidade pedida pelo Ministério Público [porque renunciou ao mandato] me prejudicou. Eu ia ser o senador mais votado do Pará. A votação do Flexa [Ribeiro, eleito senador pelo PSDB] foi 1,8 milhão. Do Jader [Barbalho] foi 1,79 milhão. Eu tive 1,73 milhão. Foi equilibrado, mesmo com o desgaste sobre mim e sobre o Jader com a Lei da Ficha Limpa, outro absurdo que o Supremo não deu conta de resolver, o problema da constitucionalidade. Era óbvio que [a lei] não valia para 2010.
Do ponto de vista pessoal, o que o sr. passou após ter sido vinculado ao mensalão?
Isso não me conteve na minha atividade política, mas é claro que houve um desgaste muito grande. Você está exposto a achincalhes, vivemos nosso calvário.
Entrou em depressão?
Não, a gente já está acostumado a esse tipo de disputa. Somos de uma geração que, ao querer mudança no país, foi tachada de muita coisa já. Mensaleiro era só mais uma. Fomos tachados de subversivos quando não se tinha democracia. Tudo se modificou [na ditadura] a partir da nossa ação política, desses que estão sendo condenados, principalmente José Genoino e José Dirceu. Não merecíamos um julgamento dessa forma, a partir de um erro que todos cometem, que é o financiamento de campanha. Foi muito injusto. Não é verdade que o PT e os principais líderes sejamos corruptos.
O sr. passou a exercer alguma atividade remunerada após deixar a Câmara?
Eu vivo de R$ 10 mil da aposentadoria da Câmara, após 20 anos de mandato. Os trabalhos que fazia com mandato continuo fazendo sem mandato. Recebendo prefeitos, deputados.
O ex-deputado Paulo Rocha (PT-PA), absolvido no julgamento do mensalão
Folha - O senhor ficou feliz com sua absolvição?
Paulo Rocha - Não fico feliz porque fomos julgados politicamente --a nossa geração. É isso o que foi: era julgar o governo Lula. O PT errou? Errou, ao fazer o caixa dois. E, a partir desse erro, pegaram para transformar no que disseram ser o maior esquema de corrupção do Brasil. Foi coberto como espetáculo pela grande mídia. Isso aí é uma resposta da elite brasileira ao que o Lula disse "nunca antes na história desse país".
Mas foi um alívio para o sr.?
É claro que é um alívio, é uma carga pesada sobre você. Principalmente uma figura política como eu. Minha absolvição me beneficia para me recolocar de novo na disputa política do Estado. Mas já trouxe prejuízos. Deixei de ser governador [era um dos nomes do partido em 2006, mas não chegou a concorrer], deixei de ser senador [perdeu a disputa em 2010].
Que cargo vai disputar agora?
Sou uma das principais figuras do PT do Pará, estou dentro do projeto do PT. O PT vai montar um projeto político de disputa de 2014 e eu sou figura importante do partido, estou no projeto.
Governo do Pará ou Senado?
Vou estabelecer uma estratégia política, nós queremos ganhar o governo do Estado de novo. Naturalmente que sou um dos nomes importantes do PT. Mas tem um processo, alianças políticas. Estamos conversando.
A exposição ao mensalão prejudicou sua eleição em 2010?
Sim, a própria inelegibilidade pedida pelo Ministério Público [porque renunciou ao mandato] me prejudicou. Eu ia ser o senador mais votado do Pará. A votação do Flexa [Ribeiro, eleito senador pelo PSDB] foi 1,8 milhão. Do Jader [Barbalho] foi 1,79 milhão. Eu tive 1,73 milhão. Foi equilibrado, mesmo com o desgaste sobre mim e sobre o Jader com a Lei da Ficha Limpa, outro absurdo que o Supremo não deu conta de resolver, o problema da constitucionalidade. Era óbvio que [a lei] não valia para 2010.
Do ponto de vista pessoal, o que o sr. passou após ter sido vinculado ao mensalão?
Isso não me conteve na minha atividade política, mas é claro que houve um desgaste muito grande. Você está exposto a achincalhes, vivemos nosso calvário.
Entrou em depressão?
Não, a gente já está acostumado a esse tipo de disputa. Somos de uma geração que, ao querer mudança no país, foi tachada de muita coisa já. Mensaleiro era só mais uma. Fomos tachados de subversivos quando não se tinha democracia. Tudo se modificou [na ditadura] a partir da nossa ação política, desses que estão sendo condenados, principalmente José Genoino e José Dirceu. Não merecíamos um julgamento dessa forma, a partir de um erro que todos cometem, que é o financiamento de campanha. Foi muito injusto. Não é verdade que o PT e os principais líderes sejamos corruptos.
O sr. passou a exercer alguma atividade remunerada após deixar a Câmara?
Eu vivo de R$ 10 mil da aposentadoria da Câmara, após 20 anos de mandato. Os trabalhos que fazia com mandato continuo fazendo sem mandato. Recebendo prefeitos, deputados.
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