Os dados divulgados esta manhã pelo IBGE mostram que “crise”, mesmo, só existe no mercado financeiro e cambial, puxada por fatores externos: basicamente, a perspectiva de alta dos juros dos títulos do Tesouro dos EUA.
O índice de desemprego continua em patamares baixíssimos, 5,8%, de fazer inveja a uma Europa que se debate com um índice de desocupação que anda nos dois dígitos e, mesmo com a recente recuperação, nada pelos 7,5% e que, para os otimistas, só em 2016, baixará para 6,5%,
Também parou a erosão do rendimento do trabalho de fato ocorrida em janeiro.
Mas estamos “em crise”, não é?
E os adversários políticos e a mídia deitam falação sobre o que tem e o que não tem de ser feito.
Então, vamos dar uma refrescada na memória que não termina no gráfico aí de cima.
Em maio de 2003, logo após a posse de Lula, a renda média mensal dos trabalhadores brasileiros era de R$ 1.444,14, em dinheiro de hoje, corrigido pela inflação.
Dez anos depois é de R$ 1.863,60, 29% maior, em valores reais, deflacionados.
A massa total de salários, que soma tudo o que é recebido como rendimento do trabalho cresceu ainda mais, com o aumento da população empregada.
Passamos de R$ 26,8 bilhões, em 2003 (sempre em valores de hoje) para R$ 43.3 bilhões. Um salto de 62,8%, em valores reais.
Alguém duvida que foi isso que alimentou a expansão da economia brasileira, muito mais do que qualquer fluxo de capital estrangeiro?
É preciso manter o sangue-frio e não jogar fora a criança junto com a água do barco.
Estamos assistindo a um possível refluxo da “enxurrada de dólares” que a crise nos países desenvolvidos despejou sobre nós. As reservas brasileiras, imensamente maiores do que eram há uma década, são uma espécie de “tanque” que tem capacidade além da necessária para equilibrar a maré.
O que não é possível é, em nome do fluxo de capitais financeiros, destruirmos as bases reais da economia: produção, emprego, renda e consumo.
Por: Fernando Brito
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