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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Viomundo - Lúcio Flávio Pinto: Como exportar energia é derrota, Pará repete seringueiro.


Lúcio Flávio Pinto: Como exportar energia é derrota, Pará repete seringueiro

publicado em 25 de junho de 2012 às 2:14
por Luiz Carlos Azenha
Recentemente, como vocês sabem, estive no Pará. A série de reportagens, focada no dia-a-dia de homens e mulheres paraenses, estreia esta noite, no Jornal da Record (19h45m).
Entrevistei o jornalista Lúcio Flávio Pinto. TV vocês sabem como funciona: entram apenas alguns segundos da entrevista.
Eu, interessado em outros temas que não estavam no foco das reportagens, acabei alongando o papo.
Decidi, assim, usar a gravação completa aqui no site, já que considero os temas tratados muito relevantes. Penso até em sugerir outra série, com foco na conversa que tivemos.
Já tratei de um dos temas da entrevista: a indignação de Lúcio Flávio com o fato de que o Brasil exporta minério de ferro de Carajás em um ritmo que, acredita ele, é um atentado à soberania nacional.
O post está aqui.
Hoje começamos a tratar de outro tema: a produção de energia elétrica na Amazônia.
Lúcio Flávio foi crítico da construção da usina de Tucuruí, que barrou o rio Tocantins. Escreveu um livro a respeito: Tucuruí, a barragem da ditadura. As hipóteses mais catastróficas mencionadas no livro — como o possível avanço da água salgada no estuário do Amazonas/Tocantins — não se realizaram.
A usina serviu especialmente para permitir a produção de alumina e alumínio por três empresas baseadas em Barcarena, Pará, e São Luís do Maranhão: Albrás, Alunorte e Alumar.
Apesar dos nomes simpáticos, nenhuma delas é brasileira.
Todas são controladas pelo capital estrangeiro e exportam produtos de baixo valor agregado. Boa parte do valor embutido no lingote de alumínio — 30% — é da energia de Tucuruí.
Tucuruí surgiu atendendo a um acordo entre a ditadura militar e o governo japonês, que pretendia se livrar, como se livrou, de suas indústrias de alumínio. De todas as atividades, a produção de alumínio é a mais eletrointensiva.
Fomos incapazes, desde a inauguração de Tucuruí, em 1984, de desenvolver projetos que nos livrassem do papel de exportadores de energia. Tucuruí custou muito em destruição ambiental, remoção de ribeirinhos, alagamento de terras férteis, para não falar do sobrepreço fantástico das obras. Foi importante para o conjunto do sistema elétrico brasileiro, mas não impulsionou o desenvolvimento regional.
Os japoneses, sim, sairam ganhando. Não participaram, como haviam prometido inicialmente, das obras da usina, mas receberam benefícios no preço da energia que permitiriam a eles construir uma segunda fábrica, equivalente à original.
Brasileiro é tão bonzinho!
Lúcio Flávio fala da perspectiva de um paraense: para o estado, o negócio foi péssimo. Apesar de contribuir imensamente com o PIB brasileiro, por conta do minério de ferro de Carajás e da energia elétrica de Tucuruí, o Pará tem alguns dos piores indicadores sociais do Brasil.
Repete a saga do seringueiro: quanto mais produzia, mais se escravizava com o seringalista que bancava suas despesas na floresta.
Na opinião do jornalista, dentro do Brasil neocolonizado, a Amazônia é uma subcolonia.
Vale a pena ouvir este trecho da entrevista:


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