A Perereca da Vizinha: Opinião: E Almir Gabriel tinha razão...:
O maior problema do Governo Jatene é o próprio Jatene.
Por sua “elasticidade” moral. Por sua inapetência pelo trabalho. Por sua incapacidade de apertar o controle sobre alguns de seus subordinados.
Por seu absoluto despreparo, enfim, para o cargo que ocupa.
Excelentes técnicos possui o atual governo.
Gente competente, honesta, trabalhadora. Gente que até vem dos movimentos sociais e que possui enorme sensibilidade em relação aos problemas da nossa população.
Técnicos que podem, sim, realizar um grande trabalho. Basta que possam, de fato, trabalhar. E trabalhar de cabeça erguida.
Mas o xis da questão, o nó cego, é o próprio Simão Robinson de Oliveira Jatene.
E isso bem demonstram os contratos da Delta Construções com o Sistema de Segurança Pública do Estado do Pará.
Em todo o Brasil, o escândalo que envolve Carlinhos Cachoeira levou a uma devassa sem precedentes nos contratos da Delta.
Há fortes suspeitas de que ela serviria “não apenas” para lavar dinheiro da Organização Criminosa de Carlinhos Cachoeira. Na verdade, teria como sócio oculto o próprio contraventor.
Há acusações de fraudes em licitações, superfaturamento, corrupção, lavagem de dinheiro, pipocando em todo o Brasil. E alguns dos diretores da Delta foram até presos pela Polícia Federal.
E, no entanto, Jatene faz cara de paisagem, como se fosse a coisa mais natural do mundo derramar dinheiro público em uma empresa com tamanha folha corrida.
Em outras palavras: como se fosse absolutamente normal injetar milhões e milhões - do meu, do seu, do nosso dinheirinho - naquela que é apontada pela PF como uma gigantesca quadrilha, dedicada, inclusive, a corromper políticos e agentes públicos. Ou seja: a conspirar contra o próprio Estado de Direito.
Atitude de Jatene? Nenhuma. Nem mesmo o anúncio de uma auditagem nos contratos da empresa. Nada. Rigorosamente, nada.
É como se o cidadão Simão Jatene não devesse qualquer explicação ao distinto público que lhe paga o salário.
É como se Jatene imaginasse que somos todos cegos, ou burros, ou loucos, para não perceber a sua virtual cumplicidade em tudo isso.
É como se os milhões da propaganda e as assessorias que distribui fartamente pudessem desonerá-lo de qualquer responsabilidade, ainda que futura, por sua inação.
Por que, afinal de contas, Jatene manteve a Delta no estado do Pará?
Por que nada faz, e nem ao menos se explica, diante dessa imoralidade, dessa bandalheira contra o erário?
Como se não bastasse a profusão de bandidos que sempre tivemos aqui, agora andamos nós, os paraenses, a sustentar, com o nosso escasso dinheirinho, também a bandidagem interestadual.
A dolce vita desses sujeitos que parecem até rir da nossa cara, confiantes de que nada lhes acontecerá.
E, se não fosse a atitude de um cidadão do Amapá, que denunciou os contratos da Delta diretamente ao procurador geral de Justiça, é bem possível que ela continuasse a receber os nossos milhões sem ser nem minimamente incomodada, nesta província esquecida pela Nação.
Do governador, nada se sabe. Escafedeu-se. Como sempre, deve ter ido pescar.
E assim, segue o Pará desgovernado, num autêntico salve-se quem puder.
Milhões e milhões escoam pelas verdadeiras crateras que vão tomando conta da máquina pública.
Porque as quadrilhas podem agir à luz do dia, já não precisam nem disfarçar: as licitações são fraudadas na cara dura; o superfaturamento é tão evidente que até uma criança consegue detectar.
E a “sensação de impotência”, essa sim é verdadeira, diante de um governante omisso, de uma imprensa comprada, de instituições corrompidas e que se fingem de mortas.
Pobres de nós, os paraenses. Pobre estado do Pará.
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