A previsibilidade do tucanato paraense e os desafios de uma nova forma de gestão do estado!!
É incrível como o modos operandi do tucanato é extremamente previsível.
Depois de carregar a mídia com factóides políticos para atacar o governo passado, eleger o ajuste fiscal e tributário como tema central de seu governo, estabelecer uma agenda mínima de governo e ressuscitar a gestão centralizada em secretarias especiais, Jatene agora ressuscita a estratégia do “seu” partido de aluguel. Tudo, como disse, dentro do script.
Estamos diante de uma espécie de “túnel do tempo”, onde a percepção política do governo tucano, é de que tudo pode ser como era antes. Estamos enfim, diante de um retrocesso histórico sem igual e o Estado do Pará será o grande prejudicado.
Os tucanos estão fazendo política olhando para trás e o desastre é iminente. Não tardará.
Atualmente, a realidade é outra, bem diferente daquela conjuntura estabelecida no primeiro governo do Jatene. Naquele momento o governo estadual representava continuidade e no plano federal ainda se travava uma disputa entre modelos opostos de gestão, ou seja, havia um embate político entre o desenvolvimentismo pregado pelo do PT e o neoliberalismo proposto pelos tucanos.
Hoje contudo, houve um avanço das forças políticas progressistas e a gestão pública passou a ter um viés mais indutor. O neoliberalismo defendido pelos tucanos foi derrotado pela possibilidade contínua de crise econômica no mundo, de forma que a agenda nacional deixou de ser a privatização e o ajuste fiscal, o debate ambiental ganhou força e a comunicação deixou de ser privilégio exclusivo dos grandes meios golpistas.
Neste sentido, o retrocesso do governo tucano no estado passa a ser mais facilmente identificado pela sociedade. Isso ficou muito bem demonstrado na pesquisa divulgada no último domingo pelo jornal O Liberal, onde fica claro que mesmo em primeiro ano de mandato a avaliação positiva do governo já é afetada diretamente pela sua inoperância, o que também é habitual dos governos tucanos.
Do ponto de vista administrativo, Jatene recebeu um estado controlado e com grande capacidade de aportar novos recursos, tanto que, em apenas oito meses de mandato do Jatene, o governo já teve dois grandes empréstimos autorizados pela ALEPA, um referente à continuidade do projeto Ação Metrópole, na ordem de R$ 300 milhões e outro referente a contra partida estadual em obras do PAC, no valor de R$ 193 milhões, este último inclusive junto ao BNDES, demonstrando que as contas do estado foram deixadas em ordem pela governadora Ana Júlia.
Vê-se portanto que a tentativa de Jatene de enganar a sociedade com a criação de factóides a respeito da situação fiscal do estado não passa de mero cinismo.
Com relação às obras em andamento, o novo governo recebeu um legado de centenas de obras, todas com fontes de financiamentos definidas, quer sejam aquelas que estão sendo executadas com recursos do tesouro estadual ou mesmo aquelas bancadas com recursos da União.
No plano estadual, é o caso, por exemplo, da ampliação da Santa Casa, do Hospital Ophir Loiola, do hospital de Ipixuna do Pará, do projeto Ação Metrópole, Navegapará, terminal hidroviário de Belém (que está pronto), entre tantas outras obras. No caso de obras em conjunto com a União, pode-se destacar as várias escolas técnicas, os parques de ciência e tecnologia em Belém, Marabá e Santarém, além das grandes obras do PAC na área de habitação e saneamento.
Isso sem falar nas obras exclusivamente federais, articuladas pelo governo passado, como o Linhão do Marajó, porto e duplicação da BR 230 em Marabá, implantação de novas universidades, além é claro da implantação dos pólos econômicos de aço (ALPA) em Carajás e de biodiesel (Petrobrás) na região Tocantina.
No contexto político, o governador Jatene resolveu novamente levar a disputa para a sua “zona de conforto”, ou seja, novamente aposta em criar musculatura política através da desfaçatez, criando o imaginário do bom gestor, competente e preparado. Só que desta vez a estratégia não está funcionando, isso porque a agenda do setor público mudou, agora, o bom gestor é aquele que cuida do povo e não das riquezas destes.
Em outras palavras, a experiência de três gestões do PT no governo federal, somado à crise econômica mundial, deslocou o discurso neoliberal e expôs a falácia do ajuste fiscal como pauta econômica do Estado brasileiro.
Isto posto, não é novidade para ninguém que a razão da péssima avaliação do governo tucano apresentada pela pesquisa, principalmente nas áreas sociais como saúde, educação e segurança, é reflexo desta nova consciência da população, que cobra ação rápida dos problemas que mais lhe afligem.
Desta vez, será mais difícil para Jatene viver seus primeiros dois anos de mandato de factóides e enganações, enquanto faz caixa para despejar nos últimos dois anos. Desta vez o povo quer ver as ações do estado agora, já.
Ademais, além da cobrança imediata, desta vez Jatene enfrenta outro agravante, o plebiscito pela divisão do estado. Isso porque independente do seu resultado, as vísceras das desigualdades intra-regionais estão sendo expostas, isso demandará ação pública em todo o estado, evitando a concentração de recursos e investimentos do estado somente em grandes obras para a classe alta da capital.
Por fim, há de se mencionar ainda o avanço do acesso de grande parcela da população a novas fontes de comunicação. Não que os grandes meios de comunicação deixaram de ter papel importante como formadores de opinião na sociedade, mas é que agora eles não jogam mais sozinhos.
A blogosfera e as redes sociais, hoje conseguem repercutir informações a cada vez mais pessoas, de forma livre, ágil e interativa. A informação está sempre seguida de análises diversas e as opiniões dos “grandes” jornalões já chegam defasadas a esse público.
Em suma, apesar do grande pacto da elite paraense em torno desse novo governo, continuar seguindo os velhos preceitos da cartilha tucana, o levará rapidamente ao esgotamento.
O Pará não merece isso. Estamos diante de um retrocesso histórico e da perda de uma grande oportunidade de desenvolvimento. Estamos à deriva, sem comando, sem rumo. Mais que isso, estamos diante da possibilidade de terminarmos o ano deixando de existir.
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