BLOG DO VICENTE CIDADE

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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Coincidência? Não. Conseqüência!!



















O assassinato do casal de extrativistas em Nova Ipixuna trás à tona uma triste coincidência: por que será que esses crimes odiosos ocorrem com maior freqüência quando os tucanos estão governando o Pará?

Não quero aqui, em absoluto, imputar culpa ao governo tucano pelo ato em si, mas na realidade o que estou dizendo é que os governos tucanos costumam ter proximidade desse tipo de gente e compromissos políticos com essa pauta dos madeireiros.

É verdade ainda que uma das causas dos crimes dessa natureza se deriva do sentimento de impunidade que é muito grande no país, mas, quando se soma esse sentimento de impunidade com a sensação de “proximidade” do poder, isso tende a maximizar essa expectativa.

Digo isso porque não vi da principal autoridade do estado, o governador Simão Jatene, reação à altura dessa tragédia, a indignação necessária para qualificar crimes políticos como esses. Não faz sentido dar a esse crime de extermínio, um tratamento como se fosse um crime “natural”, até porque o governador bem sabe que esse tipo de ação é uma chaga que permeia a história do Pará e que precisa ser duramente combatida.


Leia abaixo a matéria da Revista Carta Capital repercutindo o assassinato:

Assassinato e barbárie na floresta « CartaCapital

Felipe Milanez
24 de maio de 2011 às 10:00h

O casal José Claudio Ribeiro, e dona Maria do Espírito Santo, foram assassinados nessa manhã em Nova Ipixuna. Esse é mais um crime brutal que ocorre no sul do Pará. Eles teriam sofrido uma emboscada, na área do assentamento. Zé Claudio, atento às ameaças, buscava sempre evitar repetir caminhos para chegar até a cidade. Integrantes do Conselho Nacional dos Seringueiros, eles eram marcados para morrer.

O crime teria ocorrido, segundo informações preliminares da Comissão Pastoral da Terra de Marabá, por volta das 7h30 desta terça-feira. “Assassinaram o José Claudio e a Dona Maria. Esse crime não pode ficar impune” disse, por telefone, o advogado da CPT José Batista, que estava indo até o local para acompanhar as investigações, laudos, exames e fatos que possam ser importantes para o esclarecimento do caso.

Segundo Batista, a Comissão Pastoral da Terra esteve no local do crime – uma ponte localizada dentro do assentamento Agro Extrativista Praia Alta Piranheira, a cerca de 8 km do local onde o casal morava. Por volta das 7h30, eles estavam indo para a cidade – provavelmente para fazer novas denuncias de ameaças. No momento, madeireiros estavam no seu lote e cortavam árvores castanheiras.

Os ativistas foram emboscados na ponte por dois homens, pistoleiros que estavam de tocaia e que usavam armamento pesado. Foram alvejados com tiros de escopeta, revolver calibre 38 e pistola 380, com muitos tiros. Caíram ao lado de uma grande árvore e morram no local.

A polícia chegou por volta das 12 horas - segundo a CPT, se preparo para proteger o local do crime para perícias.

O clima estava pesado na região: madeireiros deixavam recados, enquanto pistoleiros rondavam a casa onde vivia o casal.

Repercussão

Em reunião com ex-ministros do Meio Ambiente para discutir a votação do novo Código Florestal, hoje pela manhã, a presidenta Dilma Rousseff já foi informada do assassinato. Gilberto Carvalho prometeu acompanhar de perto as investigações.

José Cláudio e Dona Maria do Espírito Santo moravam no assentamento extrativista Praia Alta/Piranheira, em Nova Ipixuna, no Pará, próximo a Marabá. Eles representavam o elo mais frágil da cadeia de pressão pelo carvão de mata nativa, de madeireiras e de grilagem de terras para a pecuária. Denunciavam, há meses, que estavam sendo ameaçados. A pressão viria pela parte de madeireiros da região, em busca das castanheiras e outras árvores nobres, e por carvoeiros. E era alimentada por disputas internas na coordenação do assentamento, entre aqueles que se aliavam aos fazendeiros, e os que eram contra. Ribeiro e Maria estavam isolados.

Conheci Zé Cláudio e dona Maria no ano passado. As ameaças que sofriam ganham cada vez mais contundência – ele teria escapado de uma emboscada em agosto de 2010. Pistoleiros haviam procurado por ele em sua casa. Ele não estava.

Em uma entrevista que fiz com ele recentemente, José Cláudio afirmou que sempre foi frontalmente contra a entrada dos madeireiros no assentamento, que teria iniciado cerca de quatro anos atrás, por volta de 2007, quando o preço do carvão estava em alta. E por sua objeção, foi retirado da coordenação política do assentamento (que é gerido pela Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar – FETAGRI).
Os madeireiros procuram castanheiras, que são serradas em Nova Ipixuna. Os resíduos das castanheiras viram carvão – assim como as áreas desmatadas dentro do assentamento.
O assassinato do casal ocorreu no sul do Pará, a região mais violenta do campo no Brasil, local marcado pelo massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996.

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