A verdade é que, mesmo na democracia, a idéia dissiminada de que o "eleito" pode fazer tudo o que desejar enquanto estiver resguardado por um mandato popular a ele atribuído, ainda hoje permite que gestores públicos usem e abusem do direito de comandar o estado da forma como bem entenderem, sem dar a menor importância se seus atos estão ou não de acordo com os anseios populares.
No primeiro caso, de incompetência, o prefeito de Marabá, uma das cinco maiores do estado, o Sr. Maurino Magalhães, não satisfeito com os rumos que a sua administração está seguindo, resolveu, por um único decreto, exonerar das funções públicas, todos, eu disse todos, os secretários municipais, assessores comissionados lotados na prefeitura e nas secretarias, além dos servidores temporários, conforme publicação que pode ser vista pelo neste link: Diário do Pará - Pará Prefeito dispensa todos os secretários municipais.
O ato do prefeito, além de extremamente curioso, revela todo o seu despreparo para gerenciar uma cidade como Marabá, deixando a mercê da sorte a sua população, que certamente sofrerá as consequências dessa medida tão inusitada, já que deixa toda a gama de serviços públicos sem comando.
Já pensou se essa moda pega? o cara quer se eximir de culpa, dispensa todo mundo e tenta parecer para a sociedade que é bom gestor alegando que se não der resultado, sai.
Só que alguém tem que falar pra esse maluco que o bom gestor acompanha seus comandados, orienta e cobra e, se for o caso, o dispensa. Agora, num ato só exonerar todo o comando da cidade, a incompetência não dos comandados e sim do comandante, que não tem a menor noção do que está fazendo.
Com relação ao segundo fato, este sim por soberba e arrogância, foi cometido pelo atual governador do Pará, Simão "Lorota" Jatene, que, em entrevista ontem no programa Argumento, do Mauro Bonna, disse que não tinha intenção de promover em seu governo nenhuma política de participação popular.
Para Jatene, a eleição, por si só, já é um elemento de participação popular, não precisando, segundo ele, que a gestão do estado tenha que "ouvir" a sociedade sobre a aplicação dos recursos públicos, pois, segundo ele, isso emperra a gestão e gera grandes expectativas.
Na verdade, essa posição do Jatene reflete o pensamento de quem faz política visando seus interesses próprios e não os interesses da população, que pela lógica dele, não chamada a participar do processo de gestão do estado, só a dar o seu "aval", de quatro em quatro anos. Essa é uma forma antiga de fazer política. Pra que "negociar" com o povo se existe a Assembléia Legislativa, onde, composta maioria, por todo tipo de negociata que possa imaginar, pode-se governar, digamos, "a volonté".
Na prática a verdade é outra, eleição é eleição e gestão é gestão. Quando o povo elege um sujeito, ele não fica desobrigado a prestar contas à sociedade, ainda que durante o mandato. Essa decisão do Jatene de excluir a sociedade do seu governo, releva o primeiro retrocesso que o governo tucano irá impor ao estado nessa nova gestão.
Assim, no lugar de termos o avanço do PTP, com as suas devidas correções de rumo que eram necessárias, teremos a volta do orçamento "iluminista", onde técnicos que sequer conhecem o estado, são tomadores das decisões sobre o orçamento público e sua aplicação.
Um retrocesso. Paciência !!
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