Uma análise política, quando se equivoca no princípio, torna muito difícil a sua contraposição, posto que não fica muito claro o que se pretende debater, tornando igualmente complexa sua resposta, uma vez que para fazê-lo é preciso primeiro tentar entender as críticas, antes mesmo de refletir sobre elas.
Essa avaliação assinada pelo companheiro Luiz Feitosa, em nome da tendência interna do PT Articulação de Esquerda – AE, busca se contrapor à analise feita pelas tendências que compõe o grupo de signatários da Mensagem ao Partido com atuação no PT do Pará, inclusive a DS.
O documento parte de uma confusão que o desqualifica como um todo. Essa confusão é fruto do não entendimento entre o que é partido e o que é governo, bem como a distinção dos seus papeis. Isso, ao meu ver, compromete a análise e o debate proposto, já que a formulação da crítica na maioria das vezes é remetida ao destinatário errado, ou seja, críticas que poderiam ser dirigidas ao partido, são feitas ao governo e vice versa.
Enfim, para “debater” com os companheiros da AE, vou fazer algumas considerações por tópicos, remetendo a parágrafos do texto em análise e assim facilitar o entendimento. Por outro lado, como a construção do texto da AE não permite fixar uma crítica central, haja vista conter vários equívocos, forçosamente esta avaliação deverá ser um pouco longa.
A eleição de 2006
Muitas das análises políticas que estão sendo feitas por companheiros do PT, se remetem à vitória de 2006 como um processo isolado, motivado exclusivamente pela trajetória de lutas do partido, o que, obviamente não condiz com a conjuntura política da época. Vale resgatar que naquele momento o PT atravessava um dos piores momentos de sua história, com o escândalo do suposto mensalão, saída de militantes para a formação do PSOL e no campo local a derrota na eleição municipal em Belém.
Neste mesmo período, no campo político, a eleição de Almir Gabriel para o seu terceiro mandato era dada como favas contadas. Entretanto internamente os tucanos não estavam em sintonia fina, a disputa interna entre Almir e Jatene, embora camuflada, acabou gerando abalos significativos na campanha, posto que o próprio Almir acusou Jatene de ter feito corpo mole em sua campanha, o que, segundo ele, foi decisivo para o sua derrota.
De outro lado, o PMDB e seu cacique Jader, enfrentavam uma conjuntura bem complicada. O PMDB via seus quadros migrarem para o guarda chuva tucano e com isso diminuindo seu poder político no estado e ao mesmo tempo a sua musculatura eleitoral. Já o seu maior líder Jader Barbalho, via o seu poder econômico e sua influência política diminuídos, a medida que seu grupo de comunicação era boicotado pela aliança dos tucanos com o Grupo ORM/Globo, e ainda pelo enraizamento que a era tucana criou nas estruturas de poder do estado, principalmente no poder judiciário, antes controlado e agora temido por Jader.
Destaco ainda que naquele momento a indicação do companheiro Mário Cardoso para concorrer ao governo do estado era vista como sacrifício político. Isso só não ocorreu porque os interesses de PMBD e seu cacique vieram na direção do PT, já Jader viu naquela aliança a sua “tábua de salvação”, o que aliais se concretizou com a vitoria do PT.
Sem dúvida o PT é um partido que tem sua força política, mas que naquela conjuntura, isolado, não teria condições de ganhar a eleição com o Mário. Isto posto, a determinação para que Ana Júlia viesse como candidata ao governo, tinha, além da possibilidade de ter um nome mais competitivo, a intenção de estabelecer um palanque mais forte para chamar votos para a reeleição de Lula.
Portanto, a vitória se dá nessa soma de fatores, potencializado numa campanha bem articulada, com estratégias bem definidas e ainda pelo natural desgaste dos doze anos de “desgoverno” tucano.
Caro Vicente, as suas respostas foram publicadas no nosso blog.
ResponderExcluirhttp://artesquerda.blogspot.com/