Miopia Política
Comparar o modo de governar de Ana Júlia com o de Edmilson é outro equívoco. O que há de similaridade é somente o fato de que ambos pertenciam a tendências minoritárias do PT, trazendo como conseqüência a mesma relação conflituosa entre governo e partido.
O Edmilson na prefeitura centralizou as decisões do governo de forma extremamente autoritária, intervindo diretamente nas ações de todas as secretárias, criando, na figura do Aldenor Jr., um poderoso sub prefeito e ainda uma brigada desordeira para amedrontar todos os seus oponentes, da direita e da esquerda.
Esse comportamento jamais poderá ser atribuído à Ana Júlia ou a DS. Atribuir idêntico comportamento, além de ser falso e maldoso, talvez seja fruto da superficialidade da análise política que o companheiro Feitosa apresenta.
Aliais, uma crítica pessoal que faço ao governo da companheira Ana é exatamente o contrário, no meu entendimento faltou centralidade nas ações do governo, faltou um plano de ação estratégica em que houvesse o comprometimento de todas as secretarias para a sua implementação. Se ficasse definido que seria o PTP, por exemplo, que todos trabalhassem para a sua execução. Não foi o que aconteceu.
Cada secretaria trabalhava de forma isolada, como fosse um governo a parte, um “feudo”, e o pior é que muitas vezes sequer faziam referências ao nome da governadora e ainda usavam a estrutura para potencializar seus mandatos ou estratégias políticas, isso tudo fruto da confusão entre governo e partido. Faltou responsabilidade com o governo.
Se de fato houvesse um Núcleo Duro que impusesse centralidade a cada secretaria, essa situação teria sido diferente. Acredito que essa centralidade não existiu exatamente porque a DS não tinha força suficiente para enquadrar os secretários das outras tendências. Não me recordo de nenhum caso onde tenha ocorrido alguma intervenção da governadora em qualquer secretaria ocupada pelo PT. Lembro sim, do caso da SESPA, que era ocupada pelo PMDB.
Há de considerar ainda, corroborando com essa idéia, que, mesmo com todo o chororô, todas as tendência do PT cresceram. O PT ampliou substancialmente suas prefeituras, que passou de 11 para 27, graças ao apoio do governo nas eleições de 2008, das quais só quatro podem ser consideradas próximos a DS (forçando a barra), ademais todas as principais tendências foram vitoriosas em suas táticas eleitorais, ampliando seus mandatos parlamentares.
Sinceramente acho até ofensivo quando um companheiro se refere aos demais colegas do partido como “marionetes”. Dizer que o tal Núcleo Duro da DS controlou o PT e os movimentos sociais é de uma ingenuidade que chega até ser hilária, não foram poucas as vezes em que o grupo majoritário do partido fez pressões fortíssimas sobre a governadora, desencadeando crises para fazer valer seus interesses.
Também não concordo com a posição dos companheiros da AE, quando Feitosa afirma que houve controle da DS sobre os Movimentos Sociais. Houve sim a busca de diálogo, até porque em sua grande maioria seus dirigentes são compostos por lideranças petistas.
Sobre isso aliais mais um exemplo da crítica endereçada ao destinatário errado, culpar o governo por uma relação que ele afirma ser de submissão dos movimentos sociais é não perceber que isso é fruto do distanciamento do PT das suas próprias bases e da falta de formação política de sua militância. Cabe ao partido preparar suas lideranças para que essas possam discutir suas pautas com qualquer que seja o governo, sem subserviência.
Visão Tacanha do Processo Político
A visão demonstrada no texto da AE mostra-se descolada de uma análise política mais consistente, vez que não só não reconhece os acertos do nosso governo, como também não percebe a conjuntura de reunificação da direita em torno do Jatene.
A preocupação central em achar “culpados”, obscurece a análise mais apurada do processo político, que vai bem além do próprio PT. Não perceber que nessas últimas eleições houve no Pará um processo de realinhamento das forças da direita ou não incluir esse fato no debate é, no mínimo, apequenar o seu conteúdo.
É incrível como os companheiros da AE creditam à DS um equívoco político que foi cometido pelo partido e sua direção majoritária, Ocultam que a DS foi expurgada do processo de construção da tática eleitoral até o fim do primeiro turno e que isso foi uma resposta da direção do PT ao fato de que a DS percebeu que o PMDB não vinha compor conosco na coligação eleitoral e que por trás estava negociando com o Jatene.
Os companheiros não estão percebendo que não interessava a ninguém da direita a hegemonia do PT no estado e isso ficou muito claro no segundo turno, quando o PT veio praticamente sozinho, todos aqueles partidos que “estavam” no primeiro turno correram para a candidatura tucana.
Aquele PMDB moribundo de 2006 já não existia mais. No lugar dele surgiu um PMDB rearticulado, com 40 prefeituras graças a participação no governo, muitos cargos no governo estadual e retorno muitas lideranças que haviam abandonado o partido. Quanto a Jader, esse já estava refeito financeiramente já que seu grupo de comunicação passou a receber as benesses do governo e viu seu concorrente ser desprestigiado na relação com o estado.
O direção do PT não compreendeu o xadrez político que estava sendo jogado, Jader envolveu o PT com falsas promessas, o que levou o PT jogar o seu jogo. Deu no que deu.
Cidade, me conta aí, como se deu o golpe do Puty contra Suely Oliveira, que era candidata natural a deputada federal e foi "convencida" a mudar de rumo e abraçar uma candidatura suicida a deputada estadual?
ResponderExcluirCaro anônimo,
ResponderExcluirEm minha avaliação pessoal a companheira Suely pecou quando não consiguiu ampliar sua base dentro e fora da DS. Tu sabes tanto quanto eu que em política não existe espaço cativo, a conjuntura é que determina os fatos.
A Suely teve nas mãos um dos principais espaços de governo ocupado pela DS, que permitia uma atuação de grande visibilidade para a companheira, faltou alguma coisa, porque a SEDURB não aconteceu como poderia. Não venha me falar em boicote !!
Uma candidatura a Federal exige força política interna e externa, então, ainda que houvesse disputa interna na DS pela indicação, faltou para a Suely arregimentar apoio externo que influenciasse a decisão interna da tendência, tais como lideranças dos movimentos populares, sociais e políticos, principalmente prefeitos, com quem ela tinha um trânsito estratégico.
É como eu vejo a questão.
Um abraço.
Eu acho um absurdo dizer que a Suely não teve apoio externo dos movimentos sociais claro que ela teve e tem esse apoio mas contra a máquina não se briga. A Suely seria uma deputada federal mil vezes melhor que o Puty pois ela tem história que lhe credencia é um lutadora em prol daqueles que mais necessitam e o Puty qual é sua história pois nem dentro do próprio PT não era conhecido.
ResponderExcluirCaro anônimo,
ResponderExcluirPrimeiro, a Suely era a "máquina" meu caro.
Segundo, é disso que eu estou falando, a companheira Suely é DS, ou não é? as vezes parece que ela tem um grupo próprio e não consegue ampliar, essa postura isola a companheira.
Terceiro, se o Puty será ou não um bom parlamentar só o tempo nós dirá, agora, a verdade é que o companheiro teve muitos méritos, conseguiu trabalhar bem e conquistou apoio em todos os municípios do Pará, mesmo sendo bombardiado dia e noite, dentro e fora do PT.
De minha parte torço para que ele seja um bom parlamentar, tem preparo e comprometimento, ao contrário do que tu pensas.
Bem, para se eleger, o Puty vendeu a alma para o diabo, fazendo alianças pra lá de esquisitas, como foi o caso de jacundá, com o Marquinhos do PPS.
ResponderExcluirTalvez essa amplitude não fosse do agrado da Suely. Não é mesmo?
Em 2006 Suely foi candidata a Dep. Federal e teve perto de 51 mil votos, sem apoio de qualquer máquina, sustentando essa candidatura na unidade da DS e nos movimentos sociais. Imagine com o apoio da máquina do Estado e uma eventual unidade da DS, o que não seria possível? Antes não se dizia sobre os tais apoios externos...
ResponderExcluirCompanheiros,
ResponderExcluirA DS elegeu seu deputado federal. Se fosse a Suely seria eleita? não sei. A companheira teve uma super máquina e não se elegeu estadual, eu por exemplo dava como certa a eleição dela. Até porque acho que ela seria uma excelente parlamentar também.
Quanto a questão das alianças, o que podemos falar? nossa aliança para governo vendeu a alma ao diabo e o que é pior, não valeu de nada. E aí? alguém falou alguma coisa? alguém deixou o PT por conta disso? não.
Agora tem uma coisa, falar em unidade na DS quando se dá preferência a um candidato de outra tendência é fácil. Querer parecer difente sendo igual meu companheiro, não dá !!
O Pro-jovem todo era Puty isso que é máquina. Veja a entrevista do Bordalo para o blog do espaço aberto ele diz que teria que ser pessoa do meio para ser colocado na casa civil.
ResponderExcluirCompanheiro,
ResponderExcluirMáquina todos tiveram, é isso que estou dizendo.
Mas não esqueça que o Pro-Jovem era um programa com recursos federais captado pela Casa Civil, não era recurso do estado repassado preferencialmente ao programa para ajudar o Puty, todo recurso dependeu da capacidade de captação.
Quanto ao Bordalo, eu mesmo postei a entrevista dele aqui. Ele tem a opinião dele, eu respeito. Concordo com algumas coisas que ele disse, com outras não.