BLOG DO VICENTE CIDADE

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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Divisão do Pará - Guerra de números e pouca informação !!

Destaquei abaixo algumas postagens sobre a divisão do Pará, para servir de subsídio ao debate, visto que, como já era esperado, a primeira semana dos debates na propaganda eleitoral tem se concentrado na disputa de números e relatórios. Tem para todo gosto.

De concreto a disputa de números só leva à desinformação e desinteresse geral da população que, em meio as meias verdades ditas pelos dois lados, tem que tomar uma decisão até o dia 11 de dezembro.

Esse processo de despolitização da campanha é fruto direto da irresponsabilidade do senador Sarney que aprovou a realização do plebiscito às escuras, na marra. Digo isso porque existe hoje no Congresso Nacional propostas de realização de vários plebiscitos Brasil a fora, o que poderia resultar na criação de 23 novos estados, o que na prática implicaria dizer a construção de uma nova Federação.

Ou seja, algo está errado, muito errado, estamos a mais de 20 anos tentando fazer uma reforma tributária no país e não conseguimos justamente porque esbarramos nas questões federativas, entretanto se admite a realização de um plebiscito para a criação de dois novos estados, sem que absolutamente nada esteja definido. Conclusão: sobra dúvidas e incertezas sobre o processo.

Isso está muito bem representado no debate central que se colocou neste primeiro momento da campanha: a cota parte do FPE que o Pará recebe hoje de transferência direta da União, que estaria em torno de R$ 2,3 bilhões anuais, correspondendo a uma cota parte fixa de 6,1120% do total do fundo, conforme mencionado na matéria abaixo. Ocorre que enquanto os divisionistas alegam que a divisão será benéfica porque, em tese, aumentaria o volume de recursos federais em R$ 3 Bi para a região, sem no entanto demonstrar como, os contrários a divisão afirmam que não haverá mais recursos e sim a divisão da cota parte de 6,1120% entre os três novos estados.

Na prática, o argumento dos dois lados estão equivocados, justamente por falta de parâmetros legais concretos para arbitrar esse debate. Ou seja, não há como afirmar se os dois novos estados fariam jus a cotas parte distintas, mantendo-se a mesma cota parte do Pará remanescente ou se haveria a simples divisão da cota parte existente hoje entre os três novos estados. Ademais, para completar o cenário de incerteza, o STF decretou a inconstitucionalidade da lei que rege a divisão atual do FPE, com isso, todo debate sobre essas cotas partes são meras suposições.

Outras questões incertas sobre o plebiscito também serão muito debatidas daqui para frente, tais como: 1) quem definiu a composição territorial de cada estado? 2) como ficará os empréstimos feito pelo estado mãe, serão rateados? 3) como ficarão os funcionários públicos? entre outras. A resposta: uma lei complementar terá de ser feita pela Alepa, onde essas questões deverão ser dirimidas, como? não se sabe. Depois essa lei terá de ser ratificada pelo Congresso Nacional e finalmente sancionada pela presidência da república.

Isto posto, não fica evidente que teria sido melhor o Congresso aprovar uma lei definindo todos esses aspectos antes de autorizar a realização do plebiscito?

Tem mais uma coisa, se o plebiscito é só o primeiro passo para a criação de novos estados, e se há todas essas incertezas a serem definidas posteriormente, uma outra questão muito importante surge: se o SIM ganhar, o governo do Pará deverá continuar investindo nas regiões separatistas enquanto os mesmos não virarem estados de fato?

Pois é, são mais dúvidas do que certezas, por isso vou tomar minha decisão pautado no que considero mais palatável, ou seja, a partir da reflexão das expectativas de desenvolvimento estabelecidas para o estado mãe. No entanto, vou dividi-las com vocês em outra postagem, porque essa já tá muito grande. Valeu !!

3 comentários:

  1. Em minhas andança matinais na Doca encontrei o amigo economista João Olinto, que foi logo levantando uma questão que o “encucava”. Disse que, por mais que tentasse não tinha conseguido entender a teoria do Economista Célio Costa, que afirmava a certeza de incremento de 3 bilhões no FPE, com a divisão do atual estado do Pará em mais dois estados. Por isso me pediu que eu dissesse alguma coisa a respeito, tendo em vista que eu era engenheiro, portanto mais afeito a matemática. Eu disse a ele que também não havia conseguido entender esse brilhante estudo que foi apresentado para embasar a panacéia da divisão do Pará.
    Nessa altura da conversa se aproximou o Carajazildo, que se diz primo legítimo do Eremildo, o Idiota, e foi logo se metendo dizendo o seguinte: “ora, sejam inteligentes, aproveitem ocasião e dividam o Pará, alem dos dois, em mais 30 estados e assim vocês conseguirão uma transferência de FPE adicional, não de três bilhões, mas de 49,5 bilhões, que, somado aos 2.3 bilhões atuais, totalizaria o montante de R$-51,8 bilhões”.
    Como estava no final de minha caminhada, me despedi dos presentes e fui para casa pensando que estávamos diante de um verdadeiro milagre da “multiplicação do FPE”. AFP

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  2. CAro anônimo segue texto do mestre Mairata, que acredito vai muito bem para essa questão.

    Em primeiro lugar, essa campanha é parcial, haja vista que esconde o aumento das despesas que a criação das novas unidades traria. Estudo feito pelo IPEA (não pelos "unionistas") mostra que esse aumento nas citadas despesas seria de 36,7%. Considerando o OGE (Orçamento Geral do
    Estado) do Pará para 2012, que projeta um gasto total do Estado na ordem de R$ 12,9 bilhões a
    criação dos dois novos Estados provocaria uma despesa adicional em cerca de R$ 4,7 bilhões,
    o que é superior ao midiático "ganho" no FPE conforme assevera a propaganda separatista, que
    seria de R$ 3 bilhões.
    Contudo, além dessa parcialidade na informação (apregoando um aumento nas receitas, mas
    escondendo o nas despesas), a informação sobre o citado ganho é fantasiosa.
    Com efeito: atualmente, a distribuição do FPE entre os Estados é feita conforme a Lei
    Complementar 62/89. E, de acordo com esta, há uma tabela de coeficientes fixos para cada
    unidade federativa, ou seja, não há vinculação com área, população, PIB, renda per capita,
    absolutamente nenhum critério variável. E, nesse rateio do FPE (constituído por 21,5% da
    arrecadação do IR e IPI) o Pará recebe exatos 6,1120%. Na LC não há qualquer previsão para
    novas unidades federativas.
    Ainda há mais: o STF, em sessão realizada em 24/02/2010 decretou a inconstitucionalidade da
    referida LC, estabelecendo um prazo final para a sua vigência, a qual irá expirar em 31/12/2012.
    Até lá, o Congresso Nacional terá que aprovar novo estatuto legal para a repartição do Fundo.
    Há, tramitando, um PLC, de autoria conjunta dos senadores Jorge Viana (PT-AC), Randolfo
    Rodrigues (PSOL-AP), Romero Jucá (PMDB-RR) e Valdir Raupp (PMDB-RO), na qual são propostos critérios de divisão (mas ainda sem o estabelecimento de percentuais) com base em:
    IDH, Renda per capita; População; Percentual de unidades de conservação e áreas indígenas;
    PIB; e saneamento básico.
    É só. O resto é delírio.
    abs,

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  3. Com toda essa dúvida é melhor deixar como está, e fazer um estudo mais definido, para podermos analizar os prós e os contras para melhoria de todos, não para melhorias de alguns interessados, este momento é muito sério, não se pode votar de qualquer jeito, sem conhecimento no que estamos votando.Abraços

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