A Espanha entra no brete « Projeto Nacional
Amanhã a Espanha “escolhe” seu novo governo. Entre aspas, mesmo, porque o premiê Mariano Rajoy, do Partido Popular, de direita, já está escolhido há tempos. Embora não seja, como Lucas Papademos, na Grécia, e Mario Monti, na Itália, Rajoy vai ao governo mão para mudar, mas para aumentar a dose de políticas recessivas que os antecessores – os seus e os dos outros – aplicaram conta a crise de suas dívidas.
Os títulos de dez anos do Governo espanhol, como você vê no gráfico, subiram fortemente esta semana, mesmo não havendo nenhuma insegurança de que será eleito um governo absolutamente dócil às pressões de mercado.
A Espanha, nova “bola da vez”, aparentemente, não tem condições de cortar mais. O desemprego já atingiu 20% – 50% entre os jovens – e a economia nacional está em ruínas.
O novo governo assume não para mudar este script.
Aliás, não pode mesmo ter nenhum outro roteiro, porque os problemas espanhóis não são os da Espanha, como os italianos e gregos não eram basicamente deles mesmos.
Quando a Europa, com o Euro, tornou-se uma nave com o largo vaso comunicante da moeda única, também aboliu os compartimentos estanques das economias nacionais.
Quando as partes mais podres de seu casco começaram a fazer água, os tripulantes do convés e a turma da torre de comando – a capitã Alemanha e seu imediato, a França – tornaram-se furiosas e exigem tudo do pessoal do porão, porque sabe que toda a embarcação está sob ameaça.
Mas, ainda assim, não estão dispostas a arregaçar as pernas das calças e ajudar com os baldes. Há uma recusa completa em permitir que o Banco Central europeu emita moeda ou compre tíulos das economias em dificuldades para remendar os estragos.
E, nestas condições, não haverá ajuda de parte alguma do mundo. Ninguém que ser convidado para um naufrágio, sobetudo quando a torre de comando do navio permanece arrogante e olímpica, intolerante a discutir qualquer mudança de rumo.
Por: Fernando Brito
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