'É uma grande fantasia', diz diretora sobre denúncia em ministério
Diretora da pasta de Cidades negou ter forjado parecer de obra da Copa.
Projeto trocou obra de transporte por outra R$ 700 milhões mais cara.
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A diretora de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Luiza Gomide Vianna, classificou nesta quinta-feira (24), em entrevista coletiva, de "grande fantasia" a denúncia de que teria forjado documento que autorizou mudanças em projeto de mobilidade urbana em Cuiabá (MT), ampliando o custo da obra para R$ 1,2 bilhão - R$ 700 milhões a mais do que o previsto na proposta original.
O projeto inicial previa a construção de um corredor de ônibus (BRT, Bus Rapid Transit, na sigla em inglês), que já contava com financiamento aprovado. Em junho, o governo de Mato Grosso anunciou que pretendia deixar o BRT de lado em troca da implantação de um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). A obra é mais cara, mas, segundo o governo, é necessária para atender a um movimento maior do que o BRT comporta.
Para obter ajuda financeira do governo federal, o governo de Mato Grosso necessitava de um parecer favorável do Ministério das Cidades.
Segundo reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", Luiza Vianna teria forjado parecer do analista de infraestrutura da pasta Higor Oliveira Guerra, que se posicionou contra a mudança no projeto, para autorizar a troca do BRT pelo Veículo Leve sobre Trilhos.
Na entrevista coletiva, Luiza Vianna admitiu que revisou o parecer, mas argumentou que o procedimento é "costumeiro" e não configura fraude.
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Segundo ela, a nota técnica de Higor Oliveira foi inserida "inadvertidamente" no processo de análise das demandas do governo de Mato Grosso e jamais refletiu a posição do Ministério das Cidades sobre o assunto.
"A nota técnica do funcionário foi inserida inadvertidamente, sem o meu aval, no processo, e não correspondia à análise da minha diretoria. É uma análise particular do servidor, com uma série de vícios, com adjetivos que não cabiam numa nota técnica de governo, uma série de achismos. Por isso eu revisei. Eu tenho essa prerrogativa de fazer essa análise porque é o meu nome que estará lá", afirmou.
A diretora do Ministério das Cidades defendeu a construção do VLT e disse que a mudança não acarretará em custo adicional para o governo federal. Segundo ela, os R$ 700 milhões adicionais serão pagos pelo governoe estadual.
"Certamente é um investimento que trará benefício à população. Não há aumento no gasto federal. Há aumento do gasto estadual. É contrapartida do governo estadual , com os R$ 700 milhões. São R$ 423 milhões pagos pelo governo federal. O restante é contrapartida do governo de Mato Grosso", disse.
Vazamento
Luiza Vianna acusou o analista de infraestrutura de ter "vazado para a imprensa" o parecer técnico revisado. "Sim [foi ele que vazou a nota]. Não posso falar o que motivou isso. Acho que ele ficou chateado porque não foi a nota técnica dele a utilizada e sim a da coletividade", afirmou.
Luiza Vianna acusou o analista de infraestrutura de ter "vazado para a imprensa" o parecer técnico revisado. "Sim [foi ele que vazou a nota]. Não posso falar o que motivou isso. Acho que ele ficou chateado porque não foi a nota técnica dele a utilizada e sim a da coletividade", afirmou.
Segundo ela, o Ministro das Cidades, Mario Negromonte, determinou a abertura de uma sindicância para investigar o vazamento do documento e a inserção dele no processo de análise do projeto de construção do VLT.
"Houve uma quebra de confiança. O ministro já solicitou uma sindicância para apurar o ocorrido", afirmou. A diretora negou ainda ter sofrido pressão para modificar o parecer de Higor Oliveira. Segundo ela, as alterações foram resultado de um "amplo debate" entre técnicos do ministério.
"A gente debateu quase três horas sobre isso, com todos os meus técnicos, inclusive com o técnico que gerou toda essa situação. Ele ficou inconformado que não foi utilizada a note técnica dele no processo, porque não representava a nota técnica da secretaria e da diretoria. Não houve pressão", disse. Ela disse que já revisou outros pareceres de Higor Oliveira, mas que essa foi a primeira vez que ele se recusou a assinar o relatório modificado.
"Ele se recusou a assinar a revisão da nota técnica. Sempre há revisão. É de praxe a análise de qualquer texto", afirmou.
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