BRT de Belém ficará mais caro que o de Manaus. Custo por quilômetro é o dobro do previsto no estudo da Jica de 2009. E também supera o preço dos BRTs de Goiânia, Recife e Porto Alegre.
É incrível, mas verdadeiro: a implantação do BRT (Bus Rapid Transit, ou ônibus rápido) ficará bem mais cara em Belém do que em Manaus, a capital do vizinho estado do Amazonas.
Em Belém, segundo a proposta do prefeito Duciomar Costa, o BRT sairá por cerca de R$ 400 milhões. Já em Manaus o BRT ficará em pouco mais de R$ 290 milhões.
O corredor de BRT de Manaus (23 km) será até maior do que o do BRT de Belém (20 km).
E a população atendida, também: Manaus possui 1,8 milhão de habitantes, e Belém apenas 1,4 milhão.
Esses R$ 290 milhões do BRT de Manaus (que já incluem R$ 30 milhões para desapropriações) resultarão num custo de R$ 12,6 milhões por quilômetro.
Já o BRT de Belém (do qual se ignora o montante previsto para desapropriações) significará um gasto de R$ 20 milhões por quilômetro.
O valor do BRT proposto pela Prefeitura de Belém (que vai apenas de São Braz a Icoaraci) será maior ainda que o previsto no projeto Ação Metrópole, do Governo do Estado.
Segundo reportagem publicada pelo jornal Diário do Pará de 17 de abril de 2011, página A4, o corredor metropolitano de BRT do Ação Metrópole custará R$ 480 milhões e terá uma extensão de 27 km, desde o centro de Belém até a cidade de Marituba, o que resultará num custo de R$ 17,777 milhões por quilômetro.
Já o eixo previsto pelo Ação Metrópole para a Augusto Montenegro tem uma estimativa de custo de R$ 245 milhões.
Veja aqui:
E mais: até mesmo o valor do corredor metropolitano do Ação Metrópole será bastante elevado, diante da estimativa da própria Jica, a agência de cooperação internacional do Japão, que financia o projeto.
Em 2009, no último estudo da Jica, o valor de construção para o sistema BRT foi de 4 a 5 milhões de dólares por quilômetro – ou cerca de R$ 10 milhões.
Pelo menos foi isso o que informou, em setembro do ano passado, a Assessoria de Comunicação do Ação Metrópole, no blog “Pará Responde” do Governo do Estado.
Veja aqui:
http://pararesponde.pa.gov.br/?p=1912
Ou nos quadros abaixo (no terceiro está a tabela de custos da Jica):
Quer dizer: por essa estimativa de R$ 10 milhões por quilômetro, em 2009, até mesmo o corredor do Ação Metrópole que vai do centro de Belém até Marituba deveria ficar em R$ 270 milhões – ou pouco menos do que os R$ 320 milhões emprestados pela Jica, em 2011, para essa etapa do projeto, na qual o Governo terá de desembolsar mais R$ 120 milhões.
E o que diz o “pai” do BRT?
A estimativa da Jica é compatível com o estudo “Avaliação Comparativa das Modalidades de Transporte Público Urbano”, realizado, em meados de 2009, pelo arquiteto Jaime Lerner, para a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU).
Lerner é ninguém mais ninguém menos que o “pai” do sistema BRT: no começo da década de 70, a cidade de Curitiba (PR), da qual era, então, prefeito, foi a primeira a adotar mundialmente essa solução de transporte em massa, que desde então se espalhou pelos quatro cantos do Planeta.
Na página 18 desse estudo, Lerner estima o custo médio de implantação de dois eixos de transporte em BRTs, com 10 quilômetros cada, para as cidades brasileiras com mais de 500 mil habitantes.
Pois muito bem: esses 20 km de vias revestidas em concreto, com seis terminais de integração e 30 estações intermediárias, sairiam, pelos seus cálculos, a R$ 140 milhões.
Outros R$ 80 milhões seriam gastos pela iniciativa privada na aquisição de 80 ônibus bi-articulados, ou 134 articulados.
Resumo da ópera: o projeto sairia a R$ 7 milhões o quilômetro, sem os ônibus; ou a R$ 11 milhões por quilômetro, já com os ônibus.
Veja no quadro abaixo a estimativa de custo de Jaime Lerner:
E aqui a íntegra desse estudo:http://www.ntu.org.br/novosite/arquivos/AvaliacaoComparativa_web_semcapa.pdf
Outra informação importante está no site do Institute for Transportation&Development Policy – ITDP (http://www.itdp.org/).
O Manual de BRT – Guia de Planejamento, no volume de glossário, referências, anexos, bibliográficas e índices, recupera os preços de implantação dos BRTs mundo afora e, também, no Brasil.
Lá, fica-se sabendo que o sistema de Curitiba, que começou a operar em 1972, teve um custo de 1 a 6 milhões de dólares por quilômetro, para 64,6 quilômetros de extensão e 123 estações.
Os 35 quilômetros e 23 estações do BRT de Goiânia, que foi inaugurado em 1976, ficaram em 1,3 milhão de dólares por quilômetro.
Em Porto Alegre, inaugurado em 1977, com 45,6 quilômetros de extensão e 128 estações, o custo foi de 1,2 milhão de dólares por quilômetro.
Só na gigante São Paulo, em 2003, esses valores ficaram bem mais elevados: de 2 a 22 milhões de dólares por quilômetro, para 129,5 km, 235 estações e quase 2,8 milhões de viagens diárias.
Veja no quadro abaixo:
O Manual na versão em português, que é de 2008, pode ser lido aqui:
http://www.itdp.org/documents/Manual%20de%20BRT%20em%20Portuguese%20%28Parte%207%29.pdf
Uma profusão de estimativas. Ainda assim, muito caro.
Vale observar, porém, que, na internet, as estimativas atuais para o preço de implantação por quilômetro do BRT variam muito.
Há quem fale em 2,5 milhões de dólares; em 5 a 10 milhões de dólares; ou, mais “brasileiramente”, em 17 a 26 milhões de reais.
Pesam no custo não apenas o paisagismo e o tipo de revestimento dessas vias rápidas, mas, também, as indenizações.
Ainda assim, o BRT previsto pela Prefeitura de Belém para o trecho que vai de São Braz a Icoaraci dá o que pensar.
Em Belo Horizonte(MG), por exemplo, o corredor que ligará as avenidas Antonio Carlos e Dom Pedro I, para a Copa de 2014, custará quase R$ 634 milhões, com 16 quilômetros de extensão, 25 estações e duas faixas exclusivas para ônibus em cada direção.
No entanto, desses R$ 634 milhões, nada menos que R$ 200 milhões serão destinados a indenizações.
Quer dizer: se nesses R$ 400 milhões da PMB não estiverem incluídas polpudas indenizações, o preço das obras do BRT da Augusto Montenegro quase empatará com o de Belo Horizonte, cidade com hum milhão de habitantes a mais do que Belém, e muito, mas muito mais rica.
Detalhe: em termos globais, esse BRT que liga as avenidas Antonio Carlos a Dom Pedro I, em Belo Horizonte, é o segundo mais caro dentre os previstos para as cidades que sediarão a Copa de 2014.
O primeiro é o corredor T5, que ligará o aeroporto Tom Jobim à Barra da Tijuca, passando pela Penha, no Rio de Janeiro, que custará quase R$ 1,9 bilhão e será um sistema tronco-alimentador com 28 quilômetros de extensão, linhas “expressa” e “paradora”, dois terminais, seis estações duplas, trinta estações simples e, off course, um consórcio construtor que reúne a Delta Construções e a Andrade Gutierrez...
E, no entanto, se esse R$ 1,9 bilhão for divido pela população da cidade do Rio de Janeiro (6.320.446), e os R$ 400 milhões da Augusto Montenegro pela população de Belém (1.393.399) é bem provável que os custos per capita dessas duas obras quase empatem.
A lista dos BRTs que serão construídos nas cidades que sediarão a Copa de 2014 está no Portal da Transparência do Governo Federal:
http://www.portaldatransparencia.gov.br/copa2014/matriz/investimentos-tema.asp?codAreaIntervencao=5&descricao=Mobilidade%20Urbana
Mas a Perereca também preparou um quadro só com os BRTs, já que o Portal da Transparência lista, também, outros sistemas de transporte.
O quadro da Perereca está aqui:
Repare no preço do BRT de Manaus, com 23 quilômetros, 20 estações e 3 terminais. Veja o detalhamento dos custos:
O link direto está aqui:
http://www.portaltransparencia.gov.br/copa2014/manaus/mobilidade-urbana/brt-eixo-leste-centro/
E repare, ainda, no BRT Norte/Sul do Recife (R$ 219,6 milhões para 15 quilômetros), cidade de 1,5 milhão de habitantes. Também o custo por quilômetro dessa obra (R$ 14,6 milhões) é menor que o da Augusto Montenegro.
Há mais, porém.
No portal da NTU (a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, como você viu acima) há um caderno técnico sobre os projetos de BRT em 12 cidades brasileiras.
Aqui:
http://www.ntu.org.br/novosite/arquivos/BRT_web.pdf
Na página 65, consta o valor do BRT Norte/Sul, que rasgará Goiânia (GO), a sexta cidade mais extensa do Brasil, de uma ponta a outra, beneficiando uma população de 1,3 milhão de habitantes, ou pouco menor que a de Belém.
Com 27 quilômetros de extensão, sete terminais de integração e 40 estações, o BRT de Goiânia custará R$ 261 milhões – já incluídos R$ 25 milhões para a aquisição da frota de ônibus apropriada.
Serão R$182 milhões em obras, R$ 7 milhões em equipamentos de controle e bilhetagem eletrônica e R$ 47 milhões na construção de terminais. O valor não inclui os gastos com desapropriações. Mas os R$ 261 milhões até agora previstos resultam em menos de R$ 10 milhões por quilômetro.
Na página 81 da mesma publicação, também o valor do BRT de Porto Alegre (RS), cidade de 1,4 milhão de habitantes, é proporcionalmente menor que o de Belém.
Em Porto Alegre serão gastos R$ 667 milhões, para um corredor de BRT de 55,91 km, com 12 terminais e 88 estações, que beneficiará, também, a Região Metropolitana. Esse valor já inclui R$ 43 milhões em desapropriações. O custo por quilômetro será inferior a R$ 12 milhões.
Obrigada ao leitor
Recife, Porto Alegre e Goiânia são cidades com população quase igual a de Belém – daí a escolha de tais exemplos.
No entanto, nenhuma comparação chama mais a atenção dos paraenses do que a de Manaus.
Foi um leitor anônimo, aliás, quem informou tal fato ao blog.
O leitor observou que, apesar de os recursos envolvidos no BRT de Manaus serem inferiores aos de Belém, lá a licitação atraiu dois consórcios – ao contrário daqui, onde a Andrade Gutierrez teria sido a única empresa a se “interessar” pelo certame.
Mas o fato é que também em Manaus a licitação anda enrolada: no ano passado, o Ministério Público teria detectado cláusulas restritivas no edital do certame. Já em 2012, os dois consórcios que participavam da disputa acabaram inabilitados. A última informação na internet é que ambos recorreram da decisão.
A Perereca agradece a dica do leitor.
preciso contar com a ajuda do blog da perereca da vizinha no sentido de denunciar um absurdo q estar acontecendo com os policiais da rodoviária estadual é isso mesmo eles estão sendo obrigados a pagarem propina ao comandante geral da policia militar Cel Daniel para viajar para os locais de serviço dos mesmos; e detalhe a quantia varia de 800 a 2.500 por policial o que é pior eles não podem falar nada caso contrário serão transferidos p outro quartel; depois de tudo isso o ladrão e corrupto é o policial que tem q se submeter a essa situação absurda e exploradora para permanecer em quartel que paga diária assim melhorando sua renda mensal e ate mesmo pondo sua carreira militar em perigo. Esse comandante geral é um explorador corrupto e mal caráter; eles tem q dar a folga do policial já q os mesmos ficam 15 dias de serviço e longe de suas famílias e de serviço direto. eles deveriam ter folga equivalente ao serviço.
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