BLOG DO VICENTE CIDADE

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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Levante a mão quem já viu este filme... !?!?!

O purismo do PSOL ou vai acabar com a viabilidade eleitoral de algumas candidaturas Brasil a fora, ou será que o velho pragmatismo vai superá-lo?

O sistema eleitoral burguês, reproduzido no Brasil, é, ao mesmo tempo, perverso no que diz respeito à igualdade de oportunidades e seletivo no tocante aos extremos. O certo é que para estes grupos, o sistema político brasileiro reserva apenas a participação no legislativo, nada mais.

Nas eleições majoritárias, ou seja, no poder executivo, a regra do jogo é a negociação, esta podendo ser ética ou não. O "entrar no jogo" porém, não condiciona que a política só se faça através da roubalheira, do velho "toma lá, dá cá", mas, é sim possível manter princípios éticos e morais. Contudo, no executivo, não há espaço para estreiteza.

Para governar é preciso fazer alianças partidárias mais amplas, é verdade, o que não dizer que o partido da cabeça da chapa tenha que abrir mão dos seus princípios, ou ainda, que este partido disponibilize a liderança, mas venha a reboque na política, desqualificando-se como partido.

Leiam abaixo uma matéria que dá uma ligeira impressão de Déjà Vu...


PSOL abre-se a alianças e sonha com a conquista de uma prefeitura Autor(es): Vandson Lima | De São Paulo
Valor Econômico - 13/01/2012

Belém (PA), Macapá (AP) e Rio de Janeiro (RJ). Nestas três cidades o PSOL deposita suas maiores esperanças de, pela primeira vez desde sua fundação, em 2004, ver um de seus quadros no comando de um município. Sob nova direção, do deputado federal Ivan Valente (SP), o PSOL pretende em 2012 se abrir para um arco de alianças maior do que as siglas mais à esquerda com quem normalmente se coliga, como PCB e PSTU.

O movimento é idêntico ao feito lentamente pelo PT durante a década de 1990 e que desembocou na indicação de José Alencar (então no Partido Liberal) a vice de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 - a maioria dos nomes de destaque do PSOL saiu das fileiras petistas.

Um de seus maiores entusiastas é o senador Randolfe Rodrigues, destaque da sigla por sua atuação no Congresso em 2011. "Eu sou da máxima de que é preciso firmeza de princípios e flexibilidade na tática. Não tem como disputar eleição a uma capital sem política de alianças. Ou é isso ou o PSOL renuncia a fazer política no Brasil", avalia. A palavra do senador pesa. Em 2010, ele surpreendeu aliados e concorrentes recebendo a maior votação do Amapá, 203.259 votos, quase metade dos pouco mais de 421 mil eleitores do Estado. Para se ter uma ideia, nem o governador eleito, Camilo Capiberibe (PSB), conseguiu atingir essa marca no segundo turno.

"O PSOL está em um momento de ajuste bipolar. Precisa se decidir entre ser vanguardista ou plural"

"O PSOL está em um momento de ajuste bipolar. Precisa se decidir entre ser vanguardista, que seria uma espécie de PSTU turbinado, sem densidade eleitoral e social, ou ser plural e dialogar com outras forças políticas", diz Randolfe. Em Belém, o ex-prefeito pelo PT Edmilson Rodrigues aparece como favorito nas pesquisas de intenção de voto e uma aliança com o PCdoB está em curso. No Rio de Janeiro (RJ), o deputado estadual Marcelo Freixo pode contar com o PV em sua chapa - o ex-deputado Fernando Gabeira (PV) é, segundo Valente, um dos entusiastas do acordo. E em Macapá (AP), o candidato será o vereador Clésio Luis, que aparece com 11% nas pesquisas, mas salta para 27% quando relacionado ao do senador Randolfe, de quem é suplente. Lá, a chapa pode agregar o PPS, PCdoB, PTC, PV e PPL.

Líder nas sondagens realizadas até agora, Randolfe diz que cogitou a candidatura, mas só a levaria à frente se tivesse o apoio do governador do Estado. Valente, pragmático, descarta a ideia. "Como senador, Randolfe tem mais visibilidade do que teria como prefeito de Macapá, que é uma cidade pequena", observa.

Dias antes da convenção do partido, em dezembro, Randolfe e a ex-senadora e candidata à Presidência da República em 2006 Heloísa Helena (AL) conversavam quase diariamente sobre o evento. "Não sabíamos se valeria mais a pena participar ou esperar para ver o que havia sido decidido lá", diz.

O senador foi à convenção. Heloísa Helena, não. "A flexibilização na política de alianças foi o que de melhor se aprovou na convenção", avalia. Randolfe sabe do que fala. Em 2010, foi desautorizado pela executiva nacional de fazer parte formalmente da coligação que lançou Lucas Barreto (PTB) ao governo do Amapá. "É claro que haverá algum controle por parte da executiva agora, mas essa mudança de postura em relação às coligações é fundamental para o crescimento do PSOL", diz.

Sua atuação destacada no Senado e a cabeça aberta para o diálogo com outras forças políticas tornaram Randolfe cobiçado por partidos como PCdoB e PT, de onde saiu em 2005. "Permaneço no PSOL porque acredito que o partido mudará sua postura, abrirá o diálogo e buscará ser grande. Saí de um partido [o PT] que disputava o poder no Brasil e quero essa postura dirigente no PSOL", defende.

"Permaneço no PSOL porque acredito que o partido mudará sua postura e buscará ser grande"

O senador alega que foi o desvio ético, não a política de alianças, que tirou o PT de seu rumo original. "Tanto foi que não rompemos em 2002, quando o vice de Lula era Alencar, do PL, uma contradição completa com o que o PT sempre defendeu. E ninguém deixou de fazer campanha", diz. O novo presidente do partido segue a mesma linha. "O que aconteceu foi que rebaixaram o programa do PT para chegar ao poder. Precisamos proteger o PSOL nesse sentido, mas essa "pureza de esquerda" é defendida apenas por setores minoritários do partido", atesta.

Valente não titubeia em afirmar que o PSOL "tem vocação para o poder e para crescer". Randolfe vai mais longe e prega que o PSOL busque nomes qualificados - e insatisfeitos - em outros partidos. "O PSOL não pode ser arrogante e achar que todos os quadros bons de esquerda estão conosco. Tem gente ótima no PT, PSB e outros. Tem uma dúzia de nomes que, se viessem para o PSOL, seria maravilhoso", avalia. Entre os nomes admirados pelo senador estão Cristovam Buarque (PDT-DF), Pedro Taques (PDT-MT), Pedro Simon (PMDB-RS) e Ana Rita (PT-ES).

Nem só de acordo e avanço foi feita a convenção do PSOL. Randolfe aponta dois incômodos que levou do evento. "Primeiro, achei o ambiente muito pouco politizado, com pouco debate concreto sobre o Brasil. Senti uma distância enorme entre o que é debatido no parlamento e as discussões na militância", avalia.

O segundo ponto, considerado mais grave pelo senador, é a resistência do partido em se aproximar efetivamente da ex-senadora Marina Silva. "Não se pode prescindir de dialogar com a Marina e mesmo de convidá-la a vir pro PSOL, se mostrar receptivo às ideias dela", acredita. Em 2010, Heloísa Helena defendeu que o PSOL apoiasse a candidatura de Marina à Presidência. O partido rejeitou a ideia, lançou Plínio de Arruda Sampaio como candidato e Heloísa, então presidente da sigla, renunciou ao cargo e se afastou do cotidiano partidário.

Valente diz que procurará reaproximar Heloísa Helena da sigla, mas é cauteloso em relação à possibilidade de convidar Marina a entrar no PSOL. "Podemos caminhar juntos na questão ética, mas ela defende o modelo econômico vigente, ao qual somos contrários. A questão não é falta de convite, é programática", avalia.

Presidente do PSOL no Rio Grande do Sul e provável candidato do partido à Prefeitura de Porto Alegre, Roberto Robaina diz que "se Marina continuar a defender um modelo econômico que se iniciou com Fernando Henrique Cardoso [PSDB] e continuou com Lula, a chance de aproximação com o PSOL é zero". Em 2008, a ex-deputada federal Luciana Genro (RS) obteve a melhor votação do partido em uma disputa por prefeitura, ao receber 9,2% dos votos na disputa por Porto Alegre. Na ocasião, o partido se coligou com o PV. Entretanto, como o pai dela, Tarso Genro (PT), foi eleito governador do Estado em 2010, a legislação proíbe que Luciana dispute nova eleição enquanto o pai estiver no exercício do mandato.

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