Bem interessante essa postagem que trago pra cá. O post é do blog Na prática a Teoria é Outra
Serra e o BNDES
Jun 22nd, 2010 by NPTO.
O Serra deu uma entrevista aí para o Roda Viva, para a qual me chamou atenção o André. Nela ele critica o BC, e defende que as decisões do BC sejam tomadas junto ao ministro da fazenda. Como se sabe, o ministro da fazenda será o Zé Maria, do PSTU (vote em um Zé, leve dois). Até aí, nada que a gente não soubesse pelos últimos pronunciamentos.
O que eu achei engraçado foi o seguinte (reproduzido da reportagem do Valor):
Ao analisar a área econômica do governo Lula, o tucano atacou também o papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a política industrial e o déficit na conta corrente. O candidato discorda da atuação do BNDES ao subsidiar juros para grandes empresas e ao dar suporte a fusão de conglomerados. “Eu não sou contra uma empresa comprar a outra, agora vai dar dinheiro público, subsidiado? Todos os contribuintes vão pagar para uma empresa comprar outra? Não tem sentido”, declarou.
Mas o Serra se amarrava no BNDES do Coutinho até outro dia:
Todo Brasil sabe que eu tenho divergências com a política econômica do governo federal. No seu conjunto, tem partes corretas e partes erradas. A errada é a política monetária e de câmbio, que aliás prejudica as atividades de produção de bens e equipamentos, porque a indústria se torna pouco competitiva. O estrangeiro pode vender mais barato ao brasil porque o dólar tem um valor irreal. Agora tem o lado certo, e um desses aspectos é a política do BNDES
Note-se: a) que no ano passado o Serra tinha uma visão mais nuançada da política econômica, agora acha tudo ruim. Eleição, normal. E b) na época do FHC, o presidente dizia abertamente que um de seus objetivos era formar grandes grupos empresariais capazes de competir na globalização (está numa entrevista à Folha, acho que de 96). E a turma do Serra e os desenvolvimentistas no BNDES eram quem fazia isso.
Acho que a idéia era fazer uns keiretsu (s) ou chaebol (s) [não vou nem tentar fazer plural em japonês ou coreano, se é que isso já não está no plural], grupos fortes, com uma relação meio cinzenta com o Estado, mas sujeitos à disciplina do mercado internacional, porque voltados à exportação.
[não sei se os keretsu e os chaebol funcionavam assim, mesmo, mas essa era a imagem que circulava na discussão nas minhas discussões de juventude com meus colegas de geração Niemeyer, Barbosa Lima Sobrinho e Serguei]
Não sei se foi isso que fizeram, não (nem o FH nem o Lula). No mundo alternativo em que consigo ainda ter tempo para escrever (cês não vêem Lost?), vou discutir um texto do Arbix sobre a globalização e as empresas brasileiras qualquer dia desses.
De qualquer maneira, achei curiosa a mudança do Serra.
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