BLOG DO VICENTE CIDADE

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quinta-feira, 3 de junho de 2010

Cuidado com o eleitor, ele pensa sabia?

Na democracia, cabe ao partido político disputar o Poder do Estado, e ao o Estado partidarizado, cabe disputar a hegemonia de projetos na sociedade. Em outras palavras, o papel central do partido governista é a manutenção do status quo no processo político, enquanto os partidos de oposição, obviamente devem evitar essa tendência, buscando impedir uma eventual “perpetuação política” das estruturas do Estado.


Isto posto, traduzindo isso para o “bom português”, quero dizer o seguinte: a melhor estratégia possível para o partido da situação é ampliar seu leque de alianças de tal forma que a composição eleitoral reflita, não só o seu poder de articulação, mas principalmente, o seu poder de centralização política.

Ou seja, para quem exerce o poder não há meio termo. Ou é ou não é. Na hora do “pega pra capar” ou se é situação ou oposição. Logo não existe essa de “candidato laranja” ou “chapa branca” que esteja a serviço do partido governo. Quem está com o partido do governo participa da aliança governista.

Portanto não existe lógica política que justifique o fracionamento do poder do estado num processo eleitoral. Desta forma, a estratégia da diversificação é prerrogativa da oposição e não da situação. Para o Estado partidarizado, quanto maior for o caráter “plebiscitário” da eleição, maior será sua possibilidade de manutenção. Essa lógica inclusive foi utilizada recentemente pelo presidente Lula e pelo PT, quando exigiram ao PSB a retirada da candidatura de Ciro Gomes em favor da candidatura de Dilma.

Contudo, aqui no estado os dirigentes do PT responsáveis pela condução do processo de negociação política da composição eleitoral, parecem que não estão entendendo dessa forma e o que deveria ser uma condução natural, está se revelando uma verdadeira “trapalhada”, não sei se por inexperiência, má fé ou se realmente acreditam no que estão fazendo.

A verdade é que o cenário defendido pelo deputado Bordalo em seu blog, é de um otimismo tão exagerado que dá até para se desconfiar. Em seu post, Bordalo avalia que a “chapa branca” ou “candidato laranja”, como queiram, seria capaz de conduzir os deputados Paulo Rocha e Jader Barbalho para o Senado Federal, eleitos em primeiro turno, um na condição de “poste” do governo e outro como “oposição branca”, deixando a reeleição da governadora Ana Júlia acertada para ser conquistada no segundo turno, aí já com a rearticulação da aliança PT/PMDB.

Essa estratégia seria montada em resposta a avaliação de vários analistas políticos que dizem ser muito difícil para o “governo” conquistar as duas vagas para o Senado se seus concorrentes estiverem unificados numa única chapa, sendo assim mais viável a divisão em dois blocos, para criar uma fictícia “terceira via”, cujo o objetivo principal seria a eleição de dois senadores.

Evidentemente que essa estratégia, a primeira vista, parece ser bastante tentadora, eleger os dois senadores e depois a governadora, seria uma verdadeira epopéia. Mas e aí? Seria assim tão fácil? Será que a sociedade seria conivente com essa tentativa de “engodo” eleitoral a ponto de balizar essa armação? Será que a oposição não teria uma resposta hábil para denunciar tal estelionato à sociedade?

Sinceramente não acredito que isso venha a se configurar, seria muito arriscado e a conseqüência poderia ser desastrosa para os dois partidos, mas, se realmente alguém estiver mesmo pensando nisso fica aqui algumas observações deste blogueiro:

1) Particularmente acho que é possível eleger Paulo e Jader como senadores, ainda que juntos numa única chapa, pois, como defendi, um caráter plebiscitário na eleição aqui no Pará poderia colocar para a sociedade dois projetos distintos, capitaneados por Ana Júlia e Jatene (com vantagem para Ana Júlia em minha opinião), condicionando o eleitor a pensar nesses projetos e com isso, identificar claramente quem os representa. Assim, de forma bem pragmática, o eleitor seria levado a votar “de cabo a rabo” no projeto que melhor o representaria, pelo menos no que se refere à eleição majoritária;

2) Se realmente vierem a pactuar uma estratégia de terceira via governista, os dirigentes do PT mostrariam não só total ignorância política, ou quem sabe arrogância, como também deixariam claro que o objetivo principal do partido não é reeleger sua governadora, mas eleger um senador. Embora o deputado Bordalo salde a estratégia como um bom acordo político, isso me parece ser inadequado, não parece ser razoável pensar que, mesmo com toda divergência interna do partido, alguns setores estariam apostando nessa insensatez, colocando em risco a reeleição do governo para viabilizar a eleição do companheiro Paulo;

3) Também registro aqui a minha “indignação” por todos aqueles que uniram forças para desqualificar a DS como interlocutora política de Ana Júlia, dentro e fora do PT, pois, na prática a união dessas forças só serviu para potencializar outros interesses que não a reeleição da governadora. Não é possível entender como uma candidatura secundária se transformou na principal tarefa do partido;

4) Por fim, qualquer militante de esquerda sabe que é sua tarefa preservar as lideranças do partido, ou no caso, de sua organização política. Ou seja, defender a governadora é tarefa dos militantes da DS, qualquer que seja a posição que ocupe, no governo ou não. Assim, o processo de desqualificação da DS, teve como objetivo central enfraquecer a governadora dentro do PT, que ficou sujeita a compartilhar de estratégias medíocres e submissas como essa, que inverte as prioridades e se confronta a lógica política.

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