No sábado, dia 12, o PT estará reunindo sua executiva, parlamentares, prefeitos e presidentes municipais do partido para avaliar e debater os novos rumos a serem traçados.
Há muito o que fazer. A derrota de Ana Júlia não representa o fim, mas um novo recomeço.
De certo, colocar o partido nos trilhos é o primeiro passo para que possamos cumprir nosso novo e bem conhecido papel como oposição, agora porém, podendo fazer comparações entre o nosso projeto de governo e o dos tucanos.
Antes porém, o PT fará uma rodada de avaliação, onde as tendências poderão expor suas considerações sobre a eleição e o nosso governo findo em 2010.
Li, muito rapidamente o caderno das teses apresentadas ao partido para o debate, algumas já são do conhecimento públicos, embora nesse caderno elas estejam assinadas pelas tendências, o que é um fato importante para o debate.
Pelo que li, há três linhas gerais de pensamento, as que credenciam a derrota exclusivamente à DS, se abstendo de auto crítica como se não tivessem feitoparte dessa história; outras foram um pouco mais além da simples "fulanização" da analise, ao meu ver contribuindo mais para o debate; e por último a visão da própria DS e da Mensagem, que dão contornos mais externos para as suas análises.
De minha parte, dentre as principais tendências do PT, fiquei muito decepcionado com a tese da Unidade na Luta - UL e da Articulação Socialista - AS, que é simplista ao "culpar" a DS pela derrota, alivia a traição do PMDB, se exclúi da responsabilidade embora tenha feito parte do governo, não enxerga fatores exógenos, não dá nenhum crédito ao governo, busca a referência apenas com o governo federal e o que mais grave, não discutem a estrátegia eleitoral que foi imposta por eles, com extenso e frágil arco de alianças com a direita, submissão e retardo à tática do PMDB e subestimação a lei da Ficha Limpa e por fim, chegando ao ponto de propor o fim da existência das tendências internas como resposta a sua incapacidade de criar bons quadros políticos.
Por outro lado, a análise do PT Pra Valer foi, na minha concepção, mais sólida em alguns aspéctos, conseguiu estabelecer uma conexão central entre os diversos motivos que leveram à derrota, incluindo a tática eleitoral equivocada da UL. Peca no entanto no dimensionamento das responsabilidades, mais uma vez a DS é vista de forma isolada e o todo, o conjunto do partido não é devidamente mencionado. Também não estabelece os devidos créditos à gestão e ainda constrói uma idéia equivocada de que o governo era algo intransponível ao partido, o que sinceramente não é verdade.
Por último, a tese da Mensagem, que já publiquei aqui, estabelece uma linha de que o nosso governo é sim um governo com grandes avanços e realizações, sendo portanto um governo de legados. A Mensagem aponta os fatores externos no campo político que tiveram grande influência eleitoral, como por exemplo a rearticulação da direita em torno da candidatura de Jatene. A tese da DS no entanto é omissa quanto à resposta aos equívocos a ela atribuídos, não avaliando internamente a responsabilidade de cada ator no processo. Faz uma clara opção de recuar nas disputas internas para valorizar o debate acerca dos acertos do governo que poderão servir de base para a construção de uma oposição qualificada ao governo tucano.
Vamos ao debate !!
Eu, sinceramente considero todas as teses necessárias e o debate salutar. Agora saber que a DS quer que os militantes do interior do Estado recebam apenas uma tese geral me causa tristeza porque tentar anular a pluralidade democrática que temos no PT e isso é inaceitável.
ResponderExcluirFala Dimmy,
ResponderExcluirNão creio que essa informação seja verdadeira, sei que há um caderno de teses que será inclusive impresso pelo próprio PT e certamente esse caderno irá circular.
Quanto à forma de organização do encontro, que contará com mais de 200 pessoas inscritas, não é uma imposição da DS, tu sabes disso, o partido discutiu e chegou nesse formato.
Agora, acho que os encaminhamentos do encontro serão deliberados lá, não vai ser o que uma determinada tendência quer, mas o que for fruto do debate.
Vicente, onde vai ser realizado o encontro? Sou militante e gostaria de participar
ResponderExcluirO que sei é que o encontro será no hotel Beira Rio. Qualquer dúvida ver no site do PT (link na bandeira). Quanto a participação geral da militância te confesso que não sei bem como vai ser já que é um evento com representantes partidários.
ResponderExcluirserá, que todos que participaram do governo, tem condições de fazerem uma avaliação correta do que aconteceu, pergunto quantas plenarias de avaliação teve ao longo dos quatros anos de governo no interior do partido, principalmente com as lideranças do movimento social?, o Partido deve chamar a militancia para que ela faça a avaliação partidaria, o momento agora e discutir a refoema politica que os poderosos chefões de todos os partidos não querem, principalmente do PT, que não aceitam juntos com seus suditos de perderam o status que conseguiram sozinhos, alias usando suas tendencias,
ResponderExcluirAnônimo das 22:34,
ResponderExcluirEu concordo contigo que o tema agora é a reforma política. Contudo discordo de que o PT seja a principal força contrária, acho que as forças contrárias estão em todos os partidos, mudanças são sempre vetores de transformações, as vezes nem sempre as necessárias.
Com relação as avaliações periódicas do governo, há de se compreender que o partido e o governo não são a mesma coisa. O partido tem autonomia para fazer suas avaliações a qualquer tempo, independente do governo, mas com responsabilidade é claro, propondo a correção e mudanças de rumos, se for o caso.
Agora, no PT há uma diferença que é posta pela ação de sua formação política. O PT é um partido de esquerda que congrega diversos setores políticos, alguns mais ideológicos, outros mais corporativistas e outros mais reivindicatórios e por aí vai, entretanto, todos esses segmentos ligados as lutas populares.
Isso criou proximidades políticas que ao longo dos 31 anos do PT foram conformando blocos de atuação interna que deram origens às suas tendências internas.
Essa similaridade do PT o transformou num partido singular no Brasil, onde as disputas internas se tornaram tão intensas a ponto de criar uma organização própria que permite a atuação livre desses diversos grupos.
Essa organização do PT permite que as discussões partidárias vá se enraizando na base e via de regra a base do PT é composta de militantes que atuam nos diversos segmentos dos movimentos sociais organizados. Em alguns casos, é muito comum que as tendências do PT se organizem em células que refletem as diversas atuações populares de seus militantes.
Pontanto, acho que o debate interno no PT, de alguma forma, existe sim, há internamente nas decisões partidárias um respeito a essa estrutura, as tendências são reconhecidas e o processo de composição das lideranças partidárias refletem isso também. Agora, independente da organização política, há a praxi de cada tendência.
Hoje a direção majoritária do partido afastou-se dos movimentos de base e aproximou-se dos meios institucionais, paralelamente a isso, a formação política dos seus quadros foi ficando mais fraca e há um descolamento das ações mais ideológicas, em decorrência disso o partido ficou cada vez mais pragmático, principalmente no que se refere à eleição.
Para mudar isso será preciso muita disposição da militância. Mas acredito, concordando contigo, que uma reforma política no Brasil pode ter efeitos positivos também nas relações internas dos partidos, com isso acho que o PT poderá se aperfeiçoar haja vista que qualquer que seja a reforma proposta, certamente o PT não deixará de ser um partido protagonista.