O Duciomar Costa surgiu na política de forma periférica, nunca foi líder de nada, deu um duro danado como quase todo mundo, mas aí começou a "cair no submundo", fez da pilantragem meio de vida, daí virou político profissional. Entretanto, de marginal, D. Costa passou a ser protagonista do cenário político do estado, se apropriando de uma legenda importante, o PTB, chegando ao Senado Federal e posteriormente à prefeitura de Belém.
Como prefeito, D. Costa conseguiu se estabelecer também no cenário nacional, onde se colocou como prioridade do partido, que compõe a base aliada do governo, com isso, passou a ter trânsito privilegiado em Brasília.
Do ponto de vista político, D. Costa mantem um perfil centralizador e déspota, onde só ele aparece como referência das ações da prefeitura e sozinho determina as estratégias partidárias do PTB no estado a luz dos seus interesses pessoais. Ninguém ao seu redor cresce politicamente, nem na gestão da prefeitura e nem na bancada do PTB, seja de deputados ou de vereadores. Prova disso é que foi buscar para lançar como seu sucessor alguém de fora do partido.
Ainda do ponto de vista estritamente político, D. Costa se revelou um político ardiloso, pragmático, soube, como poucos, usar a prefeitura de Belém em seu benefício, instalou seu "balcão de negócios" em cada ação e ao fim conseguiu criar em torno de si uma extensa rede de proteção, inclusive no judiciário.
Contudo, do ponto de vista moral, D. Costa nunca teve escrúpulos, por isso sua gestão é tão marcada por inúmeras irregularidades e permissibilidades. Sempre impôs os seus interesses independente dos limites éticos, políticos ou legais. Por essa razão as suas decisões foram sempre pautadas em negociatas.
Com esse perfil de pouco apreço a moralidade e muita astúcia política, com D. Costa tudo é possível, inclusive lançar mão de um mega projeto como o do BRT em questão de dois ou três meses, passando ao arrepio da legalidade e impondo ao munício de Belém um projeto totalmente desconhecido e uma licitação completamente viciada.
O projeto do BRT da prefeitura nunca existiu, tanto que o prefeito D. Costa só colocou como empecilho para que a ex governadora Ana Júlia começasse as obras da primeira fase do Programa Ação Metrópole em Belém, que o governo dispusesse à prefeitura um determinado volume de recursos para que essa pudesse continuar sua política de asfaltamento da cidade.
Aliais, isso ficou mencionado no contexto político como sendo "apoio do PT a reeleição do PTB. Na verdade o prefeito D. Costa sempre utilizou sua condição de prioridade partidária para fechar seus acordos políticos nacionalmente, diretamente chancelados pelo governo federal.
Com a derrota do PT e a volta dos tucanos ao governo do Pará, D. Costa identificou uma grande oportunidade de "negócio", pautada em duas estratégias: informação e relacionamento privilegiado junto ao governo federal e o hiato de tempo criado pela prepotência e arrogância de Jatene, que queria jogar a continuidade do Ação Metrópole somente para 2013.
Ao que tudo indica, D. Costa teve acesso à informação de que o Governo Federal lançaria um programa de investimentos específico de mobilidade urbana para os grandes centros populacionais do país, inclusive estabelecendo o valor do projeto no limite do programa, ou seja, a licitação "ganha" pela Andrade Gutierrez foi exatamente de R$ 430 mi, valor esse usado como teto pelo Governo Federal.
Por outro lado, a decisão oportunista do governador Jatene de paralisar as obras do Ação Metrópole para recomeça-las somente em 2013 abriu espaço para que o prefeito pudesse "meter o bedelho nessa parada" com a alegação de que a intervenção é necessária, urgente e conta com um programa de apoio financeiro.
Depois de feita a merda, D. Costa recorreu ao governo federal para vir apagar o incêndio, colocando-o como mediador de um projeto inexistente junto ao governo estadual.
Ao governador Jatene coube engolir esse sapo, de ver o prefeito se apropriar de parte do projeto, já que, como diria minha avó, "é melhor um pato na mão do que dois voando", ou seja, o governo do estado perdeu parte do projeto, mas não o perderá como um todo, ou seja, trocando em miúdos, há duas leituras para esse episódio: uma financeira e outra política.
Na leitura financeira, ninguém perdeu, ou melhor, prefeitura e governos ganharam, pois cada um ficará com o seu naco de um projeto bilionário, com suas respectivas licitações e etc., se vocês estão me entendendo. Contudo, na leitura política, D. Costa saiu vitorioso, porque a entrada da prefeitura no projeto além de projetar a figura do próprio prefeito, dá novo impulso a candidatura de continuísmo.
Com a estratégia de executar o BRT em Belém através da prefeitura, D. Costa visa isolar politicamente o governo tucano do "seu" pretenso nicho eleitoral, que aliais é o maior colégio eleitoral do estado, criando assim uma espécie de barreira aos tucanos e criando condições políticas para que ele, D. Costa, possa se afirmar como principal beneficiário desse eleitorado, o que obviamente lhe coloca em condições extremamente favoráveis não só para concorrer ao senado em 2014, mas também para "negociar" o seu apoio político.
Já no que tange ao Governo Federal, que vê nos tucanos os principais inimigos para 2014 na reeleição de Dilma, isolar os tucanos do maior colégio eleitoral do estado e mantê-lo sob custódia de um aliado, ainda parece ser uma estratégia vista com muito bons olhos pelo Planalto. Fazer o quê ??!!
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