Hoje, no Valor Econômico, Larry Summers, ex-secretário do Tesouro americano, diz que “o Brasil é um país com potencial de crescimento assombroso, que não lembra de modo nenhum o país que há pouco mais de uma década enfrentava sérias dificuldades financeiras”.
Diz a matéria:
“Summers lembrou que, em 1999, quando negociava com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e seus “bons amigos” Pedro Malan (então ministro da Fazenda) e Armínio Fraga (então presidente do Banco Central) para ajudar o Brasil a sair de uma crise, seria inimaginável pensar que, 12 anos depois, o Brasil “conseguiria acessar o mercado internacional em condições melhores não apenas que Grécia, Portugal, Espanha e Bélgica, mas também França”.
Não era inimaginável, Mr. Summers, apenas não se queria imaginar isso. O Brasil, na cabeça de seus “bons amigos” era aquela coisinha miúda, que botava uma roupinha imitando as da corte e entrava ali, “limpando os pé” e se portando direitinho, dizendo que faria tudo “direitinho”, para os “moço tratá nóis bem”.
Ficou famoso o vídeo em que o chefe de Summers, o então presidente Bill Clinton – até com certa grosseria,diga-se de passagem – passa uma descompostura em Fernando Henrique Cardoso, que pedia para os países ricos adotarem um imposto sobre transações financeiras especulativas, o que ele mesmo não fazia aqui, muito ao contrário.
Ao contrário, a ordem aqui era dar mais e mais liberdade de especular e ainda entregar, praticamente sem desembolso, o nosso patrimônio ao capital internacional.
E o nosso país – tal qual nosso presidente de então – era sempre, “bonzinho” e disposto a fazer – ah, como aquelas assombrações arrogantes que povoam a nossa história econômica recente, os bons amigos de Mr. Summers, repetiam isso… – “o dever de casa”.
Mas na reportagem, Mr. Summers diz que o Brasil não tem sido “imune” ao nacionalismo econômico, criticando medidas que privilegiam empresas e produtores nacionais em detrimento dos estrangeiros. Segundo ele, é algo “tentador” no curto prazo, mas que no longo prazo não tem efeito positivo.
Mr. Summers, Mr. Summers, o senhor, que gostava tanto de citar a frase de Lord Keynes – quando mudam as circunstâncias, eu mudo de opinião – , não está vendo que as economias que não se protegem, como era a brasleira no tempo em que seus “bons amigos” a dirigiam, ficam estagnadas e vão para o brejo a cada solavanco que vocês arranjam lá, nas obsoletas locomotivas da economia mundial?
Não vê que seu país está em crise, torcendo para que a economia chinesa venha, como a cavalaria nos filmes de faroeste, salvar a atividade e o emprego nos EUA?
O Brasil sempre foi o que era, Mr. Summers, porque seus governantes sempre foram como seus “bons amigos”.
O senhor faria bem, como recomendava Keynes, se mudasse de opinião e visse que o nacionalismo econômico – bem dosado, sem xenofobia e primarismos – é o único caminho para o desenvolvimento dos países. Como, aliás, foi para os EUA.
E junto com a mudança de opiniões poderia, também, mudar de amizades.
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