O filho gay de Tiririca
A eleição do deputado federal Francisco Everardo Oliveira Silva (PR-SP), mais conhecido como o palhaço Tiririca, gerou polêmica na época. Com uma propaganda eleitoral que exaltava sua própria desinformação sobre política, ele conquistou um eleitorado que pensava como ele, que se identificava com o pensamento do despolitizado e que acreditava que essa poderia ser uma resposta para o desgaste da imagem do político ligado à corrupção e ambição e poder.Para além de toda crítica que podemos – e devemos fazer – sobre esse episódio, uma das conclusões é que Tiririca soube representar e representa muito bem o senso comum de uma boa parcela dos brasileiros. Ele, de certa forma, soube dialogar com o inconsciente coletivo do país.
Exatamente por isso, existe muito mais importância do que podemos imaginar a declaração que o deputado deu no programa CQC, no quadro “O Povo Quer Saber”, que ele assume ter um filho gay.
“Eu mesmo tenho um filho que é... Vocês sabem, né? Isso é normal, todo mundo tem um pouco disso dentro de si ou na sua casa, é que as pessoas escondem”.
Em poucas palavras, ele coloca a questão da homossexualidade no parâmetro da normalidade (todos, em nossos laços familiares, têm pelo menos mais perto do que se pensa) e condena a hipocrisia que envolve muitos discursos homofóbicos. Além disso, ele assumir – ao seu jeito - ter um filho gay na televisão, inclusive para seu eleitorado e o senso comum brasileiro, é um ato político que está muito distante da imagem do abestado desideologizado que o elegeu – mesmo que o tenha feito de forma involuntária porque é assim mesmo que se lida quando estamos na chave do senso comum.
Escrito por Vitor Angelo às 22h48
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