Durante meses, a opinião pública brasileira foi bombardeada por previsões quase diárias de que a inflação estava explodindo e romperia o teto de 6,5% da meta estabelecida pelo Banco Central. Diziam, sem cessar, que o governo Dilma havia abandonado o famoso “tripé” (que poderíamos chamar de tridente ) da ortodoxia econômica - metas de inflação, superavit fiscal e câmbio flutuante – e que, pronto, estávamos no rumo do abismo. Com a baixa dos juros e a alta do dólar, então, a mídia passou a dar ares de catástrofe, como você vê nesta capa de O Globo de apenas um mês atrás.
Agora, sem alarde, com uma pequena chamada no site, dá-se o dito pelo não dito e o mercado “descobre” que não vai haver estouro de meta inflacionária, assim como “descobriu” que o dólar não seguirá subindo – as previsões deles próprios é de que encerre o ano a R$ 1,73 .
Infelizmente, porém, o jornalismo econômico brasileiro não contesta as “fontes” que lhe deram tais previsões. Preferem voltar a ouvi-las para dizer, como disse o lobo ao cordeiro que respondeu à acusação de estar turvando a água que aquele bebia explicando que estava rio abaixo, que “se não foi você, foi seu pai ou seu avô”. Neste caso, que a inflação está caindo, mas que voltará a subir e, portanto, tem-se que deixar onde estão os juros. Pouco lhes importa que tenhamos uma crise batendo à nossa porta e exigindo que se reaqueça a economia brasileira.
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