Como já era esperado, o BC alterou para cima a taxa básica de juros da economia brasileira, também conhecida como SELIC, que agora passa a valer 9,5% p.p., depois de passar vários meses como a mais baixa taxa já registrada desde que foi criada.
Para muitos essa postura do BC poderia ter sido evitada, mas a verdade é que não havia outra saída se não o ajuste na taxa SELIC, pois a previsão de inflação para o ano 2010 já está em 5,41% p.p, estando muito acima da meta, estabelecida em 4,5% p.p.
Apesar de criticada, na prática a medida representa o fim dos ajustes pós crise que o governo precisou fazer para não permitir que a economia brasileira viesse a bancarrota em conseqüência da crise internacional de 2008. Ou seja, com essa medida o Brasil está “oficialmente” deixando a crise para trás, ao contrário dos demais países que ainda precisam adotar políticas de estímulo à demanda interna. No Brasil a hora agora é de segurar o consumo (com o desaquecimento da expansão do crédito) e evitar que a inflação possa sair do controle da Autoridade Monetária.
A verdade é que, infelizmente, o país não está preparado para crescer à taxas chinesas, como vem ocorrendo nesses últimos meses, o que impactou o equilíbrio econômico e fez disparar os preços internamente, elevando a projeção da inflação acima da meta. Isso ocorre porque de um lado a demanda interna está alavancada pelos efeitos das desonerações fiscais, da expansão do crédito e da grande mobilidade social que está ocorrendo no Brasil, fruto dos milhões de consumidores que passaram a ter maior poder de compra e, por outro lado, pela incapacidade do setor produtivo brasileiro de absorver esse crescimento da demanda, em que pese os representantes dos setores industriais alegarem o contrário.
Por isso, mesmo sacrificando a possibilidade de crescimento elevado do país e, diga-se de passagem, acima do que o país suportaria, o governo Lula faz uma clara opção pela sustentabilidade econômica, sinalizando que o mais importante é o equilíbrio, mesmo num ano eleitoral. Não obstante, o presidente Lula sabe que não é só o crescimento econômico que permite a distribuição de renda, pelo contrário, o crescimento acelerado está sempre mais sujeitos a concentração. Assim, para continuar praticando uma política de inclusão e justiça social, será necessário a consistência de um crescimento sustentado, sem solavancos. Agora que a crise já passou, pelo menos para nós, o importante é a retomada das soluções de continuidade da política econômica.
Portanto, é preciso ter calma nas conclusões precipitadas, o aumento dos juros neste momento, serve apenas como sinalização de que o governo tem um rumo e que esse rumo será perseguido. Temos que ver como a economia irá responder a essa medida, se não houver impactos mais importantes é possível que a taxa continue subindo até que previsão de inflação se aproxime da meta.
Agora, se os industriais realmente tiverem condições de segurar o crescimento da demanda, como alegam, é a hora de demonstrar, aumentando a oferta e segurando os preços. Se fizerem isso, não teremos mais aumentos. Fica o desafio !!
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