BLOG DO VICENTE CIDADE

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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Do blog do Gerson Nogueira. Pobre Leão !!

Quem sairá de sua casa para assistir jogos do Remo nas condições que se desenham para a "tal" futura Arena do Leão? Estamos diante diante de uma excrescência e ninguém parece estar disposto a fazer nada.

Coluna: Entre o cemitério e o lixão

15/09/2010

Termina como começou, em meio a zonas de sombras e informações desencontradas, o processo de venda do estádio Evandro Almeida. Fiel à conduta adotada desde que lançou o projeto de desmanche do maior patrimônio do Remo, o presidente Amaro Klautau recorreu ontem, outra vez, à imagem do “salvador da pátria” para justificar o negócio de R$ 33,2 milhões pela mais valorizada área do centro de Belém.

AK garante que vender o Baenão é a única saída, mesmo que por quantia abaixo da cotação de mercado – o terreno de 27 mil metros quadrados vale, pelo menos, R$ 20 milhões a mais, segundo consultores de imóveis.

O dirigente compareceu à Justiça do Trabalho para entregar um memorial descritivo de feições fictícias: descreve uma obra indefinida, de localização incerta e não sabida. Segundo boatos, o cartola já teria deslocado o novo estádio das cercanias de um cemitério em Marituba para a beira do Lixão do Aurá. Nada mais simbólico da triste situação vivida pela agremiação.

Nenhuma área, porém, foi confirmada. AK faz mistério, como se não estivesse em jogo a própria sobrevivência do clube. Visitada pelos repórteres do Bola e da Rádio Clube, a propriedade especulada não reúne condições mínimas de abrigar um estádio de futebol. Tomada pelo mato, fica na estrada do Aurá, a 2 quilômetros da rodovia BR-316.

É pouco provável que ao presidente do Remo, que deixa o cargo no fim do ano, interesse o aproveitamento do terreno a ser adquirido. Pelo que demonstrou até aqui, deixando de cumprir acordos trabalhistas para forçar a execução da dívida nos termos atuais, AK só alimenta uma obsessão: concluir, a qualquer preço, o acerto com as incorporadoras.

Para cumprir o prazo estabelecido pela Justiça do Trabalho, o esboço de documento – fundamental para sacramentar a venda – foi apresentado, mas será avaliado tecnicamente e, segundo engenheiros consultados pela coluna, é pouco provável que seja aceito nos precários termos atuais.

Em meio às inverdades, marchas e contramarchas alimentadas pela direção do Remo, o improvisado memorial só reafirma o caráter nebuloso de um negócio que deveria ser o mais transparente possível. A caótica escalada de números é o maior exemplo disso: o primeiro documento assinado pela construtora Agre/Leal Moreira estabelecia 24,5 mil espectadores para a arena. O próprio presidente rebaixou para 22 mil em junho. Há semanas, nova redução: AK passou a falar em 15 mil lugares.

Ao contrário da alegada pindaíba, AK chora de barriga cheia. Na verdade, nenhum outro cartola desfrutou de tantos patrocínios no Remo. Só da TV Cultura, para transmissão de jogos, recebe R$ 1.150.000,00 anuais. Mais R$ 720 mil do Banpará, R$ 960 mil da Yamada e R$ 360 mil da Cerpa perfazem a respeitável soma anual de R$ 3,1 milhões. E há, ainda, a verba de R$ 150 mil, doada pela Prefeitura de Belém para reforma do ginásio Serra Freire, cujo desvio até hoje não foi esclarecido.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 15)

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