BLOG DO VICENTE CIDADE

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domingo, 18 de agosto de 2013

Ortodoxia econômica se aproxima de Marina. Será só a econômica ?


Economistas explicam Marina a empresários
Especialistas que a assessoram relatam dúvidas do setor privado sobre questão ambiental e falta de quadros conhecidos

Equipe tenta aproximar a segunda colocada nas pesquisas para o Planalto de nomes com trânsito no mercado

ÉRICA FRAGA
PAULO GAMA
RAQUEL LANDIM
DE SÃO PAULO
O avanço de Marina Silva nas pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial de 2014 tem levado empresários e banqueiros a procurar o pequeno grupo de economistas que a assessora.

Os interlocutores da ex-senadora afirmam que o setor privado a considera uma incógnita e tentam esclarecer dúvidas a respeito de um possível governo Marina.

Terceira colocada na disputa de 2010, ela tem hoje a preferência de 26% dos eleitores e disputaria o segundo turno contra Dilma Rousseff.

Segundo Eduardo Giannetti da Fonseca, um dos economistas mais próximos de Marina, os empresários temem que critérios ambientais mais rigorosos freiem investimentos. A falta de economistas conhecidos pelo mercado e com experiência de governo é outra preocupação.

"São duas dúvidas que procedem", diz Giannetti.

O grupo de economistas próximos de Marina tem em comum o fato de flertar com outras áreas como sociologia, filosofia e ciências políticas.

Alguns, como Giannetti e Paulo Sandroni, a acompanham desde a campanha para a eleição de 2010.

Defendem políticas econômicas ortodoxas, como rigor fiscal e combate à inflação, mas comungam da tese de que não se pode perseguir crescimento econômico a qualquer custo, com prejuízos ao meio ambiente e ao bem estar da população.

Segundo Giannetti, o projeto de Marina prevê exigências mais rigorosas de preservação ao meio ambiente. Mas vai propor regras claras e processos mais rápidos para a aprovação de investimentos.

Recentemente, outros economistas que compartilham da ideia de crescimento ambientalmente sustentável se aproximaram de Marina.

É o caso de André Lara Resende, que fez carreira no mercado financeiro e foi um dos formuladores do Plano Real, em 1994. Economista historicamente identificado com os tucanos, tornou-se interlocutor de Marina.

A ex-senadora também se aproximou do sociólogo e professor de economia da USP Ricardo Abramovay desde o ano passado. Ele conta que tem conversado com Marina sobre a necessidade de uma política forte de incentivo à inovação, mas sem subsídios pesados do governo:

"Para investir em inovação, o setor privado tem de estar disposto a assumir riscos e não só perguntar com quanto o BNDES vai entrar."

A economista Eliana Cardoso, que trabalhou antes no Banco Mundial e participou do primeiro governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, também tem dialogado com Marina.

Ela conta que a aproximação ocorreu em março, após ela ter escrito um artigo no jornal "O Estado de S. Paulo" defendendo Marina do que considerou uma campanha contra a pré-candidata por ela ser evangélica.

Eliana acredita que Marina adotará maior rigor na gestão dos gastos públicos do que o governo Dilma. Mas ressalta que, apesar dos diálogos frequentes, não faz parte dos assessores da ex-senadora.

A equipe de Marina tem tentado aproximá-la de economistas conhecidos pelo mercado e por empresários.

A Folha apurou que o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga também foi procurado, mas o contato não originou um encontro dele com Marina. Fraga e outros economistas próximos do PSDB têm assessorado o pré-candidato da sigla, Aécio Neves. Procurado, Fraga não quis comentar o assunto.

O grupo próximo a Marina acredita que, em um possível segundo turno, a ex-senadora tende a ganhar apoio de economistas críticos à política de maior intervenção estatal adotada por Dilma.

Os economistas ressaltam que as conversas acontecem sem ter um eventual programa de governo como foco. Sandroni, que coordenou o programa da então candidata em 2010, diz que ainda é cedo para pensar na formatação do documento.

Segundo o ambientalista João Paulo Capobianco, aliado da ex-senadora, as conversas com os acadêmicos estão "aprofundando" uma plataforma lançada em 2010, que pode servir de subsídio para o programa de Marina, caso a candidatura se concretize.

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