Olho vivo classe C e D: o Santander está de olho no seu dinheiro Maria Frô
Presidente do banco no Brasil afirma que aumento da classe média é impressionante
Por: Aline Cury Zampieri, enviada à Espanha no Economia IG
04/07/2011
Em alguns anos, o Brasil terá menos pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza do que os Estados Unidos. A avaliação é de Marcial Portela, presidente do Santander no País. Durante entrevista coletiva na cidade de Santander, na Espanha, ele reforçou o interesse do banco na diversificação geográfica de seus negócios e a intenção de participar da bancarização da América Latina (AL) e do Brasil.
“O Brasil deve ter um ingresso de 25 milhões de pessoas no sistema bancário em quatro anos”, afirmou. “Queremos conquistar entre 15% e 20% dessa fatia.” O Santander possui atualmente 40 milhões de clientes na América Latina, sendo metade deles no Brasil. “O fenômeno da classe média brasileira é impressionante. Nosso grande desafio é conquistar as camadas mais baixas, da classe D, nas quais ainda não temos muita experiência.”
Portela lembra que o banco já entrou no microcrédito brasileiro, com R$ 1 bilhão em empréstimos. Tem um projeto semelhante no Chile e pretende levar a experiência também para o México. “Estamos em processo de vinculação e ampliação do número de clientes, em geral. Crescemos a uma taxa média de 10% ao ano na América Latina.”
No Brasil, diz Portela, a ideia é crescer organicamente. Ele acredita que o cenário de aquisição de bancos menores é difícil. “Os bancos menores vão se unir, ou desaparecer. O modelo de negócios é ruim, com muitos problemas de recursos, qualidade de crédito e capital.” O Santander, afirma, quer ter mais 600 agências nos próximos quatro anos. “Ao todo, temos 3.700 agências e PABs. A meta é crescer numa média de 100, 120 agências por ano.”
Crédito
Portela acredita que o governo brasileiro tem tomado as medidas necessárias para conter o crédito e a inflação no país. Mas isso não significa que esteja vendo a formação de uma bolha na concessão de empréstimos. “O governo está atuando corretamente e não vai deixar a inflação passar do teto”, afirmou.
“A taxa de crescimento do crédito no Brasil é sustentável. Até um ligeiro crescimento na inadimplência será compatível com uma população que cresce muito e com elevação de salários reais. Além disso, tecnicamente não há praticamente desemprego.” No Santander, que crescia abaixo da média do crédito no Brasil, a perspectiva de Portela é de manutenção do ritmo anterior. “Continuaremos nos expandindo a uma taxa entre 17% e 18% este ano.”
Já no crédito imobiliário, o crescimento geral no Brasil é muito mais forte. De acordo com ele, se continuar nesse ritmo, o setor sentirá falta de financiamentos em cerca de dois anos.
Grande na AL
Segundo Francisco Luzón, diretor-geral responsável pela América Latina no Santander, o Brasil continuará a representar 25% do lucro total do grupo Santander pelos próximos quatro anos. A posição é a maior entre todos os países onde o banco atua. “A crise europeia reforçou a importância de nossa diversificação, e o Brasil é uma peça estratégica do banco.”
Ele lembra que as fatias dos países na composição do lucro são móveis, já que aquisições em outros locais podem mudar essa composição. Mas o executivo afirma que a América Latina, incluindo o México, representará metade dos resultados do banco nos próximos anos.
A repórter viajou a convite do Santander
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