BLOG DO VICENTE CIDADE

Este blog tem como objetivo falar sobre assuntos do cotidiano, como política, economia, comportamento, curiosidades, coisas do nosso dia-a-dia, sem grandes preocupações com a informação em si, mas na verdade apenas de expressar uma opinião sobre fatos que possam despertar meu interesse.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Por que é tão difícil fechar a aliança com o PMDB

Depois de algumas semanas de calmaria no cenário político eleitoral do estado, vem à tona mais uma polêmica na conturbada relação entre o PT e PMDB. Traduzida na imprensa como uma queda de braço pela aprovação do empréstimo de R$ 366 milhões, pretendido pelo governo do estado junto ao BNDES, que é na verdade a forma encontrada pelo governo federal para minimizar os efeitos da crise financeira de abalou a arrecadação pública no ano passado.
É verdade que o estado já poderia ter apresentado aos deputados a bendita lista com os investimentos a serem contemplados com o referido empréstimo e, com isso, apaziguar os ânimos da base aliada e ao mesmo tempo abafar as vozes contrárias da oposição, que se unificam com os dissidentes nesse pretenso argumento. Dizer que nos governos tucanos tudo era perfeitamente esclarecido e que a relação com o parlamento era a mais esclarecedora possível é a mais escabrosa mentira. Conto da Carochinha.
Mas, a verdade é que a questão desse empréstimo é muito superior a esse mero discurso tecnocrata, refletindo de fato, não só o medo de dar ao governo uma “ferramenta política” desse porte num ano eleitoral, como também turbinar o governo de obras e ações que certamente lhe dará condições de estabelecer um novo desenho na definição das alianças eleitorais para 2010.
Enquanto isso a população aguarda ansiosa pelas obras e políticas públicas decorrentes desse investimento.
Por de trás desse embrolho está a dificuldade de se juntar forças antagônicas no cenário político regional para disputar, juntos, um processo eleitoral. Esse antagonismo é notadamente visível na prospecção de cenários políticos futuros onde as disputas de 2012 e 2014 já são sentidas de forma visceral.
Essa dificuldade pode ser entendida pelo fato de que o pragmatismo eleitoral não é suficiente para separar as divergentes trajetórias desses dois partidos, onde o primeiro, o PT, foi fruto fundamentalmente da defesa das classes sociais mais oprimidas, enquanto o segundo, o PMDB, foi fruto da mobilização social por um tema específico, a redemocratização do Estado. Por conta disso, ambos alcançaram grande similaridade na sociedade.
No meu entendimento, em que pese as divergências de práxis dos seus diversos grupos internos, o que ainda é capaz de unificar PT em torno de uma causa, ou disputa, é a ideologia, pretensamente assumida como socialista. Enquanto que no PMDB de hoje, o fisiologismo é a ação unificadora. Neste contexto, a união pelo poder, em si não explica esse arranjo eleitoral, posto que, pelo menos aparentemente, as razões pela quais esses partidos disputam o poder são evidentemente distintas.
Contudo, na democracia burguesa, os fins justificam os meios, todos os problemas podem ser superados em nome do resultado. Assim, até acredito sinceramente que essa aliança será viabilizada, pois, se somos diferentes do PMDB o PSDB é igual e, sabemos que a disputa entre iguais é muito mais complexa do que entre diferentes, ou seja, PT e PMDB em termos partidários disputam correligionários diferentes. Pelo menos em tese!

Nenhum comentário:

Postar um comentário