Na noite deste sábado (2), a única sala de Belém que exibe exclusivamente filmes pornográficos, o Cine Ópera, vai sediar o lançamento de um documentário sobre sua própria história. Foram cinco meses de intensa pesquisa e produção para que o artista Victor de La Rocque conseguisse chegar em um produto final. “Ópera: o Bonzão Bonitão” conta a trajetória do espaço por meio de depoimentos de quem frequenta e já frequentou o mais emblemático cinema de Belém. A sessão é hoje (2), às 19h. Entrada franca.
Resultado da bolsa de experimentação artística do Instituto de Artes do Pará, o filme sobre o Cine Ópera traz para a tela entrevistas, depoimentos e um pouco da história da sala - que foi inaugurada em 1961. As pesquisas foram feitas entre agosto e início de dezembro, passando por estágios de estudos em noticiários a conversas com frequentadores. “O trabalho foi dividido em partes. Um primeiro momento foi a busca de recortes de jornais e tudo que havia de escrito sobre o cinema, pesquisado em bibliotecas públicas. Depois, comecei a fazer visitas semanais ao Ópera, em que pude criar vínculos com algumas pessoas que ali frequentam, para aí então começar as filmagens”, explica o artista.
Muito do que Victor havia pensando inicialmente foi alterado devido às novas percepções sobre o espaço e sua dinâmica. “Quando comecei a frequentar a sala de cinema, pensava que ali encontraria uma relação completamente baseada no sexo. Imaginava que se tratava de um espaço comum apenas para a busca por uma aventura, um fetiche, um flerte. Com o tempo, conheci muitos frequentadores e percebi que as relações afetivas vão além. Eles começam a ter carinho pelo espaço e uns pelos outros”. Nesse período de análise, Victor também constatou que a maioria da clientela do cinema é formada por homens homossexuais.
Apesar de ser um documentário, Victor se desprende do teor meramente realista para imprimir ao filme uma poética própria, relacionada com o representativa do espaço tanto para o cinema como para questões sociais e morais.
O documentário “Ópera - a resistência do cinema explícito” tem direção, concepção e roteiro assinados pelo Victor, mas também conta com uma equipe de apoio: Oriana Bitar na consultoria, pesquisa musical e roteiro; Luciana Magno na direção de fotografia e assistência de edição; e Diego Cordero como técnico de vídeo, assistente de direção de fotografia, montagem; e Jack Nilson no som.
(Diário do Pará)
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