BLOG DO VICENTE CIDADE

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terça-feira, 3 de dezembro de 2013

PIB NEGATIVO DIVIDE OLHARES SOBRE ECONOMIA DO PAÍS




PIB do 3º trimestre esquenta debate sobre como interpretar a economia brasileira; com olhos pregados no retrovisor, que no plano imediato mostra uma retração de 0,5% no crescimento, ou enxergando adiante?; "A economia do país não é um 'desastre anunciado' como querem alguns", diz o professor Delfim Netto; "Fantasmas não amedrontam o setor produtivo", assinala o empresário Benjamin Steinbruch; pregador do desemprego para combater a inflação, até economista Ilan Goldfjan parece se afastar dos pessimistas: "Certamente, esperamos que o Brasil ganhe a Copa", diz ele; ufa!

3 DE DEZEMBRO DE 2013 ÀS 16:46

247 – A divulgação pelo IBGE do recuo de 0,5% no PIB do terceiro trimestre reacendeu a discussão sobre como enxergar a economia brasileira. Dar relevância aos números ruins e rebaixar os positivos, agarrar-se aos percentuais favoráveis e diminuir a importância dos negativos ou procurar equilibrar as contas e, em lugar de prender-se ao que se passa no retrovisor, olhar para a frente?

Instalado num setor de base da economia, o presidente da CSN, Benjamin Streinbruch, largou hoje na frente dos pessimistas e cravou, em artigo no jornal Folha de S. Paulo, que "fantasmas não amedrontam o setor produtivo", para completar: "nem tempestades, sejam elas perfeitas ou imperfeitas". Ele fez referências diretas às previsões de uma combinação nefasta de fatores econômicos a ser desencadeada em 2014, que encobriria a economia do País sob nuvens pesadas despejando raios e granizos por toda a parte. Eles vão desde uma brusca freada nos estímulos da economia dos Estados Unidos pelo Fed ao mergulho da Europa em definitiva e permanente recessão, além de um tombo no processo de crescimento da China. Com o caixa detonado pelo estouro dos juros e falta de superávit, o Brasil seria tragado pelas águas do dilúvio.

CENÁRIO EQUILIBRADO - Quem não acredita na catástrofe, porém, anota que a futura presidente do Fed, Janet Yellen, já deixou claro que não fará gestos bruscos no enxugamento de estímulos ao crescimento americano. E registra que a zona do euro atravessa dificuldades contínuas há quase cinco anos, com vários de seus motores nacionais mergulhando na recessão. Não será muito diferente no próximo ano, argumentam os que não tem medo da chuva.

Sobre a China, lembram que, mesmo se crescer pouco, ainda assim a economia do país estará por mais tempo à frente da média mundial. No território interno, não conseguem imaginar como o governo, que até agora vem trazendo o barco contra a maré da retração mundial – a taxa acumulada de crescimento do PIB neste ano é de 2,4% --, iria naufragar na cachoeira da crise logo num ano eleitoral. É mesmo concebível uma barbeiragem deste tamanho?

Não, apesar do adensamento das nuvens de pessimismo, há mais vozes qualificadas que estão olhando para frente e enxergando um cenário bem menos sombrio do que se alardeia. "A economia do país não é um 'desastre anunciado' como querem alguns", destacou o ex-ministro Delfim Netto, talvez o economista mais respeitado do país na atualidade. Ele vem apertando a tecla da normalidade da situação econômica, sem deixar de apontar altos e baixos, problemas e saídas encontradas, pelo menos nos últimos dez anos. Delfim tem mantido a linha de análise de que o Brasil, em meio ao cenário francamente hostil no campo internacional, tem traçado corretamente as grandes linhas de sua política econômica, jogando na preservação do mercado de trabalho e no estímulo ao consumo.

Os resultados dessa política permanecem presentes, e não foram abaladas pela retração do PIB no terceiro trimestre. Em outubro, como registrou Steinbruch, foram criadas 95 mil vagas de emprego, somando 1,4 milhão de postos formais abertos ao longo deste ano.

O ministro da Fazenda, que tem bem mais acertado do que errado em suas previsões, acredita num PIB de 2,5% em 2013, apostando numa taxa maior em 2014.

O economista Ilan Goldfjan elenca, em artigo também publicado nesta terça 3, o jornal O Estado de S. Paulo, "oito importantes temas que deverão afetar o Brasil no ano que vem". Entre eles até mesmo o resultado da eleições presidenciais e da Copa do Mundo. Ex-dirigente do Banco Central no governo Fernando Henrique, Goldfajn foi, no mínimo, infeliz em suas análises ao longo de 2013. Ele tornou-se o primeiro defender uma boa dose de desemprego na economia para o combate efetivo da inflação. Ainda bem que não foi atendido. A taxa está mantida nos níveis pactuados pelo Banco Central, dentro da meta, e não foi preciso criar milhões de desocupados para se chegar a esse termo.

Agora que está preocupado com a agenda de 2014, enumerando os fatores que podem provocar a catástrofe, Goldfjan, economista-chefe do banco Itaú, faz questão de dizer que espera que o Brasil "ganhe a Copa!". Está certo que o Itaú á patrocinador da Seleção Brasileira, mas para quem estava tão pessimista a ponto de prever desemprego como remédio para uma alta de preços inferior a 6,5% durante o ano, esse arroubo de otimismo já parece ser um arroubo sincero.

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