Alberto Puty
Esta é uma contribuição para o debate que está sendo travado, diante da aproximação do PED no dia 11/11/2013. Aqui tem o meu entendimento e a minha posição.
1. Em 2006 o PMDB estava completamente desidratado, depois de 12 anos de governo do PSDB. Somente ficou com 14 prefeituras, pois as outras foram cooptadas pelo PSDB e outros partidos da base aliada de Jatene. Ao final do governo do PT o PMDB tinha recuperado sua força elegendo, em 2008, 40 prefeituras, inclusive Ananindeua, onde não fosse o governo e o PT, o Helder não teria sido reeleito;
2. Empresarialmente o grupo Barbalho estava em situação muito delicada em 2006. O Diário do Pará tinha tiragem mínima e ao final de cada manhã era vendido por 50% do valor, ao preço de R$-0,50, e o que sobrava era distribuído gratuitamente, pois estava distante dos vultosos recursos da propaganda governamental do PSDB. Em 2010, de quase falido, passou a ser o jornal da Amazônia de maior tiragem, se reestruturando graças ao acesso à propaganda governamental durante o governo do PT;
3. O PMDB teve o apoio do PT para ficar 4 anos na Presidência da ALEPA, onde o Deputado Juvenil produziu um dos maiores escândalos de corrupção do estado;
4. O PMDB se posicionou em Órgãos com muitos recursos como a Secretaria de Saúde, DETRAN, COHAB e COSANPA, por onde passaram os recursos do PAC no Pará, além dos mais de 800 DAS, denunciados pela Deputada Bernadete;
5. Fortalecido e como cada vez queria mais poder e não se conformando por ter sido colocado um freio na SESPA, começou o PMDB, um ano antes, a atacar sistematicamente o Governo, sangrando-o, diariamente, através do Diário do Pará e impedindo votações importantes para a Gestão Estadual, sem, contudo, ser apeado dos órgãos governamentais. Dois Jornais (Diário e Liberal) atacando diariamente o governo do PT criaram artificialmente um clima desfavorável, inclusive com muito fogo amigo de serviçais do PMDB;
6. E o que fez o PT em 2010, diante dessa situação? Errou na política mantendo o PMDB no governo até o final desse ano;
7. Na eleição para o Senado, em 2010, o PT indicou apenas um concorrente (Paulo Rocha) e pediu aos militantes o segundo voto para o Barbalho. Erro crasso, pois os votos da segunda vaga migraram para o Barbalho, para Marinor e, até mesmo para Flexa, deixando Paulo Rocha em terceiro lugar. Se tivesse candidato para a segunda vaga esses votos teriam sido descarregados no segundo candidato do PT e não aumentariam o número de votos dos concorrentes. Além de que o PMDB lançou o segundo candidato, não dando ao PT igual reciprocidade;
8. Para o Governo, o PMDB lançou no primeiro turno o Juvenil para desgastar Ana Júlia e no segundo se aliou ao Jatene. Deve ser lembrado que, mesmo sendo da base aliada do Governo federal, não compareceu no palanque para Dilma no segundo turno, em Ananindeua;
9. O PMDB participou do Governo Jatene durante quase três longos anos, não obtendo deste o mesmo espaço que o governo do PT havia lhe dado. Como JATENE conhecia muito bem o jogo do Barbalho, cozinhou o PMDB em banho-maria, negando-lhe a Presidência da ALEPA e, ainda, disputando todas as prefeituras em 2012, reduzindo a participação do PMDB a menos da metade do que tinha;
10. Em 2012, foram realizadas as prévias para a escolha do candidato do PT à Prefeitura, contrariando a vontade dos dirigentes, que queriam apoiar o Priante do PMDB, no primeiro turno. Contudo, mesmo dando apoio para a vitória de Alfredo Costa nas prévias, abandonaram essa candidatura, que se transformou em um dos maiores fiascos eleitorais do PT em Belém, inclusive com militantes do partido trabalhando efetivamente para a eleição do candidato do PSOL ou migrando para apoiar candidaturas no interior do estado;
11. Novamente a discussão está posta e não adianta tergiversar: Lançar nas eleições de 2014, no primeiro turno, candidato próprio ou apoiar desde já o Barbalho, do PMDB para o governo. Essa discussão é importante e passa pelo PED, pois a chapa que vencer vai dar a direção. Na defesa da candidatura própria estão Cláudio Puty e Bira Rodrigues e, apoiando o Barbalho estão Marquinho Oliveira, Zé Geraldo e Zimmer, todos do CNB;
12. Com candidatura própria o PT poderá mostrar seu programa de governo para o desenvolvimento do Estado, discutir o legado deixado pelo governo do PT, da política desenvolvimentista empreendida, principalmente os projetos estruturantes do estado do Pará e tornar clara as disparidades, que são grandes, pois o governo Jatene tem sido amorfo, sem nada para apresentar de realizações significativas;
13. Se, por outro lado, o PT vier a apoiar a candidatura Barbalho no primeiro turno perderá a oportunidade de mostrar seu projeto de governo e nada terá a acrescentar nessa aliança, além do que, tendo o PMDB participado dos últimos anos do governo do PSDB no Pará, como fazer qualquer crítica? O PT irá mostrar o que? Que o Barbalho é renovação e que irá mudar o Pará? Que o PMDB estava no governo tucano, mas não concordava com a falta de políticas desenvolvimentistas? Que o grupo Barbalho mudou em suas práticas? Enfim, qual seria o papel do PT? Mero expectador do processo político, sem protagonismo, apenas cedendo seus minutos de TV na campanha de Helder? Sim, porque tudo indica que o PT do Pará será tirado da campanha e apenas Dilma e Lula serão mostrados;
14. Diante do sofisma de que a aliança no primeiro turno visa fortalecer a eleição de Dilma, formando um palanque unificado, tudo indica já ter sido firmada a negociação para apoio no primeiro turno a candidatura de Helder Barbalho para o Governo, consolidando uma insistência histórica dessa aliança com o PMDB, que vem se construindo desde 2008. Esse grupo dirigente do PT, que defende essa posição, mais parece estar a serviço do PMDB do que dos interesses do seu próprio partido;
15. Se o PT do Pará não enfrentar as situações com determinação, altivez e coragem, não fará jus a sua história se apequenando. Ao assumir o seu protagonismo político/eleitoral estará cumprindo o seu papel de lançar uma candidatura a esquerda, programática, trazendo o posicionamento do PMDB para o centro, como ocorre a nível nacional. Contudo, ao apoiar a candidatura Barbalho, no primeiro turno, evidenciará sua caminhada em direção ao espectro da direita, ficando comprometido com um governo menos propenso às mudança sociais requeridas pelo povo. Por fim, há que se sair da inércia, do burocratismo e da acomodação, emulando sua militância para as lutas vindouras, com posições racionais e avançadas, sem demagogia ou populismo. Nesse processo se respaldará e terá maiores condições de negociação programáticas no segundo turno. Candidatura própria já!
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